Segundo mandato de Trump completa 100 dias com ofensiva tarifária e crise diplomática

Donald Trump completa nesta terça-feira (29/04/2025) os primeiros 100 dias de seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos. Desde que reassumiu o cargo, em 20 de janeiro de 2025, ele impôs ao mundo uma nova dinâmica de confrontos comerciais, ambições territoriais e discursos que abalam, mais uma vez, os pilares da diplomacia global.
O retorno de Trump ao poder tem sido marcado por medidas que ultrapassam o campo econômico. Ele lançou uma ofensiva tarifária sem precedentes, cortou a ajuda externa norte-americana e reacendeu ideias improváveis — como anexar a Groenlândia, retomar o Canal do Panamá e transformar o Canadá no 51º estado dos EUA. Internamente, as ações dividem opiniões. No exterior, acendem o alerta entre aliados históricos e desafiam acordos que vêm sustentando a ordem global desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Críticas e tensões diplomáticas
Para muitos analistas, o presidente aposta em táticas de barganha que podem se converter em estratégia de negociação, ainda que carregadas de exagero. Mas o impacto real já se faz sentir. Segundo Dennis Ross, veterano diplomata americano, o cenário atual representa uma “ruptura enorme nos assuntos mundiais”, deixando países e líderes em incerteza sobre os próximos passos da Casa Branca.
A postura de Trump em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia também tem provocado reações. Ele retomou o contato direto com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e, ao mesmo tempo, reaproximou-se de Moscou, gerando temor de que pressione Kiev a aceitar perdas territoriais para favorecer o diálogo com Vladimir Putin.
Economia mundial em alerta
Ao acusar parceiros comerciais de explorarem os EUA por décadas, Trump reativou uma política tarifária agressiva, desestabilizando os mercados, enfraquecendo o dólar e provocando previsões sombrias para a economia mundial. A estratégia é descrita por ele como um “remédio amargo, mas necessário” para proteger os trabalhadores americanos e conter o avanço da China.
A Casa Branca defende o atual rumo e afirma que o presidente age para "corrigir os erros" da administração anterior, liderada por Joe Biden. Em comunicado, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes, afirmou que Trump “está levando o Irã de volta à mesa de negociações, combatendo o tráfico de fentanil, punindo os houthis por atos terroristas e reforçando a fronteira sul dos Estados Unidos”.
A reação do mundo e as apostas para o futuro
Na Europa, o desconforto é evidente. O Canadá, que sempre foi um dos parceiros mais próximos dos EUA, agora busca ampliar seus laços com o continente europeu. A China, por sua vez, tenta se posicionar como alternativa viável para países intimidados pela retórica agressiva de Washington. Em abril, o presidente da Espanha, Pedro Sánchez, esteve em Pequim, fortalecendo as relações comerciais com Xi Jinping.
Ainda que as ações de Trump despertem controvérsia, diplomatas experientes, como Aaron David Miller, do Carnegie Endowment for International Peace, avaliam que ainda há margem para correções. “O que está acontecendo ainda não está além do ponto sem retorno”, disse ele à Reuters. Mas o custo político e diplomático das decisões atuais, segundo Miller, pode ser alto demais para que a próxima liderança americana consiga reverter o cenário com facilidade.
Enquanto isso, o mundo assiste, entre perplexidade e cautela, a nova ofensiva de um líder que transformou a incerteza em estilo de governo — e os próprios Estados Unidos num território em constante reconfiguração.
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