OGÓ propõe debate sobre masculinidades negras com músicas inéditas e sessão cineclubista
Projeto OGÓ lança álbum virtual e cineclube no final de novembro, trazendo à tona o papel de homens negros na luta pelos direitos civis e na afirmação de suas identidadesO som do trompete surge como uma anunciação, seguido por efeitos de tom futurista e toques de percussão que remetem à ancestralidade africana. Após uma breve citação de música nordestina, a voz entra em cena em forma de poesia falada e cantada, por meio de versos provocativos. Essa é a descrição de uma das gravações do OGÓ, projeto desenvolvido pelos artistas capixabas Gessé Paixão, Vitor Martins e Douglas Bonella.
Em atividade desde 2019, o trio apresenta ao público, neste mês, os frutos de um trabalho inédito produzido em duas frentes artísticas: o Cine Ogó, que estreia dia 25 de novembro, às 19h30, no Espaço Thelema, no Centro de Vitória; e o álbum “Ogó”, que terá show de pré-lançamento no Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas (Mucane), no dia 30 de novembro, às 19h, com entrada franca.
O projeto foi selecionado pelo Edital 026/2020 - Seleção de Projetos Culturais de Produção, Difusão e Distribuição Musical no Estado do Espírito Santo - da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES).
Ambas as iniciativas giram em torno do tema “Masculinidades e Negritudes”, que fundamentam o campo de atuação do OGÓ. O próprio nome do grupo remete a este conceito. De acordo com Gessé Paixão, Ogó, na cosmologia dos povos iorubá, representa o amuleto que Exu, o Orixá da comunicação, carrega nas mãos. “Ogó tem forma fálica e está associado à fertilidade da vida. Representa a criação e a passagem, o trânsito inventivo pelos espaços e lugares. É a representação do movimento para promoção do acesso aos espaços”, conceitua.
Os integrantes do OGÓ têm funções bem definidas. No palco, o trio atua como um duo, no qual os músicos Vitor Martins e Gessé Paixão intencionam apresentar um espaço de sensibilização para sentir e pensar o que são e como existem as masculinidades negras no contexto brasileiro.
Gessé Paixão é responsável pelas letras e composições, além das vozes, trompete, flugelhorn, pandeiros, handpan, agogô, caxixis e arranjos.
Vitor Martins faz as composições e assina o set de percussão, que inclui handpan, didgeridoo, cajon, tigelas tibetanas, efeitos percussivos e arranjos. Já Douglas Bonella atua nos bastidores, cuidando da fotografia, design, exibição audiovisual e produção executiva.
Cineclube
O lançamento do Cine Ogó terá a exibição do filme “Rapsódia para o Homem Negro” (2015), curta-metragem dirigido por Gabriel Martins que utiliza alegorias e simbolismos para contextualizar as relações políticas, raciais, de ancestralidade, afrofuturistas e urbanização ambientadas no mais recente cenário político brasileiro.
A produção é da Filmes de Plástico, com o ator Sergio Pererê no papel principal. A exibição será sucedida por uma roda de conversa com a coordenação dos integrantes do OGÓ: “A escolha deste filme se relaciona com a nossa proposta de debater desigualdades históricas presentes na sociedade brasileira, como o racismo estrutural, a violência e a criminalização do povo negro nas periferias e nas favelas”, aponta Douglas Bonella.
O álbum
Por sua vez, o EP (extended-play) “OGÓ” reúne seis composições autorais do grupo – “OGÓ”, “Canto à Nanã (As Paneleiras)”, “Capitão do Mato”, “Mangará”, “Preto Pensa” e “Afrofuturo Negro” -, gravadas no Gama Soundz Studio, em Vitória, com produção de Thiago Perovano e engenharia de gravação de Felipe Gama. O show de pré-lançamento terá videomapping e exposição de fotos, entre outras atrações.
Musicalmente, o trabalho transita pelos sons das tradições populares, pretas e caboclas da música brasileira, sobretudo aquelas de terras nordestinas. Há, também, a aproximação com a linguagem pop, com a presença do tradicional pandeiro de choro (aqui amodernado) e do trompete, por meio dos quais os músicos percorrem ritmos como coco, baião, ijexá, barravento, maracatu, samba e rap.
Em meio a essa constelação sonora, há espaço para uma estética ufológica e também para instrumentos associados ao contexto espiritual e terapêutico. Nesse sentido, brilha o handpan, instrumento melódico-harmônico de percussão que tem como característica o timbre exótico, metálico, doce e repleto de harmônicos.
Atlas da Violência
Segundo seus integrantes, o OGÓ consiste em uma nave musical tocada pelo discurso de valorização e pertencimento da cultura negra, compreendida em seu viés humanista e histórico, com foco na relevância de homens negros na luta pelos direitos civis e na afirmação de suas identidades. Eles chamam a atenção para os dados assustadores do Atlas da Violência. Segundo este levantamento, em 2019, 71,3 % das vítimas de homicídios no Brasil eram homens negros. A mesma pesquisa indica que, no país, um negro tem 2,6 vezes mais risco de ser assassinado do que um não negro.
Por meio do OGÓ, os integrantes pretendem contribuir para a construção de um ambiente de educação para as relações étnico-raciais, bem como propor a elaboração de políticas públicas voltadas para a equidade racial.
“OGÓ representa um experimento de música instrumental e poesia falada, imaginada, cantada e encantada”, afirma Vitor Martins. “Uma rápida incursão pela diáspora negra”, acrescenta Douglas Bonella. “É uma viagem que corta os tempos e deixa marcas nos modos de sentir, pensar, gerar personagens, criar a própria história e produzir o que se entende ser”, complementa Gessé Paixão.
PROGRAME-SE:
Apresentação do OGÓ no lançamento dos Editais da Cultura 2022
Data: 23 de novembro (quarta-feira)
Horário: 17h
Onde: Palácio Anchieta – Salão São Thiago – Praça João Clímaco, Centro, Vitória
Realização: Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES)
Lançamento do Cine OGÓ
Exibição do filme “Rapsódia para o Homem Negro” (Brasil, 2015 - direção: Gabriel Martins), seguida de roda de conversa sobre o tema “Masculinidade e Negritudes”
Data: 25 de novembro (sexta-feira)
Horário: 19h30
Onde: Espaço Thelema - Rua Graciano Neves, 90, Centro, Vitória (ES)
Entrada franca
Show de pré-lançamento do álbum “OGÓ
Apresentação do duo OGÓ
Data: 30 de novembro (quarta-feira)
Horário: 19h
Onde: Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas (Mucane) - Av. República, 121, Centro, Vitória (ES)
Entrada franca
· Projeto selecionado pelo Edital 026/2020 - Seleção de Projetos Culturais de Produção, Difusão e Distribuição Musical no Estado do Espírito Santo - da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES).
Ficha técnica do álbum OGÓ:
Produtor musical: Thiago Perovano
Arranjador: Thiago Perovano e OGÓ
Instrumentação:
Gessé Paixão: vozes, trompete, flugelhorn, pandeiros, handpan, agogô, caxixis
Vitor Martins: handpan, didgeridoo, cajon, tigelas tibetanas, efeitos percussivos
Capa: Fredone Fone
Arte/Logo: Fredone Fone
Estúdio: Gama Soundz Studio (Jardim da Penha, Vitória)
Engenheiro de gravação: Felipe Gama
Período de gravação: outubro/novembro 2022
Mixagem e masterização: Thales Malacarne
Fotografia: Douglas Bonella
Social media/divulgação: Neuber Iglesias
Assessoria de imprensa: José Roberto Santos Neves
SAIBA MAIS SOBRE OS INTEGRANTES DO OGÓ:
Vitor Martins - Músico autodidata e multi-instrumentista nômade, é vegano e mochileiro desde 2003. Conhece todos os Estados brasileiros e já circulou com seus instrumentos e músicas por grande parte da América do Sul. Além do OGÓ, leva adiante seu projeto “Natural Music”, com forte perspectiva terapêutica e curativa a partir da vivência orgânica com a música. Em 2016, gravou o trabalho solo instrumental intitulado “Gratidão Handpan”.
Gessé Paixão - Músico multi-instrumentista, professor de Filosofia, culinarista e poeta. Atua como trompetista e pandeirista de bandas e orquestras populares. Como instrumentista de sopro, integrou a Orquestra Pop & Jazz do Instituto Federal de Educação (IFES), a Fames Dixieland, a Orquestra Jovem Vale Música e a centenária Banda de Música Estrela dos Artistas. Em setembro de 2022, sua composição “Canto à Nanã (As Paneleiras)” foi contemplada com a primeira colocação no I Festival de Música de Santa Teresa (ES).
Douglas Bonella – Intitula-se “geofotógrafo”. Mestre em Geografia, ele utiliza como ferramenta de comunicação a imagem, sobretudo a fotografia. Apesar de sua ligação com o OGÓ se materializar na produção executiva, fotografia, elementos gráficos e audiovisuais, atuou também como intérprete, compositor e baixista em outros projetos musicais.
PRINCIPAIS APRESENTAÇÕES:
Em três anos de atividades, o OGÓ teve a oportunidade de participar de diversos shows, festivais e iniciativas de difusão cultural, como o Festival POCAR, em Conceição da Barra; o Marien Calixte Jazz Music Festival, em Vitória; e a indicação para a categoria de Melhor Show/Live no 1º Prêmio da Música Capixaba, apresentado ao público em agosto de 2022, no Palácio da Cultura Sônia Cabral. Outra conquista marcante foi a premiação da música “Manga” no III Festival de Música do Matuto, em 2019, no município de Itaoca (ES).
PORTAL SBN| José Roberto