A força de um último gesto

Portal SBN
Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

A força de um último gesto

Motivacional - Despedida

A vida não costuma dar certos avisos. Ela apenas segue. Às vezes, de modo suave, outras vezes abrupta, mudando o rumo dos nossos dias.

Em nossa correria cotidiana, agimos como se houvesse tempo para tudo. E muitas coisas importantes elegemos para dizer em datas específicas.

Por exemplo, falar o que sentimos, demonstrar carinho, oferecer um abraço.

Já pensamos que poderá não haver depois? E se o abraço dado hoje for o último?

Essa é uma pergunta que nos confronta com o que há de mais precioso e frágil: o tempo presente. Quando percebemos, foi-se. E o instante que ignoramos se transforma em saudade.

Foi o que viveu Rafael, ao se despedir da mãe, no aeroporto de uma pequena cidade no interior do Estado do Paraná.

Ela seguia para atender sua própria mãe, uma senhora com noventa e dois anos, como fazia regularmente.

Antes de embarcar, ela e o filho trocaram um abraço longo, que expressava todo o amor que os unia. Um gesto simples, realizado inúmeras outras vezes.

Contudo, esse haveria de permanecer na memória, de maneira indelével.

Horas depois, o avião caiu. Não houve sobreviventes. O que ficou para sempre foi o amor e aquele abraço, o último.

A imagem desse abraço, registrada por uma câmera de segurança, tornou-se símbolo de tudo o que não pode ser deixado para depois.

Ao compartilhar o momento com outras pessoas, Rafael disse: Não sabemos quando será o nosso último abraço.

Ele e a mãe moravam em casas de frente uma para a outra, conviviam diariamente, dividiam silêncios e afeto.

Agora, restou a saudade, as lembranças e o sentimento que os unia, pois esse sobrevive a tudo.

A mãe tinha mãos inchadas pela artrite, mas não deixava de ajudar os outros, de visitar doentes, de oferecer um sorriso.

Vivia com simplicidade. Dizia que o essencial era suficiente. Era tranquila, firme, serena.

Mais de uma vez afirmara que se considerava pronta para partir quando Deus a chamasse, que acreditava ter cumprido sua missão.

Ela partiu com a dignidade de quem viveu com amor e fé.

*   *   *

Amai-vos uns aos outros: eis toda a lei. Essa máxima, quando compreendida de forma integral, nos convida a amar agora. A não adiar gestos, palavras, perdões ou afetos. A entender que o amor só vale quando praticado.

E que é nos pequenos gestos que, muitas vezes, dizemos mais que com as palavras.

Se há algo que a brevidade da vida nos ensina, é que o mais importante não pode ser deixado para depois. Um olhar demorado, um eu te amo são pequenos milagres do dia a dia.

Serão eles que permanecerão na memória do coração, do sentimento, quando a pessoa querida partir para as fronteiras do Além.

Serão eles que permitirão, com mais facilidade, o estabelecimento da ponte entre este mundo e o outro, a fim de que amenizemos a saudade com carinhos compartilhados nas asas do sono.

Por isso, abracemos hoje. Olhemos nos olhos. Falemos com o coração. Se tudo isso for o último carinho no espaço físico, que seja o mais verdadeiro, profundo e inesquecível.

Redação do Momento Espírita,
 com base em fatos.
Em 28.7.2025

 

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