Jovens agricultores participam de curso de formação de lideranças
O objetivo desse curso é incentivar os jovens a participarem cada vez mais efetivamente das atividades em associações e cooperativas e também na condução da propriedade.Um dos pilares da Coordenadora Latino-americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores de Comércio Justo (CLAC) é o fortalecimento e o desenvolvimento das Organizações de Pequenos (as) Produtores (as) integrantes da CLAC. Assim, preocupada com a baixa participação dos jovens no campo e nas Organizações certificadas, com o apoio da União Europeia, a CLAC desenvolveu uma proposta de metodologia e conteúdo para a formação de jovens lideranças pelo Comércio Justo.
A ênfase do curso é na necessidade de fortalecer as lideranças das Organizações de Pequenos Produtores Fairtrade, como forma de consolidar os laços intergeracionais e inter-regionais nas diferentes Organizações.
Assim, em 2022 a CLAC em parceria com a Coordenadora Nacional de Comércio Justo do Brasil, BRFAIR, está realizando a quarta edição do curso de Formação de Jovens Lideranças no Brasil. Desta vez, 12 jovens iniciaram o curso de formação, que contará com seis módulos ministrados até o mês de julho.
O curso conta com a contribuição docente da diretora da Região Cone Sul CLAC, Catalina Jaramilo, das gestoras CLAC Brasil, Paola Silva Figueiredo, Cíntia Matos e Giseli Sampaio, do secretário executivo da BRFAIR, Bruno Aguiar, e dos professores Layon Carlos César, representando a Universidade Federal de Viçosa (UFV), e Paulo Henrique Leme e Elisa Reis Guimarães, representando a Universidade Federal de Lavras (UFLA). Ambas as universidades, de Minas Gerais, fazem parte do projeto Universidades pelo Comércio Justo.
JOVENS NO CAMPO - Para o professor Dr. Layon Carlos Cezar, do Departamento de Administração e Contabilidade da UFV, o curso aumenta as possibilidades de trabalho dos jovens, seja nas propriedades ou nas organizações, e contribui para a manutenção na nova geração no campo. “Essa iniciativa traz qualificação e desperta a sensação de pertencimento deles a essas organizações, e faz com que esses jovens passam a se enxergarem no meio rural e que eles comecem a ocupar os espaços destinados aos associados e cooperados”, destacou.
Um exemplo é o cafeicultor Fabiano Diniz, 26 anos, de Manhuaçu, Minas Gerais, que está empolgado com o curso de formação. Cooperado à Cooperativa Regional Indústria e Comércio de Produtos Agrícolas do Povo que Luta (COORPOL), atualmente ele está cursando Técnico em Cafeicultura no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF Sudeste-MG).
“Esse curso de formação da CLAC está sendo muito bom. Estamos fazendo trocas de experiências com jovens de outras regiões e conhecendo outras realidades. Assim podemos criar soluções a partir de vivências de outras pessoas. Isso tem agregado muito, além do conhecimento trazido pelos professores e palestrantes”, enfatizou.
Filha de família produtora de laranja de Taiaçu, São Paulo, Laura Cuoghi, 22, é outra jovem empolgada com o curso. Atualmente ela também cursa Agronomia. “Eu conheci o curso por meio da COPERFAM (Cooperativa de Produtores Rurais de Agricultura Familiar) e busco conhecimento para empregar na nossa propriedade. Os conteúdos abordados são muito importantes”, afirmou.
LIDERANÇAS - O professor Paulo Henrique Leme, que é coordenador do Centro de Estudos em Mercado e Tecnologias no Agronegócio - Agritech UFLA e coordenador do Projeto UFLA pelo Comércio Justo, falou da sua satisfação em ministrar o curso. “O
mais importante é capacitar esses jovens para que eles possam se tornar novas lideranças e líderes inspiradores para os outros jovens. Temos que identificar e capacitar esses jovens, pois isso é fundamental para o futuro da agricultura. Os jovens estão muito empolgados”, contou o professor.
De acordo com o Secretário Executivo da BRFAIR, Bruno Aguiar, a formação de lideranças é voltada principalmente para pessoas jovens que se encontram envolvidos(as) no Comércio Justo. “Este processo de formação procura estabelecer ‘pontes’ entre as diferentes gerações e permitir, a curto, médio e longo prazo, ter organizações de Comércio Justo consolidadas, que contribuam para a sucessão familiar, e para a manutenção de meios de vida sustentáveis entre as famílias produtoras”, informou.
Dentre os temas debatidos durante o curso, destacam-se: conceitos de Comércio Justo e desenvolvimento sustentável; direitos humanos; princípios e organização do cooperativismo; liderança e trabalho colaborativo; inclusão social e minorias; inclusão de gênero; liderança e desenvolvimento.
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