Trump defende tarifas e critica países ‘como o Brasil’ em coletiva

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Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Trump defende tarifas e critica países ‘como o Brasil’ em coletiva

Mundo - Estados Unidos

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, defendeu ontem — na sua primeira entrevista coletiva desde a eleição — seus planos de impor tarifas sobre importações de vários países. Em seu clube de Mar-a-Lago, na Flórida, ele incluiu pela primeira vez publicamente o Brasil entre as nações que taxam excessivamente produtos americanos, às quais ameaçou responder impondo tarifas.

“Há países que nos taxam muito, como é o caso do Brasil”, disse Trump. “Eles nos taxam, nós vamos taxá-los”, afirmou. “As tarifas tornarão nosso país rico”, afirmou Trump, reforçando a intenção de usar barreiras comerciais sobre importações de boa parte dos países do mundo após sua posse como presidente.

Ele tem dito, genericamente, que pretende ampliar em 60% as tarifas sobre produtos chineses e aumentar a alíquota de importação, acirrando a guerra comercial com Pequim. Ele também ameaça impor tarifas de 10% a 25% a outros países do mundo para aumentar o lucro das empresas e o número de empregos nos EUA.

Mas a estratégia do republicano é controvertida. Estudos recentes, como o apresentado pelo Instituto de Economias em Desenvolvimento do Comércio Exterior do Japão, indicam que tarifas como essas podem causar à economia americana uma perda de 1,1,% de seu Produto Interno Bruto (PIB) até 2027 na medida em que os EUA ainda dependem de da importação de muitos produtos — de insumos para a mineração a alimentos.

Na mesma coletiva, que se estendeu por mais de uma hora, Trump também falou sobre relações exteriores e outros temas.

Acompanhando a entrevista ao lado de Trump, o escolhido para chefiar o Departamento de Comércio, Howard Lutnick — que deve desempenhar um papel de liderança na área comercial —, observou que o governo adotará políticas de comércio recíprocas. “Reciprocidade será um tema-chave para nós. Como você nos trata é como pode esperar ser tratado”, disse Lutnick, quando perguntado por um jornalista se há um acordo comercial possível com a China.

Trump aproveitou a coletiva para anunciar um investimento de US$ 100 bilhões da SoftBank, empresa de tecnologia japonesa, em projetos nos EUA nos próximos quatro anos, após uma reunião com o presidente-executivo da empresa, Masayoshi Son.

A empresa japonesa de internet e telecomunicações estima que seus investimentos nos EUA criarão 100 mil empregos focados em inteligência artificial e tecnologias emergentes, com planos de concluir o trabalho antes de Trump deixar o cargo em 2029.

Além disso, Trump usou a aparição para tratar e responder perguntas sobre diversos tópicos que envolvem os Estados Unidos em seu segundo mandato.

Sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, o presidente eleito disse estar trabalhando para encerrar o conflito, mas não forneceu detalhes. Ele pressionou para que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, esteja pronto para fazer um acordo com a Rússia para parar a guerra em seu país. Trump defende que nova ajuda a Kiev só deve ser liberada depois do início de negociações de paz.

“Zelensky deve estar preparado para fazer um acordo, é isso. Precisa ser um acordo, muita gente está morrendo”, disse Trump. “Falaremos com o presidente Putin e falaremos com Zelensky e os representantes da Ucrânia. Temos que parar isso, é uma carnificina”.

Trump também falou brevemente sobre seu encontro deste mês em Paris com Zelensky. Em resposta a uma pergunta de um repórter, disse que não convidou Zelensky para sua posse, apesar de ter enviado convites para outros líderes mundiais. “Se ele quiser vir, eu gostaria de recebê-lo. Mas não, eu não o convidei”, afirmou.

Já sobre a guerra na Faixa de Gaza, Trump afirmou que o Hamas, que até agora não fechou um acordo de cessar-fogo com Israel, deve liberar todos os reféns até sua posse em 20 de janeiro, ou “o inferno vai ser liberado”.

“Como vocês sabem, dei um aviso de que, se esses reféns não estiverem de volta para casa até essa data, o caos vai se instaurar”, disse Trump, acrescentando que, se nenhum acordo de cessar-fogo for alcançado até assumir o cargo, “não será agradável”.

Trump não forneceu detalhes, mas também disse que recentemente conversou com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sobre o conflito. Ele também atribuiu à Turquia a vitória dos rebeldes sírios em derrubar o regime do agora deposto presidente Bashar al-Assad.

A entrevista coletiva foi muito menos combativa do que algumas das discussões acaloradas que Trump manteve com jornalistas durante a sua campanha. Aparentemente relaxado, ele brincou com alguns dos repórteres que reconheceu e falou sobre como a transição foi tranquila em comparação com seu primeiro mandato. “Na primeira vez, todos brigaram comigo”, disse ele. “Desta vez todo mundo quer ser meu amigo.” (Com agências internacionais)

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