'Você vai morrer', gritou motorista antes de atirar e matar menina de 6 anos
'Família está destruída', diz tio da vítima. Polícia Civil trabalha para encontrar veículo usado no crime e identificar o assassino. Motivação ainda
A Polícia Civil de Minas Gerais investiga a morte da menina Melissa Maria Alexandre dos Santos, de 6 anos, baleada na Rodovia Fernão Dias (BR-381), no último domingo, na altura do município de Contagem. A criança estava no banco de trás do carro dirigido pelo pai, quando acabou atingida na cabeça por um tiro disparado pelo ocupante de um outro veículo. A família nega que tenha havido qualquer desentendimento de trânsito, e o assassino é procurado.
Leandro Julio dos Santos, de 34 anos, é tio da menina — irmão do pai dela, Maicon Junior dos Santos, de 35 anos, que dirigia o carro da família. Segundo ele, Maicon, ainda muito abalado, conta que não houve qualquer briga antes do disparo e que, ao emparelhar o carro, o homem que dirigia o outro veículo já anunciou que tinha a intenção de matá-lo.
— Ele diz que não teve briga nenhuma. Simplesmente a pessoa veio do lado dele, xingou "seu desgraçado, você vai morrer agora", pegou uma arma do banco ou do console do carro e, enquanto segurava o volante com a mão esquerda, atirou com a mão direita. Eles estavam os dois a cerca de uns 80km/h. Essa pequena desaceleração, enquanto ele pegava a arma, foi o suficiente para dar a diferença entre os motoristas que fez com que a bala atingisse a minha sobrinha — conta.
Leandro conta que o carro usado pelo atirador era um Fiat Uno Vivace branco. As principais características, revela, eram um "leve amassado" na parte traseira e a falta de um para-barro acima da roda esquerda traseira. Ele diz que o irmão não tem inimigos, não deve dinheiro a ninguém — "pagou o sepultamento da Melissa à vista" — e vive uma vida confortável. Não conhecia o atirador, "um homem dele pele morena clara". Por isso, a principal suspeita da família é de que o suspeito tenha se irritado com alguma manobra na pista que o pai da criança não percebeu.
— Não teve briga e ele diz que não se recorda de ter fechado o carro dele. A gente imagina que possa ter acontecido e ele não ter nem percebido. Nessa parte da rodovia onde tudo aconteceu há três faixas de movimento rápido. Nós conversamos com os policiais no dia e falamos sobre isso: ele é um cara super do bem, vive trabalhando, não tem problema com ninguém.
Por fim, Leandro desabafa, e diz que a família está destruída com o que aconteceu. A menina morreu nos braços da avó, com quem passava a maior parte do tempo enquanto o pai trabalhava.
— Minha mãe (avó da menina) está super abalada. Ela era praticamente mãe da menina, passava a semana toda com ela, dormia junto, dormia agarrada. Ela está destruída. No carro, estava meu irmão dirigindo, o banco do carona vazio, atrás do meu irmão estava a minha mãe, no meio o pequeno de 3 anos, e no outro cano, no lado mais próximo dos bandidos, estava a minha sobrinha de 6 anos com o cinto de segurança. Quando a gente para para olhar por onde a bala passou no vidro, pegou certinho na cabeça dela. Só não pegou em mais ninguém porque quem tava no meio era o pequeno. Passou bem na frente dos olhos da minha mãe.
'Vamos concluir este inquérito o mais breve possível'
O delegado Ítalo Almeida, da Delegacia Especializada em Investigação de Homicídios de Contagem, que está à frente das investigações, afirma que os policiais estão empenhados em achar o suspeito e que o caso pode ter um desfecho em breve.
— O que sabemos até agora sobre a dinâmica do crime é que o pai da criança estava trafegando na Rodovia Fernão Dias, quando o condutor de um segundo veículo apareceu na lateral direita dele, xingou, apontou uma arma e em seguida efetuou o disparo — conta. — Não podemos revelar detalhes sobre o que já levantamos até agora, para não atrapalharmos as investigações, mas a delegacia está muito empenhada para que possamos resolver esse caso. As equipes estão em diligência nas ruas e vamos concluir este inquérito o mais breve possível.
O que se sabe
O caso aconteceu no domingo, por volta das 16h, no km 480 da Rodovia Fernão Dias, altura de Contagem. A família voltava de um almoço e se dirigia para a cidade de Raposos.
O motorista, pai da vítima, conta que, de repente, o condutor de outro veículo, um Fiat Uno Vivace branco, emparelhou, o xingou — "Seu desgraçado, você vai morrer agora" — e atirou, acertando a menina na cabeça.
O pai, desesperado, arrancou com o carro em busca de ajuda, ao notar que a filha foi atingida, deixando o assassino para trás. Depois disso, ele não foi mais visto. A menina foi levada ao Hospital de Contagem, mas não resistiu aos ferimentos.
O caso foi registrado pela Polícia Rodoviária Federal e as investigações delegadas à Polícia Civil. Os investigadores tentam chegar ao carro usado no crime e ao atirador.
Segundo o pai da vítima, o Fiat Uno branco tinha um amassado na traseira e, acima da roda esquerda traseira, faltava um para-barro preto.
A família acredita que, além do motorista, "um homem de pele morena clara", havia no carro pelo menos mais duas pessoas.
A polícia já realizou perícia no carro da família e no corpo da criança e agora tenta identificar os suspeitos. Questionada se câmeras e radares da rodovia flagraram o deslocamento do automóvel usado no crime, a Polícia Rodoviária Federal afirmou apenas que "após entrega da ocorrência, as investigações são de responsabilidade da Polícia Civil". Melissa foi sepultada na segunda-feira.
PORTAL SBN