Uso excessivo de telas acelera casos de miopia infantil

Portal SBN
Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Uso excessivo de telas acelera casos de miopia infantil

Saúde - Oftalmopediatria

A miopia deixou de ser vista apenas como um erro de refração. A Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NAS) acaba de reconhecer o problema como doença, diante do crescimento alarmante dos casos em crianças no mundo todo.

Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, o novo posicionamento reforça a urgência de se olhar para a miopia infantil com mais seriedade. “Seis em cada dez pais que chegam ao consultório desconhecem os tratamentos que ajudam a frear o avanço da miopia”, afirma.

O risco, segundo uma pesquisa publicada na JAMA Open Space, aumenta 23% após uma hora de exposição às telas. O estudo, feito com mais de 300 mil crianças, mostra que o tempo em frente a celulares, tablets e computadores influencia diretamente na saúde visual. Quanto maior a exposição, maior a chance de a miopia deixar de ser transitória e se tornar permanente.

Queiroz Neto relata que muitas crianças desenvolvem a miopia ainda nos primeiros anos escolares, especialmente quando passam longos períodos focadas em telas. “O problema pode começar com um espasmo ocular, mas se torna permanente quando o olho não descansa”, explica. Um estudo conduzido por ele com 360 crianças entre 6 e 9 anos mostrou que o uso intenso do computador dobrou os casos de miopia no grupo avaliado.

A miopia é a dificuldade de enxergar à distância. Ela ocorre quando o globo ocular é mais alongado que o normal ou quando a córnea tem um formato mais côncavo, fazendo com que as imagens se formem antes da retina, e não sobre ela. Nos casos mais graves, chamados de alta miopia, há risco aumentado de glaucoma, catarata precoce e até descolamento de retina, uma emergência médica.

Entre os sintomas mais comuns estão: visão embaçada à distância, dificuldade para ler a lousa, dor de cabeça após leitura e rendimento escolar abaixo do esperado. No caso da alta miopia, os sinais de alerta incluem flashes de luz, moscas volantes e perda súbita da visão.

O tratamento varia conforme o grau e o perfil da criança. Óculos com lentes fotossensíveis, lentes de contato com filtro UV e colírios à base de atropina são algumas opções utilizadas para frear a progressão da doença. A recomendação do especialista é clara: toda criança deve fazer um exame oftalmológico por ano, mesmo que não apresente queixas visuais. “Já atendi criança com 4 graus de miopia que nunca havia usado óculos”, reforça.

Para Queiroz Neto, o diagnóstico precoce é o melhor caminho para evitar que a miopia avance silenciosamente. Em um mundo cada vez mais digital, o cuidado com os olhos das crianças não pode ser adiado.

Portal SBN | Com informações | Notícias ao Minuto Brasil

Últimas da Bahia

Veja Mais +