Óculos com Inteligência Artificial ajudam alunos com deficiência visual a ler e até identificar pessoas

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Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Óculos com Inteligência Artificial ajudam alunos com deficiência visual a ler e até identificar pessoas

Tecnologia - Espírito Santo

A voz da mãe e os toques nos pontinhos do braile eram as únicas formas de a estudante Evelyn de Araújo Penha, 16 anos, adquirir conhecimento por meio de livros. No entanto, desde o dia 1° de agosto, essa realidade mudou para ela e outras dezenas de estudantes da rede pública do Espírito Santo que foram contemplados com óculos com inteligência e visão artificiais capazes de ler e identificar até 150 pessoas diferentes.

'Eu gosto, mas eu tenho que praticar mais', disse a estudante.
 
O equipamento moderno tem um dispositivo acoplado em uma das hastes do óculos que permite fazer a leitura em voz alta de textos capturados por uma espécia de câmera, identificar rostos, produtos, cores e cédulas, isso tudo sem a necessidade de uma conexão com a internet.

O óculos inteligente, que tem o nome oficial de OrCam MyEye, tem armação e lentes comuns, que, inclusive, podem ser trocados. Ao todo, são apenas 22,5 gramas e 7,6 cm por 2,1 cm.

Mais autonomia
 
Outro aluno beneficiado foi o Izumi Teztner Peixoto, de 16 anos. Com apenas 15% da visão por causa de doença degenerativa, o jovem precisava aproximar os olhos muito perto das páginas ou das telas para conseguir ler. As atividades da escola também eram adaptadas para o estudante

"Eu tenho que ler tudo de muito perto. Geralmente, eu leio com uma fonte bem ampliada, tudo em negrito, tudo com letra ampliada, em caixa alta, em letra bastão. Eu não consigo escrever e nem escrever letra cursiva. Eu cheguei a aprender, mas não consigo. A minha escrita também é bem grandona", comentou.

Agora, com o auxílio dos óculos, é como se os livros falassem e o estudante consegue manter uma distância segura para fazer a leitura.

A mãe do estudante, Viviane Brito Teztner, disse que tem uma expectativa positiva para o aprendizado do filho.

"Já era um instrumento que a gente conhecia e que já fazia parte de um futuro que a gente pretendia alcançar para realmente auxiliar e dar mais autonomia ao estudante. Nós acreditamos que vai ser de extrema ajuda e estamos muito felizes", enfatizou.
 
O óculos
 
 Óculos com Inteligência Artificial ajudam alunos com deficiência visual a ler e até identificar pessoasA tecnologia foi desenvolvida com o objetivo de promover a inclusão e uma melhor qualidade de vida para alunos com deficiência visual e dificuldades de leitura

Segundo Doron Sadka, diretor da Mais Autonomia Tecnologia Assistiva, representante exclusiva do dispositivo no Brasil, o óculos permite que pessoas com deficiência visual acessem informações de maneira mais independente e eficaz.

“Cerca de 80% das atividades diárias envolvem leitura. O óculos possibilita que pessoas com deficiência visual realizem essas atividades com mais autonomia e sem depender de internet”, explicou.

O secretário de Educação do Espírito Santo (Sedu), Vitor de Angelo, ponderou que os professores foram preparados para o uso da iniciativa e que, assim, ela alcance a eficiência do equipamento.
 
"A formação teve como objetivo repassar informações acerca dessa tecnologia para que os professores soubessem todo o potencial pedagógico que essa tecnologia assistida tem".

 Óculos com Inteligência Artificial ajudam alunos com deficiência visual a ler e até identificar pessoasCada óculos custou R$ 17,1 mil, totalizando um investimento de R$ 924 mil do governo do estado. Os equipamentos são de graça e ficarão com cada aluno.
 
"O equipamento permite ao estudante a fazer coisas que, pela suas limitações impostas pela cegueira, ele não consegue. Dentre as coisas mais evidentes, ler. Ler coisas escritas à mão, sobretudo. Porque as coisas que são digitalizadas, até temos tecnologia, mas as coisas escritas a mão é mais difícil", explicou.
 

Ao todo, 54 aparelhos foram entregues a alunos com deficiência visual rede pública estadual e também alocados nos Centros Estaduais de Educação Técnica (CEETs) e 14 unidades do Centros de Referência das Juventudes (CRJs) em diversos municípios do estado.
 

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