Quando a insistência se torna perseguição: como identificar o stalking

Portal SBN
Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Quando a insistência se torna perseguição: como identificar o stalking

Estilo De Vida - Stalking

Quando as atitudes de uma pessoa vão além do simples afeto e se transformam em perseguição constante, o que parecia inofensivo se torna uma ameaça real. Insistir em mandar mensagens, aparecer de surpresa no trabalho, enviar presentes repetidamente, monitorar redes sociais ou até seguir pela rua são comportamentos que, quando persistem e causam medo ou desconforto, configuram o stalking. Para a psicóloga Izabella Melo, do Centro Universitário de Brasília (CEUB), essa prática impacta diretamente a saúde mental da vítima, resultando em problemas como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático.

O stalking pode ocorrer em diferentes ambientes, como no trabalho, entre vizinhos, na escola, e até dentro de casa. A presença constante do perseguidor, com comportamentos como vigilância, monitoramento da rotina da vítima e até contato com pessoas próximas a ela, torna-se algo perturbador e difícil de escapar. A psicóloga destaca que, muitas vezes, esses comportamentos são confundidos com afeto ou preocupação, especialmente devido a uma visão distorcida que a sociedade tem sobre o que é um relacionamento saudável.

Essa visão errônea está profundamente enraizada em questões culturais, principalmente no que diz respeito às expectativas sobre os papéis de gênero. A ideia de que a insistência pode ser vista como um gesto de amor, em vez de uma violação de limites, ainda prevalece. Com isso, atitudes abusivas, como a perseguição insistente, são romantizadas, o que agrava ainda mais o problema, como observa Izabella.

Existem várias formas de stalking: a hiperintimidade, quando a perseguição se disfarça de carinho, o cyberstalking, quando a perseguição acontece pelas redes sociais e meios digitais, e formas mais agressivas, como assédio, coerção e ameaças. O impacto emocional nas vítimas é profundo e pode resultar em sentimentos de desconfiança, raiva e medo, além de prejudicar o relacionamento da vítima com outros, levando a um isolamento social.

Além disso, o stalking interfere diretamente na rotina das vítimas, que frequentemente mudam seus trajetos, evitam certos lugares e, no caso do cyberstalking, tomam medidas extras para se proteger na internet. A presença digital das pessoas facilita o rastreamento, tornando ainda mais difícil escapar da perseguição.

Izabella Melo enfatiza a importância de educar a sociedade sobre o stalking, desconstruindo os mitos que o cercam e mostrando que, ao contrário do que muitos pensam, não se trata de um gesto romântico, mas sim de uma forma clara de violência. Para ela, o primeiro passo é acreditar nas vítimas, acolhê-las e combater a normalização desses comportamentos. O conhecimento sobre o stalking, afirma a psicóloga, é essencial para que a sociedade pare de tratá-lo como um simples "gesto de amor" e comece a vê-lo pelo que realmente é: um abuso de poder e uma violação de direitos.

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