Escândalo: Ciro Nogueira diz que corrupção no governo é 'virtual' e defende aliança centrão-militares

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Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Escândalo: Ciro Nogueira diz que corrupção no governo é 'virtual' e defende aliança centrão-militares

Ministro afirma só haver 'narrativas' sobre desvios, que segundo turno começou e que presidente só perde 'para ele mesmo'
Política - Escândalo

O ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) chamou de "corrupção virtual" as suspeitas de pedido de propina por pastores indicados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para intermediar reuniões no MEC (Ministério da Educação).

Chamado de "amortecedor" no governo, o ministro disse não acreditar que o episódio atrapalhe o discurso anticorrupção do governo. "Não houve corrupção. É uma corrupção virtual. Existem as narrativas, mas o que foi desviado lá? Não foi pago nada", afirmou à Folha.

Ele deu a entrevista na noite de quarta (6), dois dias antes de se tornar público relatório da Polícia Federal que afirma que o ministro cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro sob a suspeita de ter recebido propina da JBS em troca de apoio para a reeleição de Dilma Rousseff (PT) em 2014.

Procurado novamente nesta sexta (8), o titular da Casa Civil não foi encontrado, mas sua assessoria chamou a conclusão da PF de "enredo fantasioso", disse que ele será inocentado e que o episódio não tem relação com a participação dele no governo Bolsonaro, mas com "o período turbulento da criminalização da política".

Na entrevista à Folha, Ciro Nogueira disse que o segundo turno das eleições "já começou" e que Bolsonaro só perde para ele mesmo, caso tome decisões equivocadas na área da economia.

Dirigente do PP, o chefe da Casa Civil afirmou ainda que a aliança de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com Geraldo Alckmin (PSB) "envelheceu a chapa", enquanto a dobradinha de centrão e militares, que pode ser reforçada com a candidatura de Braga Netto a vice-presidente, "está dando certo para o país".

O presidente da Câmara defendeu nesta semana rever a Lei das Estatais, diante das indicações que deram errado na Petrobras. O sr. também defende? Estamos vivendo um novo momento. Você viu essa celeuma da indicação do Adriano [Pires] e do [Rodolfo] Landim. Já pensou se tivessem essas leis de compliance na época do PT, quando eles foram para dentro da Petrobras? Essas pessoas não teriam tido acesso à Petrobras.

Então, nós temos que enaltecer e proteger [a lei], mas eu acho que nenhuma lei é imexível, que não possa ser aprimorada. Vou até conversar com o presidente [da Câmara] Arthur [Lira] para ver o que ele tem para sugerir. Acho que o Arthur, como tudo que ele apresenta, sempre tem meu aval. Se for para melhorar, o governo pode apoiar.

O presidente falou recentemente que o Milton Ribeiro [ex-ministro da Educação] deixou temporariamente o governo. Ele pode voltar? Ele é uma figura que tem todo o nosso respeito, um homem de bem, correto, sério. Como não tenho dúvida de que será inocentado, não vejo problema de ele retornar ao governo. Mas não é decisão minha, é do presidente.

Como sustentar o discurso anticorrupção com um caso desse dentro do governo? Mas não houve corrupção. É uma corrupção virtual. Existem as narrativas, mas o que foi desviado lá? Não foi pago nada. Não foi empenhado nada.

Por que é virtual? Porque não aconteceu. Vocês já esmiuçaram esse caso. Algum recurso foi desviado? Nenhum recurso foi desviado, porque não foi pago nada. É igual à questão das vacinas, é uma corrupção virtual, que não existiu.

Houve pedido de propina dos pastores, segundo relatos dos prefeitos. Mas não de alguém do governo.

Segundo a fala do próprio Milton, foi o presidente que indicou os pastores, eles levaram os prefeitos. Indicou, mas não para fazer nada de errado.

O sr. acha correto dois pastores que não tinham vínculo com o MEC participarem de reunião dentro do ministério? Não vejo nenhum problema em participar de reunião. Se existe um governo que não é tolerante com corrupção é o nosso. Às vezes, vejo muita gente aí falando, principalmente do PT: "Corrupção, corrupção". Se for para entrar nisso, vamos botar um debate entre o Paulo Guedes e o [Antônio] Palocci para ver como está essa questão de corrupção.

Também há discussão a respeito das emendas de relator. De que forma o sr. avalia esse tipo de distribuição de verbas, que privilegia a base do governo? Você já viu um governo, desde que o mundo é mundo, não fazer isso? Você acha que no governo do PT o pessoal do PSDB fazia as indicações?

Mas o governo Bolsonaro prometia outra conduta. Não, a conduta diz respeito ao recurso ser bem executado, não ter desvio de recurso e chegar para a população. Recebemos as indicações do relator do Orçamento. O comando é todo do Congresso. Se é do governo, por que se empenhou recursos para os integrantes do PT?

O presidente teve uma melhora de intenção de votos. A que o sr. atribui a melhora? Não dá para comparar com nenhum governo [anterior], porque ninguém enfrentou uma pandemia. Mas as pessoas agora estão tomando conhecimento do que foi realizado, as falsas narrativas daquela CPI absurda que criaram.

O governo vai fazer três anos, não tem nada de corrupção. Existe um sentimento que o presidente tem direito à reeleição como os outros tiveram. O segundo governo Lula foi melhor do que o primeiro. O presidente tem direito à reeleição, e o próximo [mandato] dele vai ser muito melhor que o primeiro, porque não vamos enfrentar pandemia, guerra, seca.

O sr. fala com convicção sobre a vitória, mas Lula tem mantido o patamar de votos. Como ganhar? O maior cabo eleitoral de Bolsonaro é o Lula. O Bolsonaro de hoje é muito melhor do que o Bolsonaro de 2018. O Lula é o contrário. O Lula de hoje é muito pior do que o Lula de 2002. Tenho certeza que as pessoas não vão querer isso.

O sr. teme que Bolsonaro possa não aceitar o resultado das urnas? Ele sempre ganhou nas urnas e vai ser reeleito. Há três meses, se falava que ele podia perder pro Lula. Hoje só perde para ele mesmo. Não Bolsonaro, mas o governo como um todo. Se não tomar medidas corretas, se for fazer medidas eleitoreiras, estourar o teto de gastos. Nós já estamos nos 45 do segundo tempo, com a bola na marca do pênalti. Presidente só precisa chutar para o gol.

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