Prefeitura de Vitória celebra Educação de Jovens e Adultos em evento especial

Portal SBN
Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Prefeitura de Vitória celebra Educação de Jovens e Adultos em evento especial

A secretária municipal de Educação, Juliana Rohsner, emocionou a plateia ao proferir palavras inspiradoras durante a noite de celebração no auditório
Educação, Vitória - Eja

O auditório da Prefeitura Municipal de Vitória foi palco do Seminário "Vozes da EJA", nessa quinta-feira (30/11/2023), reunindo centenas de estudantes vindos das Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emef) Mauro Braga, Admardo Serafim de Oliveira, Francisco Lacerda de Aguiar e Padre Anchieta. O evento celebrou os trabalhos produzidos pelos participantes da Educação de Jovens e Adultos, resultando em momentos emocionantes e aplaudidos pela plateia.

Dentre as apresentações que cativaram o público, destacaram-se a envolvente performance literária intitulada "Diálogos e Poemas sobre Negritude", além da apresentação do livro "Histórias e Memórias", ambos trabalhos produzidos pela Escola de Ensino Fundamental (Emef) Admardo Serafim de Oliveira. O relato de vivência na EJA compartilhado pela ex-estudante Itamara dos Santos Pereira também marcou o evento.

O Seminário "Vozes da EJA" tem como objetivo proporcionar voz e visibilidade aos estudantes que decidiram retornar à sala de aula após períodos de afastamento, por diferentes motivações. Essa iniciativa visa não apenas valorizar as trajetórias individuais, mas também inspirar outros a retomarem os estudos, independentemente dos desafios enfrentados.

A secretária municipal de Educação, Juliana Rohsner, emocionou a plateia ao proferir palavras inspiradoras durante a noite de celebração no auditório da Prefeitura Municipal de Vitória. Com mais de 20 anos de experiência como professora alfabetizadora, Rohsner expressou seu amor pela Educação de Jovens e Adultos (EJA), considerando-a um lugar especial em sua trajetória.

"Que lindo ver esse auditório com vocês. É uma honra para a Prefeitura de Vitória recebê-los aqui esta noite. Esse espaço é de vocês. Essa cidade é de vocês. A EJA é um espaço muito especial na minha trajetória, porque eu acho que a gente corrige um problema de longa data. A gente consegue ofertar a vocês a possibilidade de voltar, e voltar na fase adulta ou na terceira idade é muito difícil. Porque a gente já tem outros compromissos. A gente já tem filho, já tem a igreja, já tem o trabalho, os problemas, o dia inteiro é pesado, ninguém aqui tem dia leve, e chega a noite e a gente é tentado a desistir. Mas quem sustenta a EJA? São vocês mesmos. Por isso eu queria parabenizar vocês, dizer que pra mim é uma honra estar aqui hoje", disse a gestora.

A coordenadora da Educação de Jovens e Adultos (Ceja), Viviani Cosme, também compartilhou palavras acolhedoras e incentivadoras com os estudantes, e ressaltou a  importância desse acolhimento para a permanência dos estudantes na escola. Reconhecendo as dificuldades enfrentadas por estudantes que conciliam trabalho e estudos, a coordenadora da CEJA expressou sua admiração pela resiliência demonstrada pelos educandos. 

"A gente sabe da dificuldade que é trabalhar e estudar, ou o que é ser adolescente em busca do primeiro emprego, ou o que é ser uma pessoa que já trabalhou a vida inteira e que hoje tem que dar conta de todas as outras coisas da vida e também estudar. A gente sabe o quanto é resiliente vocês estarem aqui hoje. Então, a gente queria agradecer às escolas, aos gestores maravilhosos, aos professores, por todo apoio que eles dão a vocês", destacou a coordenadora.

Inspiração
Itamara dos Santos Pereira, ex-estudante da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Vercenílio da Silva Pascoal, compartilhou sua emocionante trajetória de retorno aos estudos pelo EJA e inspirou a todos com seu testemunho: "Parei de estudar com 14 anos, fiquei reprovada dois anos na 7ª série, disseram que eu era burra, então eu fiquei com essa mentalidade por muitos anos."

No entanto, seu anseio pelo conhecimento nunca a abandonou, e ao ouvir falar da EJA, decidiu retornar aos estudos, inicialmente, mantendo em segredo sua decisão. Ao se envolver com a escola, Itamara encontrou um ambiente acolhedor que a incentivou a seguir em frente. "Nossa, eu me sentia que eu estava no fundo de um poço. Voltei a estudar aos 40 anos, então esse tempo todo, dos 14 até os 40 anos, eu vinha me escondendo", contou Itamara, que hoje já fez graduação e pós-graduação. 

A descoberta de sua capacidade e o apoio dos educadores do EJA foram fundamentais para sua autoconfiança. "Uma vez , conversando com uma pessoa, ela me perguntou que estudo eu tinha, em que eu era formada, aí isso me machucou muito. Então eu fiz minha inscrição, comecei a estudar e comecei a ver que não era nada daquilo, que eu era muito capaz. A EJA, pra mim, foi uma corda ou foi uma escada que foi jogada lá pra mim que tava lá no fundo do poço".

Determinação
Carmem Wanda Teixeira Batista Silva, 59 anos, cozinheira e faxineira, compartilhou sua emocionante jornada ao participar do Seminário Vozes da EJA. "Eu estou muito feliz de participar desse projeto da Escola EJA. Eu confesso que eu sou um pouquinho preguiçosa, porque eu trabalho muito, gente, dois empregos."

Emocionada, Carmem expressou gratidão pelo apoio das professoras que a incentivaram a continuar os estudos. "Eu estou muito feliz de estar aqui. Eu estou com 59 anos. Eu estudei até o terceiro ano primário."

Prefeitura de Vitória celebra Educação de Jovens e Adultos em evento especialRelembrando sua trajetória educacional, ela explicou os motivos que a levaram a interromper os estudos na juventude. "Eu parei de estudar na época porque eu não tinha muita vontade, eu era novinha, então eu achava que não precisava de estudar."

No entanto, sua vida mudou quando ela conheceu a EJA, que a acolheu calorosamente e a incentivou a retomar os estudos. "E é super legal, eles recebem a gente muito bem mesmo, os professores incentivam, e eu estou me sentindo bem"

Apesar dos desafios enfrentados ao conciliar trabalho e estudos, Carmem destacou a importância do apoio dos colegas e professores nessa jornada. "Muito difícil conciliar a vida de estudar com o trabalho, muito estressante, cansaço, tem vezes que não dá vontade de ir, mas a gente acaba indo, a professora acaba ajudando a gente e os colegas também", comentou.

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