Irã diz que ação contra Israel está concluída se não houver retaliação
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou nesta quarta-feira (2/10) que o país exerceu o direito de autodefesa ao lançar 200 mísseis contra o território israelense na terça-feira (1º), informou a agência Reuters.
Segundo ele, a ação iraniana contra Israel está concluída, a menos que haja nova retaliação. A declaração foi feita pela plataforma X, de acordo com a agência.
"Nossa ação está concluída, a menos que o regime israelense decida provocar nova retaliação. Nesse cenário, nossa resposta será mais forte e poderosa", disse Araqchi.
O lançamento dos mísseis aconteceu em resposta às mortes de líderes do Hezbollah, grupo extremista apoiado pelo Irã. O ministro também disse que os Estados Unidos foram avisados para não interferir após o bombardeio a Israel.
"Trocamos mensagens, mas isso não significa coordenação. Nenhuma mensagem foi enviada antes de nossa resposta (a Israel). Após essa resposta, um aviso foi transmitido via Suíça, informando os americanos que era nosso direito à autodefesa e que não pretendíamos continuar (o ataque)", disse Araqchi, segundo a agência de notícias Tasnim, informou a Reuters.
O ministério das Relações Exteriores do Irã já havia solicitado anteriormente ao Conselho de Segurança da ONU, que se reúne nesta quarta para tratar da escalada do conflito, que tomasse "ações significativas" para prevenir ameaças à paz e segurança regional.
"Estou otimista em relação aos dias futuros. Há uma possibilidade de conflito, mas nossas forças estão totalmente preparadas. Esperamos testemunhar gradualmente a estabilidade em nossa região nos próximos dias," disse o ministro das Relações Exteriores do Irã.
Israel promete resposta 'surpresa' e 'precisa'
Israel está planejando uma resposta ao ataque lançado pelo Irã contra o território israelense. Segundo as autoridades, a resposta irá comprovar as capacidades de "surpresa" e "precisão" de Israel.
No ataque iraniano, projéteis cruzaram os céus de cidades importantes, como Tel Aviv e Jerusalém. Boa parte do ataque foi interceptada pelos sistemas de defesa de Israel.
Após o ataque, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, classificou a ação iraniana como um "grande erro" e afirmou que o Irã irá "pagar" pelo ataque.
Vários países, como Estados Unidos, Reino Unido e França, condenaram o ataque do Irã contra Israel. A comunidade internacional voltou a pedir por uma desescalada no conflito no Oriente Médio.
Troca de ataques
Irã atacou diretamente Israel pela primeira vez em abril deste ano. À época, o país lançou mísseis e drones contra o território israelense em resposta a um bombardeio que atingiu a embaixada do Irã em Damasco, na Síria.
Dias depois, como resposta, bombardeios atingiram uma região do Irã com instalações nucleares. Embora Israel não tenha assumido a autoria, autoridades americanas confirmaram que a ação era uma resposta israelense.
Nesta terça-feira, o Irã voltou a atacar Israel. Uma operação do tipo contra o território israelense era aguardada desde o fim de julho, quando Ismail Haniyeh, então chefe do Hamas, foi assassinado na capital do Irã, Teerã.
O Irã responsabilizou Israel pela morte de Haniyeh e disse que a operação representava uma violação da soberania do país.
Nos últimos dias, o Irã voltou a prometer uma resposta à Israel pelas mortes de Hassan Nasrallah, chefe do grupo extremista Hezbollah, e Abbas Nilforoushan, membro da cúpula da Guarda Revolucionária do Irã. Ambos foram mortos em bombardeios israelenses em Beirute, no Líbano.
Novo ataque do Irã
Depois de semanas de promessas, uma ação militar do Irã veio nesta terça-feira, com o disparo de cerca de 200 mísseis balísticos contra Israel. A maior parte foi direcionada a Tel Aviv e foi interceptada pela defesa israelense. Não houve registro de mortes ou grandes estragos.
Diante do ataque, os militares israelenses emitiram uma ordem para que a população procurasse por abrigos e bunkers. Sirenes de aviso tocaram por todo o país. O espaço aéreo também foi fechado.
Cerca de 20 minutos após uma primeira onda de mísseis, uma segunda leva de artefatos foi lançada. A agência de notícias estatal iraniana afirmou que alguns artefatos atingiram locais controlados por Israel no território palestino da Cisjordânia.
O governo de Israel informou que duas pessoas ficaram feridas sem gravidade e que não houve registro de prédios ou residências atingidos.
O chefe do Conselho de Segurança dos Estados Unidos, Jake Sullivan, afirmou que o ataque iraniano não atingiu nenhuma infraestrutura estratégica de Israel. Além disso, não há relatos de mortes.
O governo do Irã disse que, após o envio de mísseis, o aiatolá Ali Khamenei — autoridade máxima do Irã — foi colocado em um local protegido e a salvo.
Invasão ao Líbano
Um dia antes da ofensiva iraniana, Israel lançou uma operação terrestre no Líbano, mirando alvos específicos do Hezbollah. Os militares garantiram que estavam fazendo ataques precisos e controlados contra o grupo extremista.
A operação foi batizada de "Setas do Norte" e aprovada de acordo com uma decisão "política", segundo as Forças de Defesa de Israel. Os militares disseram que a ação continuará de acordo com a avaliação situacional dos militares e em paralelo ao combate na Faixa de Gaza.
Dias antes da invasão, Israel já estava bombardeando diferentes regiões do Líbano, incluindo a capital Beirute.
A invasão ocorreu após mais de uma semana em que Israel vem bombardeando diferentes regiões do Líbano, inclusive a capital, Beirute, em uma ação que marcou um novo conflito na guerra do Oriente Médio.
Israel e Hezbollah vêm trocando ataques desde outubro de 2023, quando o grupo extremista baseado no Líbano lançou foguetes contra o território israelense em solidaridade aos terroristas do Hamas e à guerra na Faixa de Gaza.
Histórico do conflito
Nos últimos meses, Israel e Hezbollah viveram um aumento nas tensões. Um comandante do grupo extremista foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.
Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos:
Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.
A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando "uma nova fase na guerra".
Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. Cerca de 500 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah por meio de um bombardeio em Beirute.
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