Crianças em situação conexa à escravidão eram obrigadas a vender doces e pedir dinheiro no ES
Secretário de Segurança de Marataízes também disse que crianças tinham sinais de maus-tratos e pareciam não receber alimentação adequada.
As três crianças que estavam desaparecidas no Espírito Santo e foram resgatadas no Sul do estado, em situação análoga à escravidão, eram obrigadas a vender doces e pedir dinheiro nas cidades de Piúma e Marataízes, na região litorânea.
De acordo com o secretário de Segurança de Marataízes, Anderson Gouveia, a primeira criança foi flagrada vendendo doces em uma lanchonete da cidade pela Guarda Municipal na última sexta-feira (20/05/2022), depois que a Prefeitura recebeu a denúncia que uma mulher teria sequestrado ela há um ano em Cachoeiro de Itapemirim.
"Em um trabalho praticamente escravo, elas eram obrigadas a vender as cocadas e também pedir dinheiro nos bares e restaurantes de Piúma e Marataízes", informou o secretário.
De acordo com ele, a mulher que estava com a criança no momento da abordagem da Guarda Municipal e da Polícia Civil deu um nome falso aos agentes.
"No videomonitoramento, foi constatado que essa mulher ficava muito próxima da criança. Quando a criança começava a conversar, a mulher a coagia. Na abordagem, a mulher se negou a apresentar documento e na bolsa foi encontrada uma identidade que comprovava que ela era a mulher procurada. A criança em um primeiro momento mentiu porque a mulher a coagia", contou o secretário.
Mais duas crianças localizadas
Na Delegacia do município, o pai da criança foi localizado e reconheceu o filho que não via há um ano. Também foi verificado que em Piúma estavam mais duas crianças. Elas foram achadas e resgatadas no dia seguinte e estavam com uma outra mulher que fugiu do local.
"Foi uma situação muito adversa. Tinha sinais de maus-tratos e sinais que as crianças não estavam bem acondicionadas naquele local e a alimentação não parecia ser correta. As crianças não estavam bem alimentadas pelo que parece. Na delegacia uma das crianças tentava falar a verdade, mas era coagida o tempo todo. Elas tinham muito medo dessas mulheres, por isso elas faziam esse tipo de trabalho", disse.
O Conselho Tutelar de Marataízes foi acionado e as crianças resgatadas foram encaminhadas para as famílias.
Mulheres presas eram mães das crianças, diz advogado
O advogado Caio Zampirolli disse que as crianças sequestradas eram filhas das mulheres e que as guardas eram compartilhadas com os pais. Um deles, inclusive, registrou o desaparecimento do filho há cerca de um ano, quando perdeu o contato com a criança.
"A guarda era compartilhada. As crianças ficavam com os pais até que isso aconteceu há pouco mais de um ano", contou.
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