Copom faz novo corte de 0,5 ponto e Selic vai a 11,75% ao ano.
Banco Central destaca a trajetória de desinflação e acena para mais cortes da mesma magnitude nas próximas reuniões.O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu em 0,50 ponto percentual a taxa de juros, de 12,25% para 11,75% ao ano, em consonância com a expectativa do mercado.Esta é a quarta queda consecutiva na Selic, que chegou ao menor patamar desde março de 2022. No comunicado, o Copom sinalizou mais cortes da mesma magnitude nas próximas reuniões, sem precisar até quando pode continuar o ciclo de cortes. O comitê volta a se reunir no fim de janeiro de 2024.
O processo de desinflação é a principal justificativa do BC para o ciclo de baixas. Nos 12 meses encerrados em novembro, o IPCA — índice oficial de inflação do país — ficou em 4,68%. No mesmo período do ano passado, o acumulado estava em 5,90%, em grande parte pelo efeito deflacionário do corte de impostos sobre os combustíveis, recompostos neste ano. Porém, destaca a queda de ritmo na redução da inflação como um fator de cautela.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, escreve o Copom em seu comunicado.
Além da inflação, o BC também está de olho na questão fiscal. Do último encontro pra cá, o governo Lula resolveu bater o martelo sobre a manutenção da meta, de déficit fiscal zero em 2024.Porém, a piora nas contas públicas deste ano e a dificuldade do Ministério da Fazenda em aprovar a agenda do ministro Fernando Haddad, com projetos de lei que visam aumentar a arrecadação.A percepção de risco fiscal aumentado mexe com as expectativas e pode afetar a inflação, com aversão de estrangeiros e fuga de dólares do país. Sem citar como risco, o Banco Central sublinha a importância do cumprimento da meta fiscal.“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, diz o comitê.
Entre os riscos para alta da inflação, o Copom cita uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado e as pressões inflacionária globais. Pelo risco baixista, o BC lista dois fatores externos: uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado. “O Comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetária”.
Mais cedo, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), manteve os juros do país inalterados, em uma faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. Esse continua sendo o maior nível das taxas desde 2001.A decisão já era esperada pelo mercado. Em comunicado, o Fed informou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica ainda mostra sinais de aquecimento e “permanece muito atento aos riscosde inflação". Jerome Powell, presidente do BC americano, fez um aceno tímido ao fim do ciclo de apertos — o que animou os investidores e derrubou o dólar. “Embora acreditemos que nossa taxa de juros esteja no pico do ciclo de aperto monetário ou perto dele, a economia surpreendeu analistas”, afirmou Powell em uma coletiva de imprensa após a mais recente reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto.
Portal SBN