Câncer avança e já é a principal causa de morte em centenas de municípios brasileiros

Enquanto doenças cardíacas ainda lideram as estatísticas de mortalidade no Brasil, o câncer vem se aproximando rapidamente. Segundo o Ministério da Saúde, até 30/09/2024, os tumores de todas as naturezas foram responsáveis por 157.747 mortes, ficando atrás apenas das complicações cardiovasculares.
Mas em muitas regiões do país, esse cenário já mudou. Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com apoio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), apontou que o câncer já é a principal causa de morte em 13% dos municípios brasileiros. A pesquisa, publicada no The Lancet Regional Health – Americas, analisou dados de 5.570 cidades entre 2000 e 2019. No período, enquanto as mortes por doenças do coração caíram em 25 dos 27 estados, os óbitos por câncer aumentaram em 15 deles.
A data de 08/04/2025 marca o Dia Mundial de Luta Contra o Câncer, reforçando a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. O médico André Prestes, coordenador de oncologia da Santa Casa de São José dos Campos, lembra que adotar um estilo de vida saudável pode reduzir o risco da doença em até 30%. Envelhecimento da população, sedentarismo e obesidade estão entre os fatores que ajudam a explicar a tendência de crescimento.
Os cânceres do sistema digestivo representam um terço das mortes, com destaque para os de cólon (9.942), estômago (8.964) e pâncreas (8.481). Embora existam exames de rastreamento, como a colonoscopia, muitos diagnósticos ainda ocorrem tardiamente. No caso do pâncreas, a evolução silenciosa e a localização do órgão tornam a detecção precoce ainda mais difícil.
Fora do sistema digestivo, o câncer de pulmão e de outros órgãos respiratórios lidera em letalidade, com 22.853 mortes. Já entre os tipos mais frequentes, há uma divisão por gênero: o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, enquanto o de próstata predomina entre os homens.
Histórico familiar, fumo, álcool, alimentação pobre em nutrientes, infecções virais (como HPV e hepatites B e C), sedentarismo e excesso de peso estão entre os fatores que aumentam o risco de desenvolver a doença. A boa notícia é que boa parte desses fatores é evitável. Alimentação rica em frutas, legumes e fibras, prática de exercícios, não fumar, controle do álcool, vacinação e visitas regulares ao médico formam o pacote básico da prevenção.
“O câncer, muitas vezes, evolui sem sinais aparentes. Quando o paciente percebe os sintomas, pode já ser tarde demais. Por isso, é essencial fazer uma avaliação médica ao menos uma vez por ano”, alerta Prestes.
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