A quarta edição do Festival Caju de Leitores começou nesta terça-feira (2/9), na Aldeia Xandó, em Porto Seguro, com uma programação voltada à valorização da literatura indígena infanto juvenil. A abertura foi marcada pela força da Oração Pataxó, realizada pelo Centro de Cultura local.

Pela manhã, o palco Maria Coruja recebeu Yamalui Kuikuro e Sabará Pataxó para uma roda de conversa sobre memória ancestral. Sabará se emocionou ao compartilhar a história do Fogo de 51, transmitida por sua mãe. Yamalui falou sobre seus estudos sobre os povos do Xingu e encerrou com uma reza tradicional.

No palco Cacique Sabará, a manhã foi dedicada às crianças. A contadora Lucia Tucuju encantou os pequenos com o espetáculo Contos Indígenas para Crianças, levando os “kitokis” a uma viagem pelo imaginário da floresta. Em seguida, a Companhia de Teatro Livro Aberto apresentou a peça Ervilina e o Princês, arrancando risos e aplausos da plateia infantil.

TARDE

À tarde, o debate “História Indígena com I Maiúsculo” reuniu Liça Pataxoop, Marcos Terena e Sairi Pataxó, com mediação de Trudruá Macuxi. Dona Joana, mãe de Sairi e anciã da comunidade, participou trazendo profundidade ao diálogo. Liça apresentou desenhos que narram histórias do povo Pataxó, usados como instrumento de fortalecimento cultural. Marcos Terena compartilhou sua trajetória na construção da identidade indígena.

Na mesa “Virei Papel”, Mihai Bello Pataxó e Honorato Carmo discutiram o papel da escrita na preservação das identidades indígenas. O dia foi encerrado com a apresentação musical dos Marujinhos, da Aldeia-Mãe Barra Velha, celebrando os cantos tradicionais Pataxó.

PROTAGONISMO FEMININO E LITERATURA INDÍGENA

Na quarta-feira,  dia 3 de setembro, o palco Maria Coruja será tomado pela força das mulheres indígenas. A programação começa com Cantigas de Roda Ancestrais da Aldeia-Mãe, conduzida por Maria Coruja. Em seguida, a mesa literária Contos da Terra-Mãe reunirá Nitxinawã Pataxó e Vãngri Kaingang, com mediação de Trudruá Macuxi. Encerrando o dia, a mesa Ancestrais em Movimento trará Yamalui Kuikuro e Thyrry Yatsô, sob mediação de Edson Kayapó.

No palco Cacique Sabará, a mesa Quando as Vozes Indígenas Escrevem contará com Thyrry Yatsô e Caamini Braz Borges, abordando a relevância das biografias indígenas na construção da memória coletiva. Maria Rios apresentará o projeto Lixo é Luxo.

A programação segue até sexta-feira (5), com atividades gratuitas das 9h às 18h, no Centro Cultural Indígena Oca Tururim. Com o tema “A Voz da Terra”, o Festival reúne autores, artistas e lideranças indígenas de diversas regiões do país, promovendo contação de histórias, rodas de conversa, feira de livros, exposições e oficinas.

O Festival Caju de Leitores é uma realização da Savá Cultural, com apoio do Ministério da Cultura e do Governo Federal. Conta com patrocínio via Lei Rouanet da Neoenergia Coelba, Instituto Neoenergia e Itaú Unibanco; e com patrocínio da Secretaria Municipal de Turismo de Porto Seguro, por meio da Superintendência de Cultura. Tem ainda parceria acadêmica da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e reúne uma rede de parceiros locais, incluindo pousadas, comércios, instituições comunitárias e escolas da região.

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