Celular na infância: como o uso afeta a formação da criança ?
Alguns estudos apontam inúmeros problemas relacionados à exposição de telas, que afetam de maneiras não só cognitivas como estruturais.É durante a infância que as crianças conhecem o mundo — e elas o fazem por meio de perguntas, na famosa “fase dos porquês”. É nessa etapa que o cérebro prossegue com o desenvolvimento que ocorre ainda na sua formação, a chamada neuroplasticidade.
Esse processo ocorre de forma mais intensa na infância e é crucial para o desenvolvimento cerebral dos pequenos. Entretanto, nem todas as memórias e aprendizados consolidadas no encéfalo são positivas: o uso de celulares nesse contexto pode ser um grande vilão na formação das crianças.
O que é neuroplasticidade?
Ainda durante a gestação ocorre um processo chamado “neuralação”, responsável pela formação do sistema nervoso. Já a neuroplasticidade é uma das responsáveis por dar continuidade a esse processo de desenvolvimento.
O processo de neuroplasticidade é crucial para a aprendizagem e desenvolvimento cognitivo, motor e de personalidade. Durante esse processo, ocorre a consolidação de engramas de memória, que consiste no aprendizado por experiência — são memórias sólidas e duradouras no encéfalo.
Interferência do uso do celular na formação da criança
Um estudo realizado por mim e publicado pela Revista Multidisciplinar de Ciência Latina, intitulado “Como desenvolver uma personalidade curiosa na criança: formatando novos engramas de memória e consolidando as informações como projeto de personalidade”, se dedica a analisar esse fenômeno e conclui que o celular estimula comportamentos prejudiciais à criança por meio de doses de dopamina — neurotransmissor responsável pela sensação de satisfação e recompensa.
“Alguns estudos apontam inúmeros problemas relacionados à exposição de telas, que afetam de maneiras não só cognitivas como estruturais. [...] Ao entreter sempre os filhos dessa maneira, criamos e reforçamos no indivíduo uma nova conexão neural. Nesse contexto, a criança aprende por meio do reforço e da secreção de dopamina [...] que sempre que ela tiver um comportamento parecido, será recompensada com aparelhos eletrônicos, aumentando a frequência destes comportamentos”.
A neuroplasticidade exerce um importante papel no desenvolvimento da criança, consolidando engramas de memória e auxiliando na aquisição de conhecimento, portanto, esse processo deve ser estimulado e o uso de aparelhos eletrônicos para entretenimento dos pequenos deve ser evitado, sendo substituído pela presença dos pais e o acompanhamento na formação da criança.
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