Existe uma razão psicológica para o movimento de 'pernas inquietas'

O movimento constante e inconsciente das pernas é um fenômeno que muitas pessoas experimentam diariamente. Esse hábito, muitas vezes realizado sem que a pessoa perceba, tem raízes profundas no estado emocional, segundo especialistas em psicologia humana. A boa notícia é que, na maioria dos casos, não representa um risco significativo para a saúde, além de um possível cansaço muscular ou até algum choque acidental contra a mesa.
As razões psicológicas por trás desse comportamento são variadas e se concentram principalmente na necessidade inerente do corpo de processar estímulos ou liberar energia acumulada. Segundo o BetterHelp, um reconhecido serviço de terapia online, uma das causas mais comuns é o tédio. Nessas situações, o corpo busca ativamente uma forma de estimulação, indicando que a mente não está recebendo atividade ou desafio suficiente.
Outra explicação plausível é que se trata de um ato totalmente inconsciente que algumas pessoas realizam enquanto estão intensamente concentradas em uma tarefa específica, funcionando como uma forma de canalizar o foco mental.
No entanto, a razão psicológica mais destacada e complexa é a ansiedade. Quando uma pessoa enfrenta níveis elevados de estresse ou ansiedade, seu corpo se prepara instintivamente para o que se conhece como a resposta de “luta ou fuga”. Essa reação ancestral, criada para enfrentar ameaças percebidas no ambiente, ativa os músculos e gera um excesso de energia que precisa ser liberado. Essa preparação se manifesta em uma ativação muscular que busca descarregar essa energia nervosa de forma sutil e, muitas vezes, imperceptível para quem a executa.
— É o nosso corpo se preparando para enfrentar uma ameaça antecipada — destaca a psicóloga clínica Catherine Huckle sobre o movimento inconsciente das pernas.
No mundo moderno, onde as ameaças físicas diretas são menos comuns, mas o estresse e a ansiedade permanecem como desafios cotidianos, essa energia acumulada pode se manifestar em movimentos repetitivos como o balançar das pernas, especialmente em pessoas que passam longos períodos sentadas.
Se o movimento das pernas não estiver relacionado a uma condição médica subjacente, existem diferentes estratégias práticas para reduzir esse hábito. O BetterHelp sugere incorporar outros tipos de estimulação controlada, como rabiscar, mascar chiclete, usar um brinquedo antistress ou tomar notas ativamente durante reuniões e aulas. Essas atividades podem redirecionar de forma eficaz a necessidade de estímulo do corpo para canais menos disruptivos.
Além disso, lidar com as emoções subjacentes é crucial para uma gestão eficaz. Recomenda-se garantir um sono adequado e reparador, praticar técnicas de relaxamento como ioga ou meditação e até considerar a terapia profissional para administrar a ansiedade ou o estresse crônico. Sob uma perspectiva mais física, incluir exercícios regulares na rotina diária pode ser uma excelente forma de liberar esse excesso de energia acumulada de maneira construtiva e saudável.
É importante lembrar que, embora o movimento constante das pernas por razões psicológicas geralmente não seja prejudicial à saúde física, pode ser um indicativo de níveis elevados de estresse ou tédio que merecem atenção consciente para melhorar o bem-estar geral.
É fundamental diferenciar as causas psicológicas das médicas. Em alguns casos, os movimentos repetitivos das pernas podem ser sintoma de condições mais sérias, como a síndrome das pernas inquietas (SPI), danos nos nervos ou no cérebro, doença de Parkinson ou problemas de tireoide. Se o movimento for incontrolável, persistente ou vier acompanhado de outros sintomas preocupantes, é aconselhável procurar um médico para um diagnóstico adequado e um plano de tratamento.
Por La Nacion