A situação política em Serra dos Aimorés, Minas Gerais na eleições de 2024, apresenta um cenário singular e inusitado que merece reflexão. O candidato Wander Pinto, representante do partido Avante, está prestes a ser o único concorrente na disputa pela Prefeitura da cidade. Com 70 anos, Wander optou por se candidatar a um cargo que, pela legislação eleitoral brasileira, exige a realização de eleições mesmo na ausência de concorrentes. Essa circunstância levanta questões sobre a natureza da democracia e a participação cidadã.

Segundo a legislação, é imperativo que haja um pleito para a escolha do prefeito, mesmo com a presença de um único candidato. Importantemente, se o encarregado da candidatura não obtiver votos válidos, incluindo os votos nulos e brancos, uma nova eleição deverá ser convocada. Neste contexto, Wander Pinto precisa alcançar a maioria absoluta, o que, na prática, significa a necessidade de apenas um voto – o seu.

Essa configuração desafia a concepção tradicional de eleições e participação popular. A exigência de votar, mesmo quando a opção é limitada, ressoa como um lembrete da importância do envolvimento cívico e da responsabilidade democrática. A figura de um candidato solitário na corrida eleitoral pode suscitar uma reflexão profunda sobre o estado da política local, a motivação dos cidadãos e a dinâmica de liderança na comuna.

A eleição em Serra dos Aimorés, portanto, não é apenas um ato burocrático. Ela simboliza a vontade dos cidadãos de serem representados, mesmo que, aparentemente, a escolha recaia sobre um único indivíduo. Dessa maneira, o pleito pode ser visto como uma oportunidade para o renascimento do engajamento eleitoral, em uma cidade que enfrenta os desafios de uma democracia que busca se afirmar em um contesto de escassez de alternativas políticas.

Portal SBN