Estudo diz que a cerveja foi a grande responsável pelo desenvolvimento da civilização humana
Provavelmente, eles subiram em árvores para colher bagas, acabaram gostando do seu sabor doce e passaram a colecioná-las.A primeira pirâmide construída no complexo de Gizé, no Egito, foi a de Quéops, também conhecida como Grande Pirâmide, em algum momento por volta de 2580 a.C. e 2560 a.C. Para isso, a bebida alcoólica, mais especificamente a cerveja, foi responsável por servir como moeda para pagar os trabalhadores que ergueram todas essas estruturas.
Mas, até que a cerveja se tornasse um produto fundamental para os egípcios antigos, ela precisou percorrer um longo caminho na história evolutiva do homem. Algum tempo atrás, acreditava-se que a cerveja, descoberta de maneira acidental, começou a ser cultivada durante um período conhecido como Revolução Neolítica, que aconteceu entre 10.000 a.C. e 4.000 a.C.
Foi nesse período que os seres humanos começaram a praticar a agricultura, cultivando, plantando e criando animais para alimentação. Com isso, eles formaram assentamentos permanentes, degustando da cerveja depois que descobriram que os grãos silvestres usados para fazer pão podiam também servir para outra função.
Há pelo menos 5 mil anos, a bebida era uma das partes mais importantes da vida cotidiana da cidade mesopotâmica de Uruk (atual Iraque), consumida diariamente em momentos de lazer, durante as refeições, em festas e comemorações religiosas.
No entanto, foi só recentemente que pesquisadores descobriram que, na verdade, a civilização surgiu por causa da cerveja.
A hipótese da cerveja antes do pão
Para comprovar isso, por milhões de anos, os primeiros seres humanos se mantiveram como caçadores-coletores, até mesmo depois que evoluíram para o Homo sapiens. Até que, cerca de 12 mil anos atrás, alguns começaram a domesticar animais e plantar, mudando de uma vida nômade para uma assentada, baseada na agricultura.
Engraçado pensar que esse comportamento se espalhou pela maior parte da humanidade em um tempo muito curto, considerando os termos históricos, e que os caçadores-coletores rapidamente se tornaram ultrapassados e reduzidos a uma pequena minoria. Eles foram até perseguidos pelos fazendeiros assentados, tendo que escolher entre se adaptar ao novo estilo de vida ou fugir para terras menos desejáveis para conseguir sobreviver.
A ciência e os historiadores acreditaram por muito tempo que o pão tinha sido o motivo pelo qual os humanos começaram a se estabelecer nos lugares. Os homens pré-históricos aprenderam a cultivar grãos e descobriram, depois de muita experimentação, como moê-los em farinha e misturá-los em massa para fazer o pão. O alimento foi considerado milagroso por ser muito palatável, dar energia e encher o estômago. Era uma refeição completa. E para melhorar, os grãos podiam durar anos após colhidos.
A ideia de que os primeiros humanos cultivaram grãos em larga escala, não pelo pão, mas pela cerveja, surgiu do fato que os proto-humanos, que vieram antes do Homo sapiens moderno, já eram viciados em álcool feito a partir de uvas fermentadas e bagas.
Provavelmente, eles subiram em árvores para colher bagas, acabaram gostando do seu sabor doce e passaram a colecioná-las. Em alguns dias, começaram a fermentar e o suco que surgiu no fundo dos recipientes foi transformado em um vinho com baixo teor alcoólico. Ou seja, uma obra do acaso.
Obcecados pela sensação
Em 2018, publicado no Science Direct, um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Stanford descreveu evidências de uma extensa operação de fabricação de cerveja, datada de pelo menos 13 mil anos atrás, na caverna Raqefet, perto de Haifa, em Israel.
“Isso representa o registro mais antigo de álcool produzido pelo homem no mundo”, escreveu o professor Li Liu, líder da equipe de pesquisa.
Eles descobriram que os natufianos, povos que fabricavam essa cerveja no Oriente Próximo, eram caçadores-coletores e não fazendeiros assentados. Isso significa que a fabricação de cerveja é anterior à Revolução Neolítica, que transformou os hábitos dos humanos. A descoberta dá suporte à teoria de que a cerveja, e não o pão, foi o que preparou o terreno para que o corpo de uma civilização surgisse.
O homem pré-histórico só começou a se organizar porque queria beber cerveja e, para isso, precisava de grãos. Para ter um suprimento constante, eles precisaram se estabelecer para cuidar de seus campos.
Não deveria ser surpresa, afinal, a sensação de embriaguez, como os próprios proto-humanos mostraram, é uma vontade antiga. Ela foi essencial para aliviar dores e o estresse, tão característicos daquele tempo, seja pela falta de alimento ou por ferimentos que demoravam ou não cicatrizavam.
Em contexto social, a bebida alcoólica atuou como uma ótima jogadora de poker quando inserida em meio a estranhos, pois diminuiu as inibições em tempos religiosamente restritos e reduziu a capacidade de todos de mentir e enganar. Com isso, tornou as pessoas mais confiantes e confiáveis. Pelo bem ou pelo mal, essa confiança reforçada melhorou a capacidade de cooperação e criou – ou fortaleceu – laços entre os outros.
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