Jovem que morreu ao ser baleado na cabeça por policiais é enterrado e mãe passa mal
Segundo a Polícia Penal, carro da família foi confundido com outro usado por criminosos. Ele era casado e deixa uma filha de 11 meses.O corpo de Hermes Júnior de Oliveira, de 26 anos, que morreu ao ser baleado na cabeça por policiais penais foi enterrado em Goiânia nesta quinta-feira (24/11). A mãe do jovem afirmou que os agentes atiraram nele dentro do carro e fugiram logo após os disparos, enquanto ela gritava pedindo socorro para o filho.
Os quatro policiais penais suspeitos de matar o jovem foram afastados da função pela Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP). Segundo a diretoria, os agentes patrulhavam a área do presídio de Aparecida de Goiânia e confundiram o veículo de Hermes com outro usado por bandidos que trocaram tiros com a polícia na mesma região. O caso está sendo investigado pela própria DGAP e pela Polícia Civil.
Os nomes dos policiais penais não foram divulgados. Por isso, o g1 não localizou a defesa para se manifestar até a última atualização desta reportagem.
O enterro aconteceu no Cemitério Jardim Vale da Paz. O pai do jovem, Hermes José Oliveira, contou que ele trabalhava como montador de móveis, era casado e deixa uma filha de 11 meses.
Durante do enterro, a mãe do jovem, Verônica Quirino de Oliveira, chegou a passar mal e precisou andar com a ajuda de outras pessoas.
"Eles [policiais] estão despreparados, estão matando cidadãos de bem e deixando os bandidos soltos. Eu quero justiça. Nós queremos justiça”, disse a mãe do jovem.
Pai do jovem, Hermes José Oliveira disse que foi ao trabalho guardar um caminhão. Em seguida, entrou no carro do filho e a família seguiu a caminho de casa.
“A hora que estávamos saindo, eu vi um farol e ele [policial penal] gritou: ‘Para, senão eu atiro’. E já começou a atirar em nós. Acertou a cabeça do meu filho, machucou o meu rosto perto do meu olho e a minha esposa”, contou o pai do jovem.
Hermes José contou que estava no banco de trás e, ao ver o filho baleado, segurou o volante e puxou o freio de mão, parando o carro. A família conta que pediu ajuda, mas os policiais penais não pararam para dar qualquer socorro.
A própria família colocou Hermes Júnior no banco de trás e seguiu até o Cais Chácara do Governador, mas o jovem já estava morto.
A família contou que, inicialmente, não sabia que se tratavam de policiais penais. Porém, após os pais levarem Hermes Júnior para o Cais, ligaram para a Polícia Militar, que informou que os responsáveis pelos disparos eram policiais penais.
O pai do jovem disse que, quando a Polícia Militar chegou ao local junto com um familiar, viram uma equipe da Polícia Penal no local. "Eles estavam caçando, caçando alguma cápsula que deve ter caído para fugir do flagrante. Mas, com certeza, tem uma bala dentro do porta-malas do carro do meu filho e outra alojada na cabeça dele que vai saber de onde saiu", concluiu.
A DGAP disse que policiais penais tentaram evitar o lançamento de itens proibidos dentro do presídio e entraram em confronto com um carro de cor escura e com cerca de três ocupantes, mas os criminosos fugiram.
Durante patrulha, os policiais penais viram um outro carro com as mesmas características na região e começaram a seguir. “Neste momento foi realizada tentativa de abordagem em via nos fundos das unidades prisionais, área de segurança e monitoramento da Polícia Penal, o motorista não atendeu a voz de parada e acelerou com o objetivo de evadir do local”, diz a nota.
A mãe de Hermes Júnior de Oliveira, a faxineira Verônica Quirino de Oliveira, disse que a família está revoltada com a abordagem dos policiais penais, que não teriam se identificado e chegaram atirando. A mulher pede justiça.
"Minha vida acabou porque tiraram a vida de um cidadão de bem, de um pai de família", desabafou Verônica.
Nota da DGAP
A respeito da ocorrência envolvendo policiais penais, a Secretaria de Estado da Segurança Pública informa:
- A Diretoria-Geral de Administração Penitenciária está instaurando Procedimento Disciplinar Administrativo, por meio da Corregedoria da Instituição, para afastamento dos policiais penais envolvidos enquanto o caso esteja sendo apurado;
- A DGAP informa que, imediatamente após a ocorrência, os servidores se apresentaram espontaneamente e entregaram as armas na Central de Flagrantes de Aparecida de Goiânia.
- A Direção Geral da Polícia Civil informa que foi instaurado inquérito para apuração dos fatos. O Grupo de Investigação de Homicídios de Aparecida de Goiânia está responsável pelo caso, visto que é a unidade que possui atribuição para tal.
- A DGAP ressalta que está contribuindo com as investigações, de forma a fornecer todas as informações necessárias à Polícia Civil.
- A Secretaria de Estado da Segurança Pública destaca, por fim, que todas as medidas necessárias para a justa elucidação do fato já estão sendo tomadas, tanto administrativamente, quando criminalmente. Havendo a comprovação de qualquer dos tipos de transgressão, haverá punição com o rigor da lei.