No 1º ato da campanha, Lula fala sobre fome, faz aceno a evangélicos e diz que Bolsonaro é possuído pelo demônio
Em ato no ABC, Lula diz que Bolsonaro é 'possuído'O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, iniciou a campanha eleitoral de 2022 nesta terça-feira (16/8) com uma visita a uma fábrica de automóveis em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. A região é berço do sindicalismo que projetou Lula para a vida pública.
Durante o discurso aos metalúrgicos no ABC, o ex-presidente criticou a condução do enfrentamento à pandemia de Covid pelo governo Bolsonaro e disse que o adversário é "possuído pelo demônio".
"Você não tem amor, uma única lágrima para as 680 mil pessoas que morreram de Covid. Você nunca se preocupou em saber quantas crianças estão órfãs, porque você é negacionista. Você não acredita na ciência. Você não acreditou na medicina. Você não acreditou nos governadores. Você não acreditou na medicina. Você acreditou na sua mentira. Porque se tem alguém que é possuído pelo demônio é esse Bolsonaro", disse o candidato do PT.
Lula subiu ao carro de som pouco antes das 15h e, após falas breves de Gleisi, França e Haddad, discursou por cerca de 20 minutos aos presentes.
O candidato à Presidência afirmou que deve tudo o que aprendeu na vida e na política aos metalúrgicos do ABC, e contou histórias de quando atuava como sindicalista na região. "Foi aqui que eu aprendi a ser gente, adquiri consciência política, e foi por causa de vocês que eu acho que fui um bom presidente da República", disse.
Críticas a Bolsonaro
Lula comparou números de anos anteriores, quando ele ou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) estavam no governo, com índices de produção e emprego de 2022 – e disse que o Brasil piorou nos últimos anos.
O discurso de Lula foi pontuado por diversas críticas ao presidente Jair Bolsonaro e às políticas do atual governo. O ex-presidente acusou Bolsonaro de "manipular a boa-fé" de evangélicos e espalhar mentiras.
"Ele [Bolsonaro] está atentado manipular, ele na verdade é um fariseu. Está tentando manipular a boa-fé de homens e mulheres evangélicas que vão à igreja tratar da sua fé, tratar da sua espiritualidade e eles ficam em contando mentira o tempo em tudo, contando mentira sobre Lula, contando mentiras sobre a mulher do Lula, contando mentira sobre vocês, contando ver mentiras sobre índio, contando mentira sobre quilombolas", disse.
O candidato do PT afirmou ainda que quer voltar ao Palácio do Planalto para que o país "volte a ser respeitado no mundo". E disse que, se eleito, a primeira medida será reajustar a tabela do Imposto de Renda.
Lula também disse que o PT era favorável à elevação dos valores do Auxílio Emergencial desde o início da pandemia da Covid, e criticou o anúncio de novas parcelas pelo governo federal já em período eleitoral.
Já ao fim do discurso, Lula se emocionou ao microfone ao falar sobre a escalada da fome e da miséria no país. "Não é por falta de dinheiro, é por falta de vergonha das pessoas que governam. As pessoas não têm sentimentos, não sabem o que é fome, não sabem o que é um cidadão ficar mendigando no seu vizinho por um prato de comida", declarou.
Em seguida ao discurso, Lula desceu do carro de som e tirou fotos com metalúrgicos – enquanto pedia votos para si e para os candidatos da coligação em São Paulo.
O ex-presidente da República informou que deixaria o local para viajar a Brasília, onde participaria da posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Além do ex-presidente, participaram do ato os candidatos da coligação ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e ao Senado pelo mesmo estado, Márcio França (PSB), e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Segurança reforçada
O evento em São Bernardo foi cercado de cuidados pela equipe responsável pela segurança do ex-presidente. A tarefa de garantir a integridade dos presidenciáveis é da Polícia Federal, que anunciou investimentos de R$ 57 milhões na missão.
Nesta segunda (15/8), a campanha de Lula cancelou a primeira agenda oficial de campanha prevista originalmente: uma visita a outra fábrica de automóveis, na Zona Sul de São Paulo, na manhã desta terça. A equipe da PF não teve tempo para avaliar os riscos do evento.
PORTAL SBN