Duo Heptasopro e Léo de Paula lançam álbum de música instrumental na Ufes

Portal SBN
Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Duo Heptasopro e Léo de Paula lançam álbum de música instrumental na Ufes

Cultura - Espírito Santo

Duo formado pelo violonista Luciano Furtado e o flautista Matheus Viana recebe o percussionista Léo de Paula em álbum que terá lançamento no dia 16 de maio

Duo Heptasopro e Léo de Paula lançam álbum de música instrumental na Ufes De um lado, um duo de violão e flauta especializado no choro e nas diversas matrizes da música instrumental brasileira; de outro, um percussionista reconhecido pelo amplo conhecimento nos ritmos afro-brasileiros e de origem banta. O resultado desse encontro pode ser conferido pelo público no álbum “HeptaSopro convida Léo de Paula”, que chega às plataformas digitais, no próximo dia 16 de maio, trazendo 12 composições que passeiam principalmente pelo choro e pela diversidade de gêneros musicais brasileiros. Na mesma data, às 19h, os artistas farão um show de lançamento no auditório do Cemuni IV, no campus de Goiabeiras da Universida de Federal do Espírito Santo (Ufes), com entrada franca.

O álbum “HeptaSopro convida Léo de Paula” foi selecionado pelo Edital 12/2022, de Produção Musical, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES).

Formado pelo violonista de sete cordas Luciano Furtado e pelo flautista e compositor Matheus Viana, o HeptaSopro está em atividade desde 2017, quando os músicos se conheceram na oficina de prática de conjunto no Festival de Inverno de

Domingos Martins.

Desde então, o duo vem desenvolvendo um trabalho consistente na área da música instrumental brasileira, tendo como espinha dorsal o choro e o samba, passeando também por compositores contemporâneos como Guinga, Toninho Horta e Hermeto Pascoal. As composições próprias, de autoria de Matheus Viana, trazem arranjos originais pensados para explorar ao máximo as especificidades de cada instrumento.

Em 2021, o duo criou o Projeto HeptaSopro Convida Léo de Paula, que teve sua primeira aparição pública com o material audiovisual gravado por meio da Lei Aldir Blanc, com 16 faixas autorais que foram registradas em áudio e vídeo. No ano seguinte, o projeto ganhou os palcos da Grande Vitória e do interior do Espírito Santo, culminando com uma apresentação no Marien Calixte Jazz Music Festival em 2023.

A experiência nos shows colaborou para sedimentar a construção do álbum, gravado no Estúdio Bravo, em Vitória. A parceria entre eles foi cercada por afinidades, conforme explica o flautista Matheus Viana: “A ideia de convidar o Léo de Paula foi uma decisão mútua do duo. Primeiro porque ele foi professor do Luciano durante muito tempo, e depois pela afinidade musical entre os três, que é grande”, comenta Matheus. “O Léo é um percussionista extremamente inventivo e traz consigo toda a bagagem da música afro-brasileira na sua performance. A soma da estrutura percussiva dele com a estética quase contrapontística do HeptaSopro é realmente um casamento interessante”, completa o músico, autor das 12 faixas gravadas no álbum.

Arranjos

Quem ouvir o álbum com atenção irá constatar o entrosamento do trio em arranjos que expressam diferentes visões musicais. Entre os temas de andamento cadenciado e repletos de delicadeza, destacam-se “Amora”, que traz sabor de infância para o compositor, e “Ennio e Vinicius”, homenagem a Ennio Morricone e Vinicius de Moraes, composta por Matheus Viana no dia da morte de Morricone, o genial autor de trilhas sonoras que marcaram época no cinema mundial, como “Era uma vez no Oeste” (1968) e “Cinema Paradiso” (1988).

Duo Heptasopro e Léo de Paula lançam álbum de música instrumental na Ufes Na seara do choro, despontam arranjos com diferentes nuances: “Choro torto”, de andamento acelerado, remete aos choros buliçosos de Jacob do Bandolim; “Distraído”, de ritmo médio, tem melodia marcante pontuada pela flauta; e “Varandão em Pelotas”, conforme destaca Matheus Viana, é a faixa que mais se aproxima da tradição chorística propriamente dita, com sua levada dolente e o diálogo entre violão de sete cordas e flauta conduzido pelo pandeiro remansado de Léo de Paula.
Samba

Em meio às incursões no choro, surge o inusitado samba “Evans no samba”, em homenagem ao influente pianista de jazz norte-americano Bill Evans, no qual brilham a cuíca e a percussão múltipla de Léo de Paula. Para Luciano Furtado, essa diversidade de ritmos e abordagens reflete a sonoridade do HeptaSopro. “O HeptaSopro tem como base o choro, mas o Matheus traz muito do jazz e da bossa nova, com harmonias mais rebuscadas e bastante improvisação. O público pode esperar um disco e também os shows com ba stante interação entre os músicos e faixas que evocam sentimentos diferentes de cada pessoa”, define.
 

CONFIRA:

Álbum “HeptaSopro Convida Léo de Paula”

Com 12 composições de Matheus Viana
Participação especial: Léo de Paula
Lançamento: 16 de maio, nas plataformas digitais
Onde ouvir: Spotify, Apple Music, Deezer, YouTube Music, Tidal e demais plataformas

Show de lançamento

Data: 16 de maio (quinta-feira)
Horário: 19h 
Local: Auditório do Cemuni IV, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Av. Fernando Ferrari, Goiabeiras, Vitória (ES), 29.075-910
Entrada: gratuita

O álbum “Heptasopro convida Léo de Paula” foi selecionado pelo Edital 12/2022 – Seleção de Projetos de Produção Musical no Espírito Santo - da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES).

 SAIBA MAIS SOBRE OS MÚSICOS:

Luciano Furtado – É violonista, formado no Bacharelado de Violão Erudito pela Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames), tendo no currículo participações no Festival de Inverno de Domingos Martins, bem como festivais fora do estado, como, por exemplo, o Festival Internacional SESC de Música de Pelotas (RS).

Matheus Viana – É flautista, formado em Música – Licenciatura pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e mestrando em Práticas Performáticas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Participou de diversos festivais no Espírito Santo, como, por exemplo, o Festival de Inverno de Domingos Martins e o SantaJazz, bem como festivais fora do estado, a exemplo do Femusc (SC) e o FIC (MG). Tem vários singles lançados em plataformas digitais, como “Pro Malta”, em homenagem ao flautista Car los Malta; “Pro Luciano”, em homenagem a Luciano Furtado; “No Fio da Navalha”, e o mais recente “Reverso”, em parceria com o pianista e compositor Alexandre Vargas Mattos.

Léo de Paula - Reconhecido no cenário musical do Espírito Santo por sua atuação como percussionista, professor, produtor e compositor de trilhas sonoras para espetáculos de teatro e dança, Léo de Paula é professor de percussão do Projeto Vale Música Espírito Santo, instrutor de oficinas do Museu Capixaba do Negro “Verônica da Pas” (Mucane) e integrante do naipe de percussão da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (OSES). Graduou-se bacharel em M&uacut e;sica, com habilitação em Percussão, pela Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES) em 2013.

Apresentou-se em países como Holanda, Sérvia, Inglaterra e Estados Unidos (Carnegie Hall, Nova Iorque); e em salas como o Teatro Municipal do Rio de Janeiro e a Sala São Paulo, entre outras. De 2017 a 2022 realizou turnês na Rússia, apresentou-se e ministrou masterclasses em Moscou, São Petersburgo, Kazan e Ufá, com reconhecimento em canais de TVs locais. Compôs e gravou/executou ao vivo trilhas de espetáculos de dança/teatro, e de curta-metragens: “A Flor da Pele” (2022) “Terra sem Males” (2021), “Ipuã” (2021) “Kalunga” (2017, 2018, 2021), “Macurá Dilê” (2019) e “Colorido ao Cinza” (2015). Em

2021, lançou o álbum “Grão: Território Percussivo”, disponível em CD e nas plataformas digitais.

HeptaSopro - O duo lançou, em 2019, o EP “HeptaSopro”, com cinco faixas, sendo três autorais e duas releituras: “Casa Arrumada” (Matheus Viana), “Varandão em Pelotas” (Matheus Viana), “Choro Alterado” (Matheus Viana), “Choro pro Zé” (Guinga) e “Jorge do Fusa” (Garoto).

 FICHA TÉCNICA:

Matheus Viana - Flauta e composições
Léo de Paula - Percussão 
Luciano Furtado - Violão 7 Cordas
Daniel Tápia - Mixagem e Masterização
Gabriel Bebici - Captação
Tadeu Bianconi - Fotos
Paulo Prot – Design
Estúdio – Bravo

 FAIXA A FAIXA POR MATHEUS VIANA:

Amora - É parte de uma suíte maior chamada “Suíte das Frutas”, que consiste em quatro peças que dizem respeito a frutas que marcaram minha infância. “Amora” surgiu quando minha namorada recebeu uma ligação de sua avó dizendo que seu avô havia congelado amoras recém-colhidas para ela. Desde então, ela não parou de falar sobre as frutas, o que me fez lembrar uma passagem da minha infância em que comíamos amoras selvagens diretamente do pé. A visão me foi tão nostálgica que resolvi compor essa peça.

Casa Arrumada - Essa música me veio quando havia acabado de arrumar meu quarto, estava tudo devidamente limpo e arrumado, sendo assim resolvi deitar para aproveitar o ambiente recém-faxinado e ler um pouco. No livro que estava lendo a personagem principal descreveu uma canção que sua mãe cantava para que ele pudesse dormir, e essa canção se iniciava com uma terça maior. Rapidamente solfejei o dito intervalo e a música me veio inteira da cabeça, restando apenas escrever no papel e levar para o Luciano. A primei ra gravação dessa peça consta no EP “HeptaSopro”, gravado em 2019.

Choro Alterado - Esse choro é uma composição de 2018 e tem diversas características que divergem de um choro tradicional. A principal delas é o uso de uma escala alterada logo no início da composição. O arranjo foi basicamente feito nos ensaios do HeptaSopro, com diversas ideias rítmicas da parte de Luciano e, posteriormente, com o trabalho “HeptaSopro Convida Léo de Paula” o percussionista Léo de Paula sugeriu ainda mais intervenções, deixando essa música com uma forma sólida.

Choro Constante - Essa choro foi composto em janeiro de 2019, sendo a característica mais forte a ideia melódica que se repete e vai variando ao decorrer da peça. O arranjo surge durante os ensaios de trabalho “HeptaSopro Convida Léo de Paula”. A valsa é uma das danças mais importantes do choro, uma vez que valsas foram compostas por grandes nomes como Pixinguinha e Ernesto Nazareth. “Choro Constante” foi uma das primeiras valsas que escrevi, sendo melhor caracterizada como valsa brasileira devido à forte i nfluência do choro e da bossa nova, tanto na melodia quanto na harmonia.

Distraído - Esse choro surgiu como parte de uma coletânea de choros mais próximos à tradição que escrevi em 2019. Um fato interessante sobre essa peça é que ela me veio com as linhas de violão 7 cordas quase prontas, só que, ao ouvir a composição, Luciano decidiu reformular alguns baixos, dando uma outra cara à música. Resolvi, na maioria dos meus choros, a exemplo desse, aplicar uma forma de duas partes com 16 compassos cada uma, criando uma ideia melódica potente na primeira parte e contrastando com uma segunda parte mais leve, gerando assim uma ideia de tensão e relaxamento.

Ennio e Vinícius - Essa música é muito cara para mim, por se tratar de uma homenagem a dois grandes compositores, Ennio Morricone e Vinicius de Moraes. Ela surgiu em partes, sendo que a primeira parte veio enquanto eu assistia a um documentário sobre a vida de Vinicius. Já a segunda parte me veio quando soube da morte do compositor, arranjador e maestro italiano Ennio Morricone, que fez trilhas memoráveis do cinema mundial, como “Cinema Paradiso” e 2 “Três

Homens em Conflito”. A partir daí a atmosfera foi criada com a intervenção de Luciano e Léo de Paula.

Evans no Samba - Bill Evans foi um pianista e compositor de jazz estadunidense que possui uma identidade musical muito forte e que marcou gerações posteriores de músicos, principalmente por sua maneira de tocar e pelo virtuosismo composicional e performático de suas obras. Resolvi escrever essa peça como forma de estudar o modalismo através da prática composicional. No entanto, gostei tanto do resultado que resolvi criar um arranjo completo sobre esse tema, gerando assim o que veio a se tornar um samba modal que ganhou muito com a s intervenções de Luciano e Léo de Paula.

Jabuticaba - Assim como “Amora”, “Jabuticaba” também é parte da “Suíte das Frutas”. Durante a minha infância tive muito contato com árvores frutíferas, no entanto a jabuticabeira foi uma das que mais me marcou pelo fato de os frutos surgirem pelo tronco e ficarem ao alcance de uma criança pequena. Durante a época de jabuticaba era comum eu colher várias, colocarmos para gelar e depois saborear a pequena frutinha enquanto assistia à televisão. Essas são talvez as memórias mais felizes da minha infância. A bossa nova e, principalmente, a obra de Tom Jobim são fundamentais para a minha forma de compreender a música, sendo que em “Jabuticaba” essa influência é latente devido à citação direta da canção “Dindi”, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira.

Nó - Mais um choro próximo das tradicionalidades, que surgiu quase junto com “Distraído”. Seu nome se dá pelo nó nos dedos que eu precisava fazer para conseguir executar as harmonias que escrevi para a melodia, devido a minha inépcia com o violão. Durante nossos ensaios Léo de Paula sugeriu que fizéssemos esse choro maxixado, utilizando uma das danças tradicionais do choro, o maxixe, para criar um balanço diferente na composição.

No Mundo de Sofia - Sofia é a protagonista do livro “O Mundo de Sofia”, do escritor norueguês Jostein Gaarder. Ganhei este livro como um presente do grande amigo Pedro Novelo, que me possibilitou navegar pelo mar da filosofia de uma maneira leve e divertida. Durante a pandemia, em uma conversa por videochamada com Pedro, essa história nos retornou e lembramos como aquele tempo que passamos juntos na faculdade de música foi prazeroso. A partir desse sentimento compus essa música que conta com introdução criada pela grande amiga Isadora Dalvi.

Paisagens - Essa é uma peça camerística por excelência, devido à elaboração da agógica e a construção das paisagens através de técnicas composicionais. É a única que concebi exclusivamente para flauta e violão. A ideia da obra é simular uma viagem, sendo que a cada seis compassos a paisagem muda, tal qual em uma viagem rodoviária. É uma peça que visa criar ambientes e sensações diferentes a cada parte, gerando assim a expectativa de no vidade no ouvinte.

Tipo João - Um dos maiores compositores de samba que já passou por esse país é o inconcebível João Nogueira, que escreveu um dos sambas mais bonitos que já ouvi, chamado “Espelho”, em homenagem ao seu pai. Enquanto ouvia essa música a melodia de “Tipo João” me veio à mente, e me dei conta da quantidade de “Joões” que a música brasileira possui: João Donato, João Nogueira, João Bosco, João Gilberto, João Bananeira, dentre tanto s outros que marcaram época e que são vivos no imaginário musical brasileiro. Resolvi, através dessa música, homenagear todos os “Joões” da música brasileira.
 

Varandão em Pelotas - Varandão é um estilo de acompanhamento tradicional do choro e esse é um dos choros que mais se aproxima da tradição chorística propriamente dita. Foi escrito durante o Festival Sesc de Música, em Pelotas (RS), e teve como maior inspiração a música “Papo de Anjo”, do maestro e grande compositor Radamés Gnattali.
Baião Barbeiro - Composição em homenagem ao meu padrasto Tom. Resolvi escrever um baião, pois ele é um exímio dançarino e também é muito divertido e alegre, logo nada mais justo do que um ritmo nordestino para faz jus ao espírito feliz dele.

Luzes de Viena - Escrita no início de 2021, essa valsa é uma das músicas mais recentes de todo o repertório. É uma lembrança das valsas de Johann Strauss, compositor austríaco que ficou muito famoso no século XIX. As valsas vienenses se diferenciam das valsas brasileiras no tocante a forma de tocar e de abordar a peça. “Luzes de Viena” busca se aproximar dessa tradição europeia, mas, ao mesmo tempo, aproveitar o legado melódico da música brasileira, sem nunca perder a essê ;ncia da tradição chorística.

Choro Torto - Mais um choro, dessa vez com a característica das melodias mais sinuosas e com quinas que são características do jazz, sendo assim uma mistura de várias linguagens em uma única peça. “Choro Torto” é uma mescla de técnicas de composição e influências de músicos e compositores de diversas vertentes, criando assim um caleidoscópio de interferências positivas na obra.

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