Brasil sai de lista de "sujos" e entra para grupo de parceiros comerciais dos EUA

Após quase dois meses de negociações, o Brasil deixou a lista dos 15 países considerados problemáticos pelo governo dos Estados Unidos e passou a integrar um seleto grupo de parceiros comerciais mais alinhados, ao lado do Reino Unido e da Austrália. O resultado garantiu ao país uma tarifa de 10% sobre exportações, percentual inferior ao aplicado a outros grandes mercados, como União Europeia e China.
A reviravolta ocorreu após uma intensa articulação diplomática e empresarial. Fontes do governo brasileiro e do setor privado relataram três fatores decisivos para a mudança de status. O primeiro foi a retomada do diálogo entre os governos, iniciado com uma conversa entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, em março. Esse contato abriu canais de comunicação entre o Itamaraty e o USTR (órgão de comércio dos EUA), permitindo negociações diretas.
Outro fator crucial foi a mobilização do setor privado. A Amcham Brasil, maior câmara de comércio americana fora dos EUA, reforçou o argumento de que tarifas mais altas prejudicariam as próprias empresas americanas que operam no Brasil. O país é um dos maiores geradores de superávit para os EUA no comércio de bens e serviços, além de remeter bilhões de dólares em lucros para matrizes americanas.
Por fim, a diplomacia brasileira intensificou esforços nos bastidores. O embaixador Mauricio Lyrio, negociador do Itamaraty, manteve reuniões estratégicas em Washington, incluindo encontros na Casa Branca e no Congresso americano. O objetivo foi reforçar que o Brasil é um parceiro comercial confiável e que sanções mais severas prejudicariam os próprios interesses dos EUA.
A mudança de percepção sobre o Brasil trouxe alívio ao governo e ao setor produtivo, que temem impactos das políticas protecionistas de Donald Trump. Apesar da tarifa de 10%, as taxas impostas a concorrentes como China, Japão e União Europeia foram muito mais severas, o que pode beneficiar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
Com os canais de negociação abertos, o Brasil espera avançar na revisão de outras tarifas impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros. Uma nova rodada de discussões entre os dois países está prevista para a próxima semana.
Portal SBN | Com informações | CNN Brasil