Professores da Ufes decidem continuar greve; Ifes vai retomar aulas
Indo contra a decisão do Sindicato Nacional do Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), que aceitou a proposta de reajuste enviada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes) informou nesta segunda-feira (24) que vai continuar em greve por tempo indeterminado. Já a greve nos Institutos Federais do ES (Ifes) foi encerrada e, segundo o diretor da seção sindical (Sinasefe) Marcus Podestá, todas as aulas devem voltar ainda nesta semana.
Nem a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes) nem o Sinasefe possuem levantamento de quantos alunos foram afetados e nem de quantos professores e servidores aderiram a greve.
No caso da Ufes, alguns servidores de todos os campi — Maruípe e Goiabeiras em Vitória, Alegre e São Mateus — seguem sem trabalhar.
"O conjunto das seções sindicais filiadas ao sindicato nacional deliberou por aceitar a proposta, mas a nossa assembleia realizada na semana passada delibou pela continuidade da greve em função de que o acordo sequer foi apresentado para nós na forma de minuta", relatou a presidente da Adufes, Ana Carolina Galvão.
"Localmente a gente deliberou por continuar a greve, que foi na contramão, mas várias outras sessões sindicais estão fazendo essa mesma indicação"
Além do reajuste salarial, dentre os principais pedidos da universidade estão uma recomposição do orçamento da instituição.
"Nossa reinvindicação era de uma recomposição do orçamento de 2016 que pudesse receber a correção inflacionária de lá pra cá. O que o governo fez foi apresentar o PAC da educação, que não é suficiente. O que a gente tem nessa recomposição até 2026 não chega nem a metade do orçamento que tínhamos", comentou a presidente.
Já a seção do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica no Espírito Santo confirmou que os servidores do Ifes vão acompanhar a decisão nacional pelo fim da greve. Segundo o diretor da seção sindical Marcus Podestá, o calendário de reposição das aulas deve ser divulgado em breve.
Aumento no auxilio estudantil
A presidente da Adufes apontou que o aumento no número de estudantes que precisam de bolsas fez com que o orçamento da universidade não fosse suficiente.
"Mais de 70% da população de graduandos segundo o último estudo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) tem a renda per capita familiar de até um salário mínimo e meio por familiar. Então isso significa que a população mais carente adentra a universidade. E é justamente quando os recursos diminuem", disse.
"Então a gente precisa que esse orçamento seja reforçado. Também temos demanda estudantil de moradia. A Ufes tem 70 anos e não tem moradia e não veio nenhum recurso para isso"
Ana Carolina Galvão reforçou que novas assembleias serão realizadas para a apresentação de novas propostas, e que a universidade ainda não decidiu como organizar o calendário acadêmico.
O g1 procurou o Ministério da Educação, mas não teve nenhum retorno até a última atualização desta reportagem.
Histórico
Os professores e servidores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) entraram em greve na manhã do dia 15 de abril.
As aulas e todas as atividades presenciais no campus da Ufes de Goiabeiras foram suspensas no primeiro dia de greve.
Neste campus, 11.167 estudantes estão matriculados. As atividades do campus de Maruípe também serão suspensas, no turno vespertino. Por lá, são 2.129 alunos matriculados.
No mesmo dia, o Ifes informou que das 23 unidades, duas estavam com as aulas suspensas. Dentre elas o campus de Viana , na Grande Vitória, e o campus Centro-Serrano, que fica em Santa Maria de Jetibá.
A mobilização nacional e tinha reivindicações dirigidas ao Governo Federal para melhorias nas carreiras docente e técnico-administrativa da área de educação.
As principais reivindicações dos servidores eram a reestruturação das carreiras e a recomposição salarial.
A reivindicação era para 22,71% de reajuste, dividido em três parcelas iguais em 2024, 2025 e 2026. Já o governo federal propõe reajuste zero para este ano, e dois reajustes de 4,5% em 2025 e 2026.
No último domingo (23) os professores das universidades federais decidiram encerrar a greve nacional dos docentes.
Segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), o comando nacional da greve decidiu encerrar as paralisações a partir desta quarta-feira (26) — quando a entidade deve assinar um acordo junto ao Ministério da Gestão e Inovação a fim de consolidar os termos da proposta.
A proposta acatada pelos professores das federais prevê reajustes em 2025 e 2026, com percentuais diferentes para cada classe profissional. Mas segundo a presidente, o que foi apresentado não atende as necessidades da instituição.
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