Juros altos e fim do 'dinheiro extra' fazem economia dar sinais de desaceleração

Portal SBN
Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Juros altos e fim do 'dinheiro extra' fazem economia dar sinais de desaceleração

Fim do 'dinheiro extra' e juros fazem economia sinalizar desaceleração
Economia - Brasil

A desaceleração da economia brasileira, antes prevista para o início de 2023, virá logo no fim deste ano, e já há analistas prevendo PIB zero ou até negativo no último trimestre. Além disso, o comércio projeta que as vendas no Natal deste ano fiquem abaixo do registrado em 2021.

A alta da taxa básica de juros para combater a inflação — que começou em março de 2021, quando a Selic estava em 2%, chegando a 13,75% ao ano hoje — agora atinge em cheio a indústria e o varejo. São setores que enfrentam dificuldades para vender bens duráveis financiados, dado o elevado custo do crédito.

— O quarto trimestre deverá ser o ápice da desaceleração da economia — destaca Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC). — Teremos um Natal pior do que o do ano passado.

Ele afirma que a Copa do Mundo deve amenizar o quadro, devido à venda de televisores, mas as perspectivas não são boas:

— A política monetária tem neutralizado essa política de estímulo ao consumo. Apenas o setor de serviços, que é a locomotiva da economia e não depende do crédito, está indo bem.

‘Sacrificou a janta’

A avaliação é que, além do peso da política monetária sobre itens mais dependentes de crédito, como eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos, veículos e materiais de construção, há expectativa de demanda menor.

Isto porque o dinheiro injetado na economia por meio de medidas com viés eleitoreiro, como a liberação de R$ 30 bilhões do FGTS no primeiro semestre, a antecipação do 13º salário e o reforço de programas sociais como o Auxílio Brasil, já terão praticamente se esgotado.

— Os recursos não estarão mais disponíveis no fim do ano, ou seja, o governo sacrificou a janta para servir o almoço — afirma o economista do banco Original, Eduardo Vilarim, que prevê queda de 0,3% do PIB no quarto trimestre deste ano.

Ele lembra ainda que a alta do petróleo no contexto internacional, somada à volatilidade do câmbio, fez com que os combustíveis “parassem de ajudar” a inflação, com defasagens de 16% do diesel e 11% da gasolina. Quando a Petrobras reajustar os combustíveis, haverá ainda menos renda disponível para o consumo.

Felipe Moura, sócio e analista de investimentos da Finacap, lembra que o efeito do aperto da política monetária no mercado é defasado e só agora está sendo sentido, ao contrário de medidas pontuais tomadas pelo governo para reduzir a inflação, como o corte de tributos sobre os combustíveis.

Ele acredita que a desaceleração já começará a ser vista nos números do terceiro trimestre e com ainda mais força no quarto trimestre.

De acordo com o IBGE, em agosto o varejo registrou a terceira queda seguida nas vendas, de 0,1%, e bateu o menor patamar do ano. No trimestre, houve recuo de 0,8%. A produção industrial caiu 0,6% em agosto, também segundo o IBGE.

Felipe Moura, sócio e analista de investimentos da Finacap, lembra que o efeito do aperto da política monetária no mercado é defasado e só agora está sendo sentido, ao contrário de medidas pontuais tomadas pelo governo para reduzir a inflação, como o corte de tributos sobre os combustíveis.

Ele acredita que a desaceleração já começará a ser vista nos números do terceiro trimestre e com ainda mais força no quarto trimestre.

De acordo com o IBGE, em agosto o varejo registrou a terceira queda seguida nas vendas, de 0,1%, e bateu o menor patamar do ano. No trimestre, houve recuo de 0,8%. A produção industrial caiu 0,6% em agosto, também segundo o IBGE.

Confiança em queda

Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informa que, no mês passado, o índice de evolução na produção ficou em 49,0 pontos — abaixo do patamar de 50 pontos, que separa aumento de queda da produção industrial. É o pior resultado desde setembro desde 2019.

Segundo a CNI, o setor produtivo brasileiro está menos animado. Este mês, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) recuou em 23 de 29 setores pesquisados pela entidade, em relação a setembro. Entre os mais atingidos estão calçados, produtos de borracha, materiais elétricos e móveis.

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