Mostra “Olhar Neurodiverso” apresenta a diversidade das mentes humanas por meio da arte

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Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Mostra “Olhar Neurodiverso” apresenta a diversidade das mentes humanas por meio da arte

Cultura - Espírito Santo

Exposição produzida pelo Coletivo Atipicamente será aberta no dia 16 de outubro, na Biblioteca Municipal de Vitória, com a participação de nove artistas neurodivergentes

Mostra “Olhar Neurodiverso” apresenta a diversidade das mentes humanas por meio da arteUm convite para o público reconhecer a diversidade das mentes humanas por meio da arte: esta é a proposta da exposição “Olhar Neurodiverso”, que reúne 19 obras produzidas por nove artistas neurodivergentes, organizados no Coletivo Atipicamente. A abertura será no dia 16 de outubro, às 17h, na Biblioteca Municipal Adelpho Poli Monjardim, na Cidade Alta, Centro de Vitória.

Com produção de Déborah Corrêa e curadoria de Angelica Reckel, a exposição traz pinturas, desenhos, esculturas e instalações de artistas que compartilham condições neurológicas como autismo, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e dislexia. Por meio das obras, os participantes do Coletivo expressam seus sentimentos, ideias, valores e visões de mundo através das mais diversas linguagens.

O projeto conta com recursos do Fundo Municipal de Cultura de Vitória, por meio do Edital de Chamamento Público n° 006/2024 - Seleção de Propostas de Mediação Artística e Cultural nos Espaços/Equipamentos da Secretaria de Cultura de Vitória - Política Nacional Aldir Blanc (PNAB).

Fazem parte da mostra os artistas Angelica Reckel, Gabi Cecile, Ilus, Larissa Azevedo, Mathias Cardeal, Mey Haruno, Max dos Santos, Yzá dos Santos e Rubens Barcellos. Entre as produções selecionadas o público irá encontrar diferentes estilos pictóricos repletos de vivacidade, fluidez e originalidade.

De acordo com a artista e curadora Angelica Reckel, “Olhar Neurodiverso” abre espaço para que os artistas demonstrem suas vivências em uma sociedade que, muitas vezes, insiste em ser excludente. “Aqui, as telas e criações não são apenas arte: são vozes, sensações e gritos por reconhecimento”, afirma.

Variações naturais

Mostra “Olhar Neurodiverso” apresenta a diversidade das mentes humanas por meio da arteAntes de chegar à Biblioteca Municipal Adelpho Poli Monjardim, a mostra passou pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) e Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Idealizadora da mostra, a produtora cultural Déborah Corrêa criou o Coletivo Atipicamente com o objetivo de dar visibilidade a artistas neurodivergentes dentro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), levando obras do ambiente universitário para outros espaços expositivos, formais e não formais.

“A ideia é dar voz a pessoas neurodivergentes para que, por meio das obras, elas falem como se sentem e como a sociedade as trata. Por essas pessoas não mostrarem deficiências aparentes, é mais difícil que a sociedade acredite nelas”, explica.

Transtorno do Espectro Autista

Entre os artistas selecionados para a mostra está Ilus, que vai realizar uma apresentação musical durante o vernissage.

Diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Ilus propõe em sua obra um olhar sobre a realidade desse segmento da sociedade, sempre sob o prisma da equidade social e o respeito às diferenças. A exposição traz quatro obras de sua autoria produzidas com tinta acrílica sobre tela: “Conexões”, “Abraçando a criança interior”, “Pássaros” e “Será que sou uma estrela no mar?”.

Mostra “Olhar Neurodiverso” apresenta a diversidade das mentes humanas por meio da arte

O termo neurodivergente descreve indivíduos cujo funcionamento cerebral difere do que é considerado típico, reconhecendo essas diferenças como variações naturais e não como disfunções. Essas variações, explica a curadora, influenciam como a pessoa percebe o mundo, aprende, se comunica e se relaciona. “Dentro desse espectro estão o autismo, o TDAH, a dislexia e muitas outras formas de pensar e sentir. Cada uma carrega desafios, sim, mas também potenciais únicos. Reconhecer isso é desafiar o capacitismo — a ideia equivocada de que pessoas neurodivergentes têm menos capac idade”, aponta Angelica.

“Cada obra fala de algo específico, mas posso dizer de uma forma geral que falo sobre minha solidão, sobre minha dificuldade de me reconhecer nas pessoas, da busca pela validação da minha história e de minha capacidade de criar um mundo que me contemple e contemple o que é importante para mim”, define Ilus.

Para a artista, a sociedade ainda tem dificuldades para compreender e reconhecer as potencialidades de pessoas neurodivergentes rumo a uma convivência plena entre os indivíduos: “Somos pessoas com um processamento cerebral diferente, e em ambientes mais controlados e adaptados, podemos perceber coisas que a maioria não percebe, ter uma atenção apurada a detalhes, uma memória mais eficiente, uma capacidade de sentir estímulos mais apurada, uma energia a mais para criatividade e para executar tarefas com intensidade e foco, ou, ainda, simultâneas, no caso do TDAH. Talvez o que pareça sofrido e desadaptado hoje seja importante para nossa espécie no futuro”, vislumbra.

 MOSTRA OLHAR NEURODIVERSO:

Exposição com 19 obras produzidas por nove artistas neurodivergentes que pertencem ao Coletivo Atipicamente;

Apresentação musical da cantora Ilus

Abertura: 16 de outubro (quinta-feira)

Horário: 17h

Local: Biblioteca Municipal Adelpho Poli Monjardim, Rua São Gonçalo, 23, Centro, Vitória (ES), 29.015-210

Apoio: Fundo Municipal de Cultura de Vitória, por meio do Edital de Chamamento Público n° 006/2024 - Seleção de Propostas de Mediação Artística e Cultural nos Espaços/Equipamentos da Secretaria de Cultura de Vitória - Política Nacional

Aldir Blanc (PNAB).

Visitação: 16 de outubro a 15 de dezembro, de segunda a sexta, das 8h às 17h

Agendamento para visita de grupos: coletivoatipicamente@gmail.com

Formulário para formação gratuita de professores: https://docs.google.com/for ms/d/e/1FAIpQLSc2TDtbx6ogfqn7OQ2qf6FfY14go6wCkJj_A99KPtiVIvjrwQ/viewform?usp=sharing&ouid=107303371466851745341

ARTISTAS PARTICIPANTES DA MOSTRA:

Angelica Reckel

Mostra “Olhar Neurodiverso” apresenta a diversidade das mentes humanas por meio da arteArtista plástica com foco em pintura e curadoria, Angelica Reckel articula memórias afetivas e cotidiano imagético em suas obras. Sua trajetória combina a prática artística com a experiência em conservação de acervos e acompanhamento em gestão de exposições.

Ilus

Cantora e compositora, possui experiência com música, desenho e pintura, com formação acadêmica em música em andamento na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Trabalha com técnicas de pintura e desenho, e participou de três exposições coletivas.

Larissa Azevedo

Artista e arte-educadora do Coletivo Atipicamente, é estudante de Artes Plásticas e bolsista na Galeria Espaço Universitário, na área de conservação de acervo. Tatuadora especialista em pele negra, sua produção transita entre instalações, bordados e experimentações visuais que dialogam com corpo, memória e identidade.

Mathias Cardeal

Profissionalmente, dedica-se à ilustração e pintura (em telas e arte urbana), com estilo profundamente influenciado pelo Dark Fantasy, subgênero de obras artísticas que combina elementos tradicionais da fantasia com o horror. Seu trabalho é notável pela abordagem social e temática, com foco no empoderamento e na representatividade da negritude.

Mey Haruno

Estudante de Arquitetura com formação em Artes Plásticas. Neurodivergente, sempre foi imaginativa e usou a arte como meio de expressar uma zona de conforto. Autodidata na maior parte de sua trajetória como artista, Haruno enxerga o fazer artístico como um “escape necessário” do cotidiano. Participou de cinco exposições coletivas.

Max dos Santos

Com formação em andamento em Artes Plásticas, já participou de exposições coletivas na Galeria de Arte e Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e no Instituto Fênix. Trabalha com as técnicas de pintura e desenho.

Gabi Cecile

Mostra “Olhar Neurodiverso” apresenta a diversidade das mentes humanas por meio da arteNatural da Bahia, sua prática como artista baseia-se no uso do autorretrato e no retrato do outro como pontes de um diálogo íntimo e empático. Seu trabalho visa criar um espaço onde as particularidades da experiência neurodivergente ganham visibilidade, transformando narrativas pessoais em poderosas reflexões coletivas sobre identidade e pertencimento. Participou de exposições na Galeria de Arte e Pesquisa da Ufes e na Galeria de Arte da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Yzá dos Santos

Artista não binário de 21 anos, pesquisador e estudante de licenciatura em Artes Visuais pela Ufes. Suas obras e pesquisas nascem a partir do entrelaçar do olhar sobre seu corpo dissidente a práticas de cuidado ancoradas às tecnologias ancestrais e à ancestralidade afrodiaspórica umbandista.

Rubens Barcellos

Artista e montador do Coletivo Atipicamente, é estudante do curso de Artes Plásticas na Ufes e apaixonado pela imagética humana e pela escultura visual das formas biológicas. Seu foco de estudo e poética está no desenho, pintura e escultura em madeira e/ou ferro. Atua também na montagem e desmontagem de exposições.

EQUIPE DA MOSTRA “OLHAR NEURODIVERSO”:

Curadoria - Angelica Reckel

Produção cultural - Déborah P. Corrêa

Arte-educação - Larissa Azevedo

Design gráfico - Jamily Rossi

Montagem - Rubens Barcellos

Produção de vídeo - Enyo Soares

Mediação - Maitee Agrisi

Audiodescrição - Patricia Gomes de Almeida

Tradução e interpretação de Libras - Eliana Firmino Burgarelli

Assessoria de imprensa - José Roberto Santos Neves e Daniella Spadeto

Parceria - Projeto de Extensão “Arte, me leve!” e Instituto de Apoio e Pesquisa Adultos no espectro

Plotagem - Art Clamur

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