Gêmeas siamesas ligadas por um só coração morrem seis dias após nascimento
Aylla Sophia e Allana Rhianna, gêmeas siamesas que dividiam o mesmo coração, o fígado e o intestino, morreram nesta quinta-feira (9/5), seis dias após o nascimento no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), no Distrito Federal.
Segundo a mãe das gêmeas, Alice Fernandes Brito Silva, de 18 anos, apesar de terem nascido prematuras e estarem sendo alimentadas por sonda e precisando de oxigênio, as bebês estavam no quarto com os pais, pois os médicos não haviam identificado a necessidade de remoção para a unidade de terapia intensiva.
O quadro, porém, mudou nesta quarta-feira (8). "Elas ficaram muito ruins essa noite e foram levadas para a UTI e nessa manhã elas foram a óbito", disse ela ao g1. Em Brasília, Alice e as gêmeas eram acompanhadas do marido, que é pai das crianças, Adriano Silva Fernandes, de 22 anos.
"Estamos todos muito tristes, muito abalados, mas eu sei que essa foi a vontade de Deus e foi o melhor pra elas. Elas estavam sofrendo".
A causa da morte está relacionada com a malformação do coração das gêmeas. "O motivo foi porquê elas só tinham um coração mesmo, o diagnóstico que os médicos deram aí no Acre foi o mesmo daqui também eles disseram que não havia nada que pudesse ser feito para salvar elas", explica.
Segundo ela, o serviço de assistência social do Acre já entrou em contato com a família para fazer o translado do corpo e levar a família de volta ao estado. A família vive no Ramal Santa Luzia, Seringal Apudí, zona rural de Brasiléia, interior do Acre.
"Elas sempre vão ser minhas filhas, elas são minhas bebês, anjos para mim e toda minha família e eu nunca vou esquecer delas e dos poucos momentos que passamos do lado delas. Eu e o meu esposo sempre seremos pais delas", contou emocionada.
Grávida de siamesas
Alice descobriu que estava grávida das siamesas no início de março durante um exame de ultrassom em Brasiléia, interior do Acre. Logo depois, a jovem foi transferida para Rio Branco para um acompanhamento especializado. No mundo, a taxa de nascimentos de gêmeos siameses é de um a cada 60 mil partos.
Ela contou ao g1, no dia 19 de abril, que fez o primeiro exame de ultrassom logo no primeiro mês de gestação. O médico que a atendeu disse que era apenas um bebê. A gravidez foi planejada pelo casal e Alice começou a organizar a chá revelação.
Cerca de cinco semanas depois, Alice voltou a fazer outro exame e, logo no início do processo, o médico já percebeu que se tratava de uma gravidez de gêmeas siamesas e a encaminhou para a capital acreana.
"Estava tudo preparado para o chá revelação, foi tudo cancelado e vim para Rio Branco. Tinha comprado poucas roupinhas e quando cheguei aqui ganhei outras coisas, mas não tenho o enxoval completo. Temos gastado muito aqui com passagens e, por isso, não tenho o enxoval", relembrou.
No ultrassom, Alice e o marido ouviram a explicação da médica sobre a ligação das meninas.
Acompanhamento
Em Rio Branco, Alice ficou internada cerca de dez dias fazendo vários procedimentos com os profissionais da capital. Após receber alta, ela foi morar com uma prima no bairro Adalberto Aragão e toda semana ia para consulta com uma ginecologista na Policlínica do Tucumã.
Na época, por causa da complexidade do caso, a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) solicitou uma vaga de internação ao Central Nacional de Regulação da Alta Complexidade (CNRAC), banco de dados que informa os serviços disponíveis em todo o país. A equipe tentou vaga em São Paulo, porém, houve recusa pelo grau de complexidade.
As equipes receberam uma sinalização de vaga na Regulação de Interestadual de Brasília (DF). Alice e a mãe viajaram pelo Tratamento Fora de Domicílio (TFD) e Adriano seguiu depois para acompanhá-las.
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