Artista Lets apresenta mosaico de ritmos e sons no álbum “Esfera”

Artista Lets apresenta mosaico de ritmos e sons no álbum “Esfera”
Com 20 anos de carreira, o cantor e compositor Lets chega ao primeiro álbum autoral apresentando um mosaico de ritmos e sons que moldaram a sua formação musical. Intitulado “Esfera”, o álbum terá lançamento nas plataformas digitais, no dia 11 de agosto, com 11 composições que percorrem gêneros como o samba, congo, forró, baião, rhythm and blues, jazz e baladas, entre outros estilos.
Gravado no Estúdio A, em Vila Velha, com produção de André Daumas, o álbum foi selecionado pelo Edital de Produção Musical nº 12/ 2023, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES), e reflete a atuação de Lets no combate às desigualdades sociais.
A faixa “Viagem do Sertão” oferece uma ideia do conteúdo político da obra. Ao narrar a saga de um retirante que deixa o sertão para lutar pela sobrevivência, Lets faz uma defesa da capacidade de superação do povo brasileiro e do direito à felicidade, que deve (ou pelo menos deveria) ser igual para todos: “Minha gente tem um riso muito gostoso, e vocês querem que a gente sofra de novo/E a gente não vai parar de rir”, canta o artista, em tom de provocação sutil.
Como uma pessoa negra, não binária e descendente de nordestinos, Lets sentiu na pele a realidade que canta em suas composições. Letícia Chaves, seu nome de batismo, foi substituído no último ano por “Lets”, nome que não é exclusivamente associado a um gênero específico, ainda que ele prefira ser chamado no masculino.
Quem ouvir as 11 faixas do álbum também irá perceber um significativo componente religioso na temática das canções. Adepto da Cabula – religião afro-capixaba com forte presença na região do Sapê do Norte – Lets conta que o álbum “Esfera” representa uma ode a Exu, orixá cultuado nas religiões de matrizes africanas, e que atua como mensageiro entre os seres humanos e as divindades. “Exu, em iorubá, significa esfera, que é uma alusão ao movimento desse orixá que abre os caminhos, que está sempre se movimentando, sempre em sincronicidade. Como se trata do meu primeiro disco, quis fazer algo simbólico, uma oferenda musical dedicada a Exu”, revela Lets.
Repertório
Dentro dessa linha de pensamento, a seleção de repertório contemplou canções inéditas e releituras de composições conhecidas do público que acompanha a atuação do artista em festivais e casas noturnas de Vitória. Entre outros eventos, ele participou da Feira Cultural LGBT (2018), Festival Prata da Casa (2019), Festival Criolando (2019), 5ª Mostra Sesc Glória (2020) e da 6ª Semana de Cidadania LGBTQIA+ - Casa Gold (2024).
É o caso de “Nu”, gravada originalmente em 2020, em formato acústico, e que agora ganhou aspecto de balada rock’n’roll com o acompanhamento de guitarra, baixo e bateria. A outra regravação, “Vitorinha triste”, vem recheada de melancolia e desnuda a relação de Lets com sua cidade natal. Entre as inéditas, o single “Escuta o que vou contar” destaca-se pela fusão do ritmo do congo com o samba e pela homenagem a Dona Laura Felizardo, matriarca do povo bantu no Espírito Santo.
Para Lets, o álbum “Esfera” cumpre a missão de revelar ao público as suas diversas personas musicais: “É um disco que começa com forró e termina com jazz. Sou eu 100 por cento, essa biblioteca de sons com vários momentos diferentes. Tem música pra chorar, pra dançar, pra rir, pra tirar a roupa. Tem música para todos os gostos”, define.
Podcast
Juntamente com as ações de divulgação dos lançamentos musicais, Lets realiza uma série de cinco podcasts com artistas que ele admira e que considera como referências em seus respectivos campos de atuação. Os episódios estão sendo exibidos em formato de áudio e vídeo, sempre às quintas-feiras, às 12h, em diferentes plataformas digitais. Entre os convidados estão a liderança religiosa da Cabula, Alufa Baralejian; a escritora Édiphon Souza; a vereadora Ana Paula Rocha (Vitória); o bailarino e coreógrafo Paulo Fernandes e os músicos Ury Vieira e Dan Abranches.
PROGRAME-SE:
Lançamento do álbum “Esfera”
Artista: Lets
Data: 11 de agosto (segunda-feira)
Horário: 0h
Onde ouvir: nas plataformas digitais Spotify, Apple Music, Deezer, Amazon Music, YouTube Music, Tik Tok, entre outras
Distribuição: Landr
Projeto selecionado pelo Edital de Produção Musical nº 12/ 2023 da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES)
FAIXA A FAIXA POR LETS:
Abertura – “A primeira faixa é a que apresenta o álbum. É um texto que fala sobre o cosmos, o caos, sobre Exu. Foi escrito por Alufa Baralejian, liderança religiosa da Cabula, e as percussões foram feitas pelo Léo de Paula. É de fato a abertura dos caminhos”.
Viagem do Sertão – “A música mais ‘Exu’ do disco. Pensei numa ligação entre as faixas porque cada uma tem um sentido e acredito que discos contam histórias. ‘Viagem do Sertão’ fala sobre o caminhar de um trabalhador, de estrada, de um universo bem brasileiro”.
Dandara – “Samba em alusão a Dandara Zumbi, líder quilombola brasileira do século XVII, conhecida por sua participação no Quilombo dos Palmares. A letra conta que o povo preto deve viver a vida como quiser sem deixar que ninguém bote o dedo na sua cara. É um deboche, uma provocação, é posicionar-se de forma divertida”.
Escuta o que vou contar – “Minha homenagem à Dona Laura Felizardo, um dos mais importantes nomes da representatividade afro-capixaba. Tem ritmo de samba e elementos do congo, é capixaba e ao mesmo tempo ancestral. A narração da minha mãe, Celina Chaves, deixa tudo mais bonito e significativo para mim”.
Rocha sensível – “Uma das músicas mais bonitas do disco. Fala do Lula Rocha, essa personalidade que faz muita falta na capital. Quis fazer um samba em homenagem a ele. Por meio dessa canção, pretendo traduzir tudo o que o Lula foi e o que ele continua sendo: uma semente viva na vida de muita gente”.
Nu – “Fiz essa música quando de fato entendi que eu era uma pessoa não binária. ‘Nu” fala do amor e de como me sinto, de como me vejo, não apenas de amor, como também das marcas trans que carrego no corpo. É basicamente essa coisa de me despir, de enxergar bem quem eu sou”.
Capricorniana – “Capricorniana é o meu arranjo predileto. Expressa o amor romântico, a entrega, quando você está imerso ao outro. É visceral e intensa como os capricornianos. Foi inspirada em uma capricorniana, por isso tem esse nome”.
Fim de noite – “É a mais sensual do disco, que faz parzinho com ‘Capricorniana’. Costumo dizer que é uma música para tirar a roupa e para mandar para aquele crush desavisado. Os trompetes do Oziel Neto deixaram o arranjo sensual, com uma pegada de rhythm and blues”.
Dicotomia – “Música de protesto com uma mão na cabeça e outra nas cadeiras, em que falo sobre as desigualdades das cidades e sobre a questão de territorialidade, de uma forma dançante. Se pararmos para pensar na letra, veremos que se trata de uma música triste, em que se vê claramente a desigualdade social de Vitória. Representa a parte de protesto e empoderamento preto do disco”.
Navio – “É o grande hit da minha vida, que me acompanha há tempos e é conhecida pelo meu público. Significa o meu passado e também o desejo de ocupar espaços. É uma música de empoderamento para nós, pessoas pretas”.
Vitorinha Triste – “Música atemporal que fala um pouco de subtrações e de como estar na cidade de Vitória. Mas não é só sobre ir embora; acho que nunca foi sobre ir embora, e sim sobre ocupar de fato esta cidade. Traduz essa tristeza que às vezes nos pauta”.
FICHA TÉCNICA DO ÁLBUM:
André Daumas - Captação | Mixagem | Masterização
André Daumas - Teclados e programações
Jay Sant - Guitarras, violões
Baixo - Hugo Maciel , Luci Fernandes
Bateria - Luiger Lima
Percussão - Joabe Lima, Léo de Paula
Metais - Oziel Neto
Violão 7 cordas e cavaco - Chanel Rigolon
Sanfona - Douglas Littig
SAIBA MAIS SOBRE LETS:
Natural de Vitória (ES), o cantor e compositor Lets é um dos principais nomes da MPB e do groove no cenário capixaba. Lets é um jogo de palavras que se relaciona com o seu nome de batismo, Letícia Chaves. Sua relação com a música teve início na infância, cantando na igreja. Com 15 anos, ganhou um violão de presente do pai e passou a se dedicar a este instrumento, juntamente com o contrabaixo. Por não ter a oportunidade de estudar música, seu aprendizado se deu sozinho, seguindo as revistinhas de cifras, que eram febre nos anos 1980-2000.
Na adolescência, teve contato com os grupos de corais norte-americanos, nos estilos gospel, R&B, soul music, aprofundando-se em seguida na MPB: Djavan, Gilberto Gil, Cássia Eller, Ana Carolina. Atualmente suas maiores influências são as mulheres negras da “nova” MPB, como Luedji Luna, Liniker, Tássia Reis, Xênia França e Juçara Marçal. Entre os homens, cita Mateus Aleluia e Chico César.
Após participar de diversos shows e festivais no Espírito Santo, em 2020 lançou, de maneira independente, o EP “Nu”, resultado da sua participação no edital do “Gato Nômade”, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES).
Em 2021, lançou o single “Tempo de Nanã”, que também contou com videoclipe, tendo como referência os ritmos afro-brasileiros e artistas como Mariene de Castro, Luedji Luna e Margareth Menezes.
Em 2023, Lets apresentou o single “Encontro Precioso”, que trouxe a mesma identidade sonora de “Tempo de Nanã”, unindo afeto e ancestralidade, de modo a proporcionar calma a quem escuta. Em 2025, prepara-se para lançar o seu primeiro álbum, “Esfera”, juntamente com os singles “Escuta o que vou contar” e “Nu”. “A música, para mim, é o caminho de cura, libertação e exaltação ao povo preto. A palavra chega às vezes como espada, mas também há afeto, acolhimento e força”, define.
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