Com munição extra da PF para Lula isolar bolsonarismo, Centrão vê recomposição de forças
Novas denúncias dão fôlego à ofensiva iniciada há meses pelo presidente para desidratar grupo base de apoio de seu adversárioO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já vem atuando há tempos em várias frentes com um objetivo: isolar Jair Bolsonaro e seu partido, o PL.
Somente nos últimos meses, Lula consolidou pontes com o Supremo Tribunal Federal (STF), firmou sua relação com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aproximou-se de governadores de oposição e até trocou afagos públicos com Tarcísio de Freitas (Republicanos).
E, se tem algo que a Operação Tempus Veritatis lhe rendeu, é munição extra contra o adversário.
Ontem, em meio à forte repercussão da operação contra Bolsonaro e seus aliados, líderes do Centrão já vislumbravam uma provável recomposição de forças na cena política nacional.
Alguns falavam em “desidratar a direita”. Outros diziam que o momento era propício para levar boa parte desse grupo a virar em definitivo a casaca – que, aliás, já está parcialmente virada há algum tempo.
Estão na mira de Lula, em especial, as alas do Republicanos e do PP que ainda permanecem fiéis a Bolsonaro.
Os dois partidos formaram, ao lado do PL, o “tripé” que fundamentou a campanha de reeleição de Jair Bolsonaro. Ambas as legendas já aderiram ao governo, com direito a assentos na Esplanada. Mas o fizeram de maneira velada.
Lula quer um “casamento de papel passado”, dizem aliados.
Uma peça-chave nessa equação é o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos). Já alçado à condição de pré-candidato à cadeira de presidente da Casa, Pereira parece ter encontrado em Lula um aliado estratégico para suceder o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Uma avaliação recorrente no Centrão governista é que Elmar Nascimento (União-BA), nome de Lira para a vaga, dá sinais de que pode custar a decolar. E que Pereira, por sua vez, poderia acabar buscando o endosso para se viabilizar em Lula e no PT.
Para Lula, entra na conta uma meta importante: reduzir a dependência em relação a Lira no Congresso.
O clima entre o governo e o presidente da Câmara anda para lá de azedo desde o fim do ano passado. E o presidente tem pressa. Se não encontrar uma solução para a articulação política, corre o risco de ver a agenda econômica empacar, atingindo em cheio o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Portal SBN