Desastre climático na Argentina testa política de cortes de Milei

A Argentina tem enfrentado, neste final de verão, condições climáticas muito adversas. Na última semana, as fortes chuvas em Bahía Blanca, na província de Buenos Aires, arrasaram a cidade.
Em oito horas, foram 400 mm de chuva. Isso representa mais da metade da média anual da região, que é de 600 mm. Há pouco mais de um ano, a cidade enfrentou uma tempestade com ventos de 180 km/h, que levou à morte mais de uma dezena de pessoas.
O evento extremo atual resultou em mais de 15 mortes, centenas de desabrigados e inundações generalizadas, pontes destruídas e o hospital José Penna inundado, o que levou à evacuação de pacientes com apoio do exército.
Assim como aconteceu na tragédia no Rio Grande do Sul, em 2024, as áreas inundadas ficaram com a infraestrutura de abastecimento de água comprometida. Há contaminação da rede de distribuição e o risco de proliferação de doenças como leptospirose e hepatite.
Áreas agrícolas inundadas
Segundo o jornal La Nación, as chuvas da última semana resultaram em quase 2 milhões de hectares de terras agrícolas e pecuárias submersas em 13 municípios. Culturas próximas à colheita, como o girassol, foram impactadas. Também houve redução nas áreas de pastagem.
Buenos Aires
Em Buenos Aires a sensação térmica chegou a 47 °C e houve falta de energia elétrica em vários bairros. Isso ocorreu devido ao consumo elevado por conta do uso mais intensivo de aparelhos de ar-condicionado e climatizadores. A infraestrutura não está preparada para as ondas de calor.
Inverno
Esses eventos extremos não têm ocorrido somente nos períodos mais quentes. Em 2024, a região da Patagônia enfrentou um dos invernos mais rigorosos das últimas décadas, com temperaturas atingindo −20 °C, levando ao congelamento de rios e lagos.
Foram realizadas operações de resgate com helicópteros e tratores para auxiliar comunidades isoladas e animais em perigo. O sistema de distribuição de energia elétrica foi afetado com cortes de fornecimento e racionamento. Houve casos trágicos de animais silvestres e domésticos que não resistiram às baixas temperaturas.
A postura negacionista do presidente Javier Milei é amplamente reconhecida e, apesar da promessa do Ministério da Economia de destinar US$ 9,2 milhões para a recuperação de Bahía Blanca, o governo não escapou de críticas.
Foi divulgado que a diretoria nacional de emergência — encarregada de prestar assistência em desastres — foi desativada apenas três dias antes da tempestade. Foram demitidos ou afastados 485 funcionários, fruto da política de cortes extensivos nos gastos públicos promovida pela gestão de Milei.
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