Afastamento de comentaristas na ESPN levanta debate sobre liberdade de imprensa e pressões da CBF

A ESPN se viu no centro de uma polêmica nesta quarta-feira (09/04/2025), após afastar seis de seus comentaristas do programa Linha de Passe. A decisão veio na esteira da repercussão de uma reportagem da revista Piauí, que detalha o estilo de vida do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ednaldo Rodrigues. A medida foi duramente criticada por entidades jornalísticas e abriu um novo capítulo no debate sobre os limites da liberdade de expressão dentro das redações.
Foram afastados os jornalistas Dimas Coppede, Gian Oddi, Paulo Calçade, Pedro Ivo Almeida, Victor Birner e William Tavares, todos presentes na edição de segunda-feira (07/04/2025) do programa, que teve como foco a matéria da Piauí. O afastamento teve duração de dois dias, e os profissionais devem retomar suas atividades nesta quinta-feira (10/04/2025).
Em nota conjunta, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) classificaram a atitude da ESPN como “inaceitável” e afirmaram que nada no conteúdo apresentado pelos comentaristas justificaria qualquer tipo de punição.
“A direção da ESPN parece ter cedido a pressões da CBF”, diz um trecho da nota, que também reforça a solidariedade aos jornalistas afastados.
Apesar da reação pública, um dos comentaristas envolvidos, Gian Oddi, afirmou nas redes sociais que o afastamento não foi resultado de censura, mas sim de uma decisão interna relacionada à condução editorial do programa.
Procurada pela imprensa, a CBF negou qualquer tipo de interferência na decisão da ESPN. Em comunicado, a entidade declarou que "respeita a liberdade de imprensa" e chamou de “mentirosas e levianas” quaisquer narrativas que indiquem o contrário.
O episódio, no entanto, reacende discussões sobre a autonomia da imprensa esportiva e os limites entre liberdade editorial e interesses institucionais. Em um cenário cada vez mais polarizado, a atuação crítica dos jornalistas segue sendo alvo de tensões — dentro e fora das quatro linhas.
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