1 em 4 jovens pode ter obesidade ou transtornos mentais até 2030
Especialistas destacam necessidade de ações urgentes para frear avanço dos problemas entre adolescentes
Um em cada quatro jovens de 10 a 24 anos poderá sofrer com obesidade ou transtornos mentais no mundo até 2030, se não forem adotadas medidas preventivas. O alerta vem de um estudo da segunda comissão da revista científica Lancet, reunindo pesquisadores de diversos países.
As projeções indicam que, em 2030, o mundo terá 464 milhões de adolescentes com sobrepeso ou obesidade, um aumento de 143 milhões em relação a 2015. A piora é mais acentuada em países da África e da Ásia, onde os casos aumentaram até oito vezes na última década.
Além disso, quase um terço desses jovens deve apresentar anemia, condição que prejudica o desenvolvimento físico e cognitivo. Já os transtornos mentais afetarão 42 milhões de adolescentes, dois milhões a mais do que em 2015, com destaque para depressão e ansiedade.
Por outro lado, os pesquisadores apontam avanços: houve redução global do tabagismo e do consumo de álcool, além de maior participação escolar, especialmente entre as mulheres.
O estudo analisou dados de diversas pesquisas e projetou tendências para os próximos anos, considerando adolescentes de 10 a 24 anos. O cenário é mais grave em países de baixa renda, onde metade dos adolescentes enfrenta ameaças diárias como HIV, gravidez precoce, má nutrição e violência, mas recebe apenas 2,4% dos recursos globais destinados à saúde.
No Brasil, a tendência se repete. A professora Ana Maria Lopes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destaca o impacto da desigualdade socioeconômica na saúde dos adolescentes. Estudos mostram que jovens negros e de baixa renda enfrentam piores atendimentos e menos acesso a exames e consultas.
O relatório também chama atenção para os desafios emergentes das mudanças climáticas e da transição digital. A insegurança alimentar, causada por desastres ambientais, eleva os casos de anemia e transtornos mentais. O impacto das redes sociais, embora amplamente discutido, ainda é considerado inconclusivo pelos pesquisadores.
Para reverter esse quadro, a comissão recomenda que governos garantam acesso universal à saúde e invistam em prevenção e promoção do bem-estar, principalmente nas escolas. Exemplo disso é a proibição da venda de alimentos não saudáveis nas cantinas, que reduz em até 11% o risco de obesidade, segundo estudo nacional com 19 mil jovens.
Por fim, os especialistas reforçam que é preciso tornar o atendimento nos sistemas de saúde mais acolhedor e adequado à autonomia dos adolescentes, promovendo um ambiente onde eles se sintam ouvidos e cuidados.
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