A Polônia amanheceu nesta segunda-feira (02/06/2025) com um novo presidente eleito: Karol Nawrocki, candidato nacionalista da oposição, derrotou por margem apertada o prefeito liberal de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, em uma disputa marcada pela polarização política. Segundo a comissão eleitoral, Nawrocki obteve 50,89% dos votos, contra 49,11% de Trzaskowski.

A vitória representa um duro revés para o governo centrista do primeiro-ministro Donald Tusk, que vinha tentando consolidar uma política mais alinhada com a União Europeia (UE). O resultado sinaliza um futuro de impasse institucional, já que Nawrocki, apoiado pelo partido nacionalista Lei e Justiça (PiS), deverá usar o veto presidencial para bloquear medidas defendidas pelo governo.

Além da tensão política, o desfecho eleitoral também abalou o mercado financeiro: o índice de ações da Polônia caiu mais de 2% na abertura das negociações desta segunda-feira, enquanto a moeda local, o zloty, se desvalorizou frente ao euro. A apreensão é generalizada quanto à capacidade de Tusk em avançar com reformas, sobretudo na área judiciária, um dos pontos de maior atrito com o antigo governo do PiS e alvo de processos na União Europeia.

O pleito foi encarado pelos conservadores como um referendo sobre o governo de Tusk, que está há 18 meses no poder. "O referendo sobre a demissão do governo de Tusk foi vencido", escreveu no X o parlamentar do PiS Jacek Sasin, comemorando o resultado.

Karol Nawrocki, historiador conservador e boxeador amador, fez da campanha uma crítica direta à gestão centrista e defendeu valores próximos aos de lideranças como Donald Trump, nos Estados Unidos. Seu adversário, Trzaskowski, reconheceu a derrota com um tom conciliador: "Lamento não ter conseguido convencer a maioria dos cidadãos da minha visão da Polônia", declarou, parabenizando Nawrocki pela vitória.

Para muitos poloneses, a votação expressou de forma cristalina a divisão do país. "Estava tudo no fio da navalha", disse Patryk Marek, de 32 anos, especialista em TI. "Com certeza, os sentimentos estão misturados neste momento. Mas o fato de essa margem ter sido pequena nos mostra como estamos divididos quase pela metade como eleitores."

Nos próximos meses, o governo polonês deve enfrentar novas dificuldades, especialmente em pautas como a liberalização do aborto e as reformas judiciais, que Nawrocki promete bloquear, a exemplo de seu antecessor, Andrzej Duda. A expectativa é de que a tensão entre Executivo e Presidência se intensifique, mantendo a Polônia no centro das discussões sobre os rumos da democracia e do Estado de Direito na Europa.

Portal  SBN | Com informações | Reuters