O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou com ação na Justiça Trabalhista para cobrar R$ 1,3 milhão de indenização a um trabalhador doméstico resgatado de condições análogas à escravidão em Planura (MG), no Triângulo Mineiro. O homem, homossexual, foi forçado a tatuar no corpo as iniciais dos patrões e viveu quase nove anos em situação degradante, entre 2016 e 2025.

A operação de resgate ocorreu entre os dias 8 e 15 de abril de 2025, com participação do Ministério do Trabalho e Emprego, Polícia Federal e MPT. A denúncia foi recebida pelo Disque 100 em janeiro e levou à investigação.

De acordo com o MPT, os patrões prometiam emprego e acolhimento a pessoas vulneráveis pelas redes sociais, especialmente da comunidade LGBT+. Após o aliciamento, os trabalhadores eram submetidos a abusos físicos, psicológicos e sexuais.

O homem resgatado não recebia salário, não tinha registro na carteira, trabalhava em jornadas exaustivas, sob vigilância constante e ameaças. Ele também era vítima de tortura sexual: vídeos gravados pelos agressores mostram desde tentativas de enforcamento até práticas de extrema violência, como quando foi obrigado a comer fezes após mutilações em seu corpo.

A indenização de R$ 1,3 milhão inclui R$ 300 mil por salários e rescisão, e o restante por danos morais e existenciais. O MPT também cobra mais R$ 2 milhões por danos morais coletivos, a serem revertidos em ações sociais.

Na mesma casa, uma mulher trans uruguaia também foi resgatada. Ela ficou seis meses no local, sofreu um AVC por estresse e recebia apenas R$ 100 por mês, apesar da promessa de salário de R$ 700. Ambos trabalhavam das 6h às 18h, sem pausas adequadas.

Três homens foram presos em flagrante. Seus nomes não foram divulgados para preservar a identidade das vítimas.

Portal SBN | Com informações | Notícias ao Minuto Brasil