Alunos criam aplicativo que ajuda a identificar câncer de mama
Usar a inteligência artificial em prol da saúde. Esse é o objetivo de um aplicativo que identifica, por meio de imagens de biópsia, áreas do corpo humano onde é provável existir um câncer de mama. A tecnologia foi desenvolvida por sete estudantes do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e já chama atenção de médicos ao redor do Brasil.
Intitulado "Breast Cancer Detection", o aplicativo foi desenvolvido sob a coordenação do professor de Matemática Fidelis Zanetti de Castro, no campus da instituição que fica em Vitória. Ao todo, foram três meses dedicados para estruturar a tecnologia até que ela começasse a ser testada na prática.
"As imagens histopatológicas passam por avaliação médica, mas os alunos descobriram que há 70% de discordância entre os diagnósticos. Então, desenvolveram esse aplicativo que analisa essas imagens, pinta de vermelho as regiões prováveis de ter câncer, dá um diagnóstico - se é maligno ou benigno - e o tipo de tumor", esclareceu Castro.
O professor disse ainda que o aplicativo já está em funcionamento e, inicialmente, foi desenvolvido para ser acessado no celular.
"Já tivemos interesse de um médico em São Paulo que quer entender melhor como funciona. Agora, para facilitar o dia a dia de uma equipe médica, a gente quer acoplar o sistema em um software de uma clínica ou hospital, transformando em uma aplicação web para não ficar só no celular”, acrescentou o professor.
Como o aplicativo funciona?
Para acessar o "Breast Cancer Detection", o médico precisa fazer o login no sistema, onde terá acesso a todos os prontuários dos pacientes que atendem.
"Com o prontuário, ele consegue fazer o download do exame de laboratório feito pelo paciente e colocar essa imagem para ser analisada. O sistema devolve essa imagem colorida, como se tivesse áreas de calor, que mostram as áreas onde o médico precisa ter mais cuidado", explicou o professor.
Ainda segundo Fidelis, quanto mais vermelha a área, maior a chance de que exista um câncer de mama no local.
Dessa forma, o sistema também consegue dar um pré-diagnóstico para o médico, além de indicar o nome de um dos oito tipos de nódulos existentes na mama, entre benignos e malignos.
O professor enfatizou que a proposta não é substituir o médico.
"No final do pré-diagnóstico e de toda a análise, o sistema pergunta ao profissional se aceita o diagnóstico ou não. Independentemente da resposta, o médico precisa colocar uma justificativa, que vai deixar o aplicativo mais inteligente ainda", completou.
Aplicativo foi premiado em concurso de inovação
O aplicativo foi premiado em uma competição de inovação realizada pela Escola Avançada de Tecnologia (EAT), em São José dos Campos, São Paulo. O evento, realizado entre os dias 22 e 27 de julho, foi promovido pelo Instituto Alpha Lumen e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) Brazil.
O prêmio dessa conquista é uma imersão tecnológica de uma semana no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), reconhecido como a melhor universidade do mundo, segundo o QS Ranking 2024.
Para a estudante do 1º período do curso de Bacharelado em Sistemas de Informação, Wilsiman Santos Evangelista Silva, que foi uma das responsáveis pelo projeto, a vitória representa uma conquista significativa para a trajetória acadêmica dos estudantes.
"É uma experiência incrível, uma oportunidade maravilhosa. A gente acreditou muito no nosso projeto, no nosso trabalho, mas ganhar algo assim é muito impactante. E a gente pretende continuar o aplicativo, o projeto, até por conta da importância social".
Além de Wilsiman, a equipe de estudantes, que recebeu o nome de LEDS, era composta pelos seguintes alunos:
Murilo Coser Rocha, do 2º ano do curso técnico em Informática para Internet, integrado ao ensino médio;
Vitória Cruz de Aguiar, do 1º ano do curso técnico em Informática para Internet, integrado ao ensino médio;
Samuel Oliveira Benevides Barros, do 3º ano do curso técnico em Mecatrônica, integrado ao ensino médio;
Livia Helena da Silva Estevão Araujo, do 2º ano do curso técnico em Mecatrônica, integrado ao ensino médio;
Caio Silva Assenção, do 1º ano do curso técnico em Mecatrônica, integrado ao ensino médio, todos do turno matutino.
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