Família presa por fabricar e vender armas clandestinas usava crianças para despistar a polícia no ES
A família presa por fabricar, negociar e distribuir armas caseiras em Vitória e municípios da Região Metropolitana, escondia os armamentos nas bolsas das crianças no momento da entrega para despistar abordagens policiais. Ao todo, seis pessoas foram presas, entre pai, mãe, filhos, irmãos e cunhados. As informações foram divulgadas pela Polícia Civil nesta sexta-feira (26).
O delegado Daniel Belchior, titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), explicou que para disfarçar a entrega das armas, toda a família ia ao destino da venda em um mesmo carro, como se estivessem fazendo um passeio.
" Saía pai, mãe e filho, por vezes até escondendo a arma na bolsa da criança, para não chamar a atenção", detalhou o delegado Belchior.
O delegado explicou ainda que alguns membros do grupo tinham trabalhos formais e isso foi considerado durante as investigações como uma alternativa para despistar a polícia.
“Eles conciliavam a atividade formal com a vida criminosa. Uma das mulheres trabalhava como professora, um homem atuava como auxiliar de serviços gerais, e outro em uma loja que vendia ferros”, disse o delegado.
A corporação divulgou que, entre maio e dezembro de 2023, o grupo vendeu pelo menos 200 unidades, ou seja, um faturamento de pelo menos meio milhão de reais.
Belchior falou ainda sobre a complexidade investigações sobre desse tipo.
“Investigações de fabricação de armas caseiras envolve não só a dificuldade de rastrear as armas como também as pessoas que fabricam, porque elas não possuem perfil de envolvimento com esse tipo de situação, às vezes não têm passagem criminal, mas em função de um atrativo financeiro acabam se dedicando à atividade criminosa", concluiu.
Entenda qual é a participação de cada um da família no esquema
Segundo as investigações, cada membro do grupo tinha uma função estabelecida, que ia desde a produção do armamento até a entrega. Os integrantes do esquema vendiam do varejo ao atacado, para quem encomendasse, e cobravam de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil por "peça".
De acordo com a Polícia Civil, o esquema funcionava da seguinte forma:
Edilson Manske : é o pai da família. Apontado pela polícia como responsável por fabricar as armas.
Wilrison Manske: filho de Edilson e apontado como um dos que fabricava as armas caseiras. Foi preso na primeira fase da operação, em dezembro do ano passado.
Tiago Manske: filho de Edilson. Atuava como entregador das armas. Normalmente esse "delivery" era feito de carro.
Ariane Vingler Gonçalves: esposa de Wilrison. Segundo a polícia, ela era a responsável por gerenciar os pagamentos, além de ajudar nas entregas.
Bruno Vingler de Sena, conhecido como 'Jhon Caseiras': irmão de Ariane. Ele era o que fazia as negociações das vendas com os clientes na Grande Vitória.
Hellen Luise Santos Silva: Esposa de Bruno. Atuava na parte das entregas das armas.
Investigação começou em dezembro
A Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) descobriu o esquema durante a Operação Legado Armeria, que começou em 2023, e as investigações foram finalizadas nesta semana.
Em dezembro, na primeira fase da operação, a fábrica onde as armas eram produzidas foi descoberta, em um sítio em Cariacica, na Grande Vitória. Foram apreendidos diversos materiais, como pistola e carabina.
Na ocasião, Wilrison Manske foi preso em flagrante. Ele é apontado como um dos fabricantes das armas. As investigações continuaram e outros integrantes do grupo foram identificados. A surpresa para a polícia veio com a descoberta de que todos faziam parte da mesma família.
As prisões dos outros cinco membros do grupo aconteceram no dia 23 de abril, em casa e em seus locais de trabalho, nos municípios de Serra e Cariacica.
Aprendeu a fazer armas na internet
Quando Wilrison Manske foi preso, ele contou à polícia que aprendeu a fabricar as armas pela internet. Essa informação desencadeou outra investigação. Na semana passada, sites que ensinavam a fabricar e que também comercializavam armas foram retirados do ar. Ninguém foi preso até o momento.