Entre desafios e propósitos: o elo vital da solidariedade humana

O dia encontrou reunidos representantes de várias Instituições. Apesar da gélida manhã, fizeram-se presentes os convidados para uma longa pauta, que incluía a exposição de dificuldades comuns e a apresentação de trabalhos para enriquecimento pessoal.
A acolhida foi calorosa, com convite para um café medroso, como costuma dizer um amigo meu. Ou seja, o café que não chega sozinho.
À mesa havia pastéis, bolos diversos, carolinas com creme branco e de chocolate. Escolher de que se servir era um desafio.
Os minutos avançaram, duas horas se passaram e o interesse pelos itens discutidos não cessava de estimular indagações.
Convite para aderir a uma nova tarefa voluntária arrebatou alguns. O frio foi sendo esquecido e ninguém cogitou de fazer intervalo.
Um bebê de meses foi conquistando o colo de um e de outro. Todos desejavam ter aquele garotinho nos braços. Silencioso, ele retribuía o carinho que recebia pendurando-se no pescoço de quem o abraçava.
Por fim, adormeceu nos braços de uma das participantes, aconchegado como num colo de mãe.
Outra menina, de seus três anos, também circulou entre os presentes e, vez ou outra, emitia seus palpites à discussão vigente.
Verdade que ninguém conseguia entender o que desejava dizer. Mas todos sorriam, como num agradecimento de compreensão.
Observando as cenas, fomos nos dando conta de quanto faz bem o contato físico, o encontro pessoal, o olhar uns nos olhos dos outros.
Ouvir o depoimento desse, daquele, num autêntico gesto de o seu problema é o nosso problema.
Foi quando surgiu o assunto mais delicado. A Instituição em que nos encontrávamos tinha prazo certo para ser esvaziada.
O proprietário do prédio o vendera e permitira que o grupo permanecesse somente mais um ano.
O relógio começara a disparar. Que fazer? Como interromper um trabalho de assistência e promoção social, o estudo religioso a crianças, jovens e adultos?
Para onde ir?
Parecia que o assunto seria encerrado quando se anunciou o último item da pauta.
Mas um dos participantes pediu licença e indagou: O que nós podemos fazer para ajudar a resolver essa questão?
Precisamos de fundos para buscar um novo local, ou adquirir um terreno, construir uma sede própria. Vamos colaborar. De nossa parte, nos propomos a apresentar um espetáculo musical, mediante cobrança de ingresso.
Todas as despesas correm por conta da nossa Instituição. A venda dos ingressos, sob responsabilidade de cada uma das demais.
O resultado integral vai para a caixinha de recursos.
O entusiasmo foi geral. Cada qual foi dando sua sugestão, dizendo o que fazer, como fazer.
A despedida foi mais calorosa do que a chegada.
Porque irmãos de verdade são assim: importam-se com o problema do outro e optam por auxiliar a resolver.
Muito além das palavras, do se dispor a planejar, colocam as mãos na massa.
É dessa maneira que todos crescemos, que os problemas são solucionados, que muitos braços se propõem a erguerem o edifício do amor fraterno.
Redação do Momento Espírita
Em 3.6.2025