De acordo com a motorista, todos os objetos jogados pelos bolsonaristas estão dentro de seu carro, que segue na Central de Polícia Civil em João Pessoa, aguardando perícia. Ainda segundo Flávia, após jogar objetos contra o veículo, o grupo passou a agredi-la, e esse teria sido o momento em que ela tentou sair do lugar.
"Começaram a me agredir, me puxaram, inclusive tenho marcas, hematomas. Minha roupa foi rasgada, eu percebi que meu carro estava sendo linchado, quebraram o para-brisa do carro e eu tirei meu carro, que foi o momento que estão dizendo que eu quis atropelar as pessoas", disse.
A motorista negou que tivesse a intenção de atropelar o grupo, e afirmou que tem provas que mostram que estava sendo agredida antes de tirar o carro em direção às pessoas.
"Temos provas materiais, temos vídeos que mostram que o para-brisa do meu carro já estava quebrado antes de eu tirar meu carro do meio das pessoas, que foi o que fez que eles viessem pra cima do meu carro mesmo. Dá pra ver no vídeo que eu movi o meu carro e freei, dá pra ver a luz de freio, eu não tinha intenção nenhuma de seguir com o carro, a intenção era sair do meio de um linchamento, e quando tirei o carro vieram pra cima, colocaram a mão pra tirar a chave da ignição, meu carro travou, a PM chegou e cercou o carro", relatou.
A mulher foi detida em flagrante pela polícia por lesão corporal na direção de veículo e embriaguez pois, segundo os agentes, se recusou ao teste do bafômetro. Segundo a defesa dela, ela teria se negado no local, mas na delegacia teria se colocado à disposição para o exame, que não foi feito.
Segundo a polícia, três pessoas alegaram terem sido atingidas pelo carro e prestaram depoimento. Nenhuma das pessoas flagradas no vídeo depredando o carro foram encaminhadas à delegacia ou detidas pela polícia.
Ela foi presa e liberada após fiança de R$ 600. A defesa nega os crimes.
A defesa de Flávia Bonolo alega que o caso não deveria ter sido registrado como acidente de trânsito, pois houve supostas agressões anteriores, que deveriam ter sido investigadas pela polícia. Segundo o advogado da condutora, Getúlio Souza, ela teria se recusado a fazer o teste, inicialmente, por achar que o caso não competia à polícia de trânsito. Porém, decidiu fazer o exame quando o resultado do teste visual da polícia "apontou que ela estava com a voz alterada”.
“Por um acaso eu filmei isso e indaguei o policial sobre o porquê de ele estar se recusando e ele simplesmente falou: ‘porque ela já tinha se recusado’. Ora, se ela pode fazer uma contraprova, eu me pergunto por que um agente de segurança se negou a fazer o teste nela?”, disse.
O vídeo em questão, filmado por Getúlio, mostra o diálogo entre ele e a geógrafa, no momento em que os policiais assinam o auto de infração. (Veja o vídeo acima).
Advogado: Quero deixar registrado em vídeo, como prova do processo, que a autoridade policial colocou que ela estava com a voz alterada e a suposta vítima, ou agente ativa, está querendo fazer o teste.
- Flávia: Tem como eu falar para o vídeo para mostrar que eu não estou de maneira alguma, absoluta, com a fala alterada? De nenhuma forma, sob nenhuma… falando normalmente?
- Advogado: Você quer fazer o teste do bafômetro?
- Flávia: Quero.
- Advogado: Você deseja fazer o teste do bafômetro?
- Flávia: Com certeza.
O que diz a defesa dos bolsonaristas
O advogado Robério Capistrano, que representa o grupo de bolsonaristas que estavam no ato e alegam terem sido atropelados por Flávia, afirmou à TV Cabo Banco que a condutora precisa ser punida.
"[ela] tem que ser punida, a carteira dela tem que ser apreendida, levada para o Detran e lá que se resolva administrativamente", disse o advogado.
Ele ainda disse que uma mulher foi levada para o Ortotrauma de Mangabeira, o Trauminha, após o suposto atropelamento.
Segundo o BPTran, ela apresentou sinais de embriaguez e se recusou, inicialmente, a fazer o teste do etilômetro, sendo autuada em flagrante por dirigir sob influência de álcool e se recusar a fazer o teste que poderia certificar a influência da substância.
“A carteira dela é recolhida nos termos do artigo 165A. Como ela se recusou a ser submetida ao teste, a medida administrativa é o recolhimento da CNH e [o documento] é enviado ao Detran, até que ocorra todo o trâmite do processo”, disse o sargento Albérgio, do BPTran.
Em entrevista à TV Cabo Branco, o comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Marques Júnior, disse que a condutora se negou a fazer o teste de alcoolemia e que por isso foi autuada em flagrante, também por lesão corporal. Ainda conforme o comandante, três pessoas precisaram ser socorridas após ficarem lesionadas. O local onde eles foram atendidos não foi informado.
Segundo a Polícia Civil, Flávia foi indiciada por direção sob efeito de álcool e lesão corporal. Ela pagou uma fiança de R$ 600 e foi liberada. O ato encerrou-se no final da noite, mas algumas pessoas continuaram a dormir no local e a manifestação voltou a acontecer no início da manhã desta quinta-feira (3).
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