'Eu libero o perdão para a vida do motorista', diz pai de menina morta após ser atropelada

Portal SBN
Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

'Eu libero o perdão para a vida do motorista', diz pai de menina morta após ser atropelada

Espírito Santo - Tristeza

Heidson Fantoni, pai da pequena Laura Beatriz, de 5 anos, que morreu após ser atropelada junto com a mãe enquanto atravessavam uma faixa de pedestre em Vila Velha, na Grande Vitória, falou que perdoa o motorista, mas ainda espera que ele seja preso. A polícia decretou a prisão de Wenderson Fagundes Melo de Oliveira, 20 anos, mas até a noite deste sábado a Justiça ainda não havia acatado o pedido.

'Eu libero o perdão para a vida do motorista', diz pai de menina morta após ser atropelada "Como eu sou servo de Deus, eu não posso ter raiva do que aconteceu. Naquele dia, fiquei estressado, venho aqui pedir perdão. Eu libero o perdão para a vida do rapaz que causou o acidente da minha filha, que veio a falecer, porque como servo de Deus a gente tem que perdoar para ser perdoado. Então, eu libero perdão pela vida dele", disse o pai na frente do cemitério.

A criança foi enterrada na tarde deste sábado no Cemitério Santo Antônio, em Vitória. A mãe da menina, Núbia Borges, 36 anos, também foi ao enterro, apesar de ainda estar com ferimentos pelo corpo e aguardando cirurgias. Ela não falou e a família pediu que ela não fosse filmada.

"No momento de raiva, depois do acidente, eu falei coisa que não deveria. A justiça está sendo feita, tanto a justiça divida como a terrestre", completou o pai.

Heidson Fantoni também agradeceu as mensagens de apoio que tem recebido e agradeceu à equipe médica que cuidou da criança nos quase dois dias em que ela ficou internada em estado gravíssimo no Hospital Infantil de Vitória.

"Queria agradecer à equipe do hospital. Deus tem plano pra cada um. A Laura não sobreviveu por quê? por que ela estava com o pescoço quebrado. Não sei por que passei por isso, mas Deus sabe. Tenho que seguir em frente. Continuar firme e forte", falou o pai.

O pai também falou de quando recebeu a notícia da morte da criança e como foi a despedida junto com a mãe dela.

"Quando eu fui no hospital, minha filha já estava morta. No banho, eu falei: 'Senhor, eu não quero ver minha filha vegetando, Se for de sua vontade que ela sobreviva, não quero ver ela vegetando. Mas que seja feita a sua vontade. A mãe também viu a criança morta, pegou ela no colo. A equipe médica se comoveu toda".

Antes de entrar para o enterro, o pai reforçou:

"Não tenho raiva dele (do motorista), da família, nada. Espero que a prisão seja feita. No tempo de Deus, só confiar".
 

O acidente
 
Um vídeo registrou o momento do acidente (assista acima), que aconteceu na noite de quarta-feira (21), no bairro da Glória. A criança estava no colo da mãe quando as duas foram atropeladas pelo motorista, que ultrapassou o sinal vermelho. Ele fugiu do local, chegou a se apresentar na delegacia horas depois, pagou fiança e foi solto.

A mãe da criança, Núbia Borges, 36 anos, chegou a ser internada em Vitória após o acidente. Ela recebeu alta na quinta (22), mas voltou a ser internada horas depois ao chegar ao hospital onde a filha ainda estava. Mara passou mal ao saber do estado de saúde da filha, antes dela vir a óbito.

'Eu libero o perdão para a vida do motorista', diz pai de menina morta após ser atropelada As duas estavam saindo do Pronto Atendimento da Glória e seguiam em direção ao veículo da família, onde Heidson Fantoni, pai de Laura e marido de Mara, as esperava. Ele estava estacionado do outro lado da via. Testemunhas contaram que o sinal estava fechado para veículos e liberado para pedestres.

No vídeo que registrou o momento do atropelamento, também é possível notar que a Mara Núbia fica sem reação ao ver o automóvel na direção delas. Quando o carro atinge as duas, elas são arremessadas a aproximadamente 20 metros da faixa de pedestres.

Segundo familiares, a situação de Laura era mais complicada pelo impacto ter sido todo na cabeça. Ela chegou a receber duas bolsas de sangue.

O motorista Wenderson Fagundes Melo de Oliveira, 20 anos, se entregou na Delegacia Regional de Vila Velha, mas foi solto após pagar fiança de R$ 1.500. No DPJ, oi autuado em flagrante por lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e por não prestar socorro imediato à vítima.

O teste do bafômetro deu negativo, segundo a Polícia Militar.

Motorista falou sobre atropelamento
 
Em vídeo divulgado pela família de Wenderson, o motorista do Fox preto afirmou que o acidente foi uma fatalidade. O condutor não explicou o motivo de não ter parado quando as duas passavam na avenida. Explicou somente que não parou para prestar ajuda por medo de ser linchado e pediu perdão a família.
 
E se eu tiver que ficar preso, eu ficarei preso. Se tiver que responder em liberdade, responderei em liberdade, mas eu estou aqui para pedir perdão a todos porque foi uma fatalidade.
 
— Wenderson Melo

O pai, Heidson Fantoni, disse à TV Gazeta que não vai sossegar até ter justiça. Wenderson se entregou uma hora depois do acidente. A Polícia Militar informou que o motorista realizou o teste do bafômetro, que não apontou consumo de álcool.

Porém, o condutor não apresentou o veículo e disse que o automóvel já estava em uma oficina. Alex Melo, pai de Wenderson, disse que o carro passou por perícia dentro da loja.
 

'Eu libero o perdão para a vida do motorista', diz pai de menina morta após ser atropelada "Nunca foi minha intenção machucar ou ferir alguém. Espero que fique tudo bem com as duas e eu pagarei por todos os meus erros. Peço perdão. E estou pedindo a Deus que cuide das duas vidas e eu pagarei pelos meus erros, por todos os meus erros. Peço perdão ao pai e a família toda, na verdade. Peço perdão a todo mundo. Eu sei que Deus conhece meu coração", disse Wenderson em vídeo enviado ao g1.

Pai disse que quer justiça e não vai sossegar
 
O pai de Laura e esposo de Mara disse na quinta que busca Justiça. Para Heidson, o motorista estar solto é um absurdo.
 

"Ainda cheguei na delegacia ontem, o cara demorou a chegar, foi com advogado. Agora só quero justiça. Vou correr atrás dos meus direitos, vou procurar um advogado e vou na Justiça, não vou sossegar enquanto não vê-lo preso porque ele se evadiu do local, ele não parou. E no boletim que ele fez lá, ele falou que parou, mas como aglomerou gente, ele pegou e fugiu, mas tem o vídeo, eu estava lá próximo", desabafou o pai.

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