Entenda como aliança entre PT e PSB impacta na disputa ao governo do ES

Portal SBN
Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Entenda como aliança entre PT e PSB impacta na disputa ao governo do ES

A oficialização das candidaturas só ocorrerá a partir das convenções partidárias
Política - Eleições 2022

A dois meses do prazo final para oficializar os candidatos que disputarão as eleições de 2022, a definição sobre a reprodução da parceria nacional entre PT e PSB na disputa ao governo do Estado pode provocar uma reviravolta no tabuleiro eleitoral capixaba. A principal peça envolvida é o senador Fabiano Contarato (PT). Ele pode ter sua pré-candidatura ao governo estadual retirada pelo PT para apoiar o governador Renato Casagrande (PSB) na disputa.  

O Espírito Santo é um dos Estados que estarão em discussão na reunião marcada para esta quarta-feira (15/6) entre os dirigentes nacionais do PT e do PSB com os pré-candidatos a presidente e a vice-presidente da República, Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), respectivamente. Eles querem resolver os impasses e definir se os dois partidos caminharão juntos também em São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio de Janeiro.  

Por conta dos reflexos dessa definição no cenário estadual, algumas lideranças políticas classificaram este 15 de junho como o “Dia D” das alianças políticas, mas há quem considere a data apenas uma prévia disso, já que algumas decisões poderão se arrastar pelas próximas semanas. A oficialização das candidaturas só ocorrerá a partir das convenções partidárias, em 20 de julho, e serão encerradas em 15 de agosto, data final para registro dos candidatos.

Um ponto em que todas as lideranças ouvidas pela reportagem concordam, ainda que de maneira reservada, é que não dá para ignorar a importância da presença ou não do PT na aliança com o PSB no Espírito Santo. O governador sabe disso e, depois das falas de Contarato e da presidente estadual do PT, Jackeline Rocha, em favor da candidatura própria petista ao governo, sinalizou maior disposição em apoiar Lula na disputa presidencial e até declarou voto no petista.

O objetivo principal do PT é garantir o retorno do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto. Mesmo com a dobradinha entre PT e PSB em nível nacional, Casagrande não garantiu um palanque exclusivo para Lula no Estado, pois tem no seu amplo leque de aliados o PDT e o MDB, entre outros. Os dois partidos têm nomes próprios para presidente: o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT-CE) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS).  

O presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, ressalta que tanto o governador como a direção da legenda aguardam a posição do PT, com cuja direção estadual se reuniram na semana passada. "Deixamos o PT bem à vontade para tomar a decisão que considerar melhor. Meu desejo é que estejamos juntos", destaca Gavini. 

Questionado sobre o rumo das conversas com outros aliados, caso a aliança com o PT seja confirmada, o dirigente do PSB tentou desconversar, mas reforçou o espectro político variado das legendas que devem apoiar Casagrande, que só confirmará oficialmente em julho sua candidatura à reeleição.  

 "Casagrande entende que o palanque dele vai ser múltiplo. Construímos esse governo com partidos de direita, de esquerda, de centro-esquerda e de centro-direita "

Alberto Gavini Presidente estadual do PSB

Nos bastidores, entretanto, alguns partidos e lideranças políticas avaliam a possibilidade de fuga da aliança com Casagrande caso o PT se junte ao PSB. Eles consideram o eleitorado capixaba conservador e que há resistência ao PT no Espírito Santo, apesar de a pesquisa Ipec apontar a liderança de Lula na disputa presidencial também no Estado, à frente do presidente Jair Bolsonaro (PL).  

Essas escapadas são alvos de desejo de pré-candidatos a governador que têm encontrado dificuldade para obter parceiros. O ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede) até agora só conseguiu o apoio do Solidariedade. O ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD) está acertando parceria com o PMB. Já o deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil) ainda não teve nenhum apoio declarado.

Para os eleitores, é aguardar para ver se esta quarta-feira (15) será realmente o dia de definição ou apenas mais um dia de discussão de alianças. Enquanto isso, confira os cenários especulados no meio político.

COMO FICARIA A DISPUTA EM CADA CENÁRIO, SEGUNDO LIDERANÇAS POLÍTICAS CAPIXABAS

Cenário 1 - PT declara apoio à reeleição do governador Renato Casagrande (PSB)  

- No meio político, este é o cenário apontado como mais provável:  o PT retira o nome do senador Fabiano Contarato (PT) da disputa para governador e apoia a reeleição do governador Renato Casagrande (PSB). Assim, o PT se juntaria aos dois partidos federados (PV e PCdoB) no apoio ao pessebista.  

- A entrada do PT na aliança de Casagrande, no entanto, poderia provocar a saída de outros aliados dele que estão mais à direita e centro-direita, dos quais se destacam PP, PSDB e Avante. Em nível nacional, o primeiro é aliado do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). O segundo defendia a terceira via, mas está sem rumo após a desistência do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB-SP). O terceiro defende o nome do deputado federal André Janones (Avante-MG) na corrida presidencial.  

- Esses três partidos poderiam procurar abrigo nas pré-candidaturas a governador do ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD), do ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede) e do deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil).  

- Porém, o fato de Casagrande estar com a máquina pública nas mãos dá mais força ao PSB nas negociações, fator que poderia levar esses partidos a ignorarem completamente a conjuntura nacional nas alianças locais.  

- Sem a garantia de um palanque exclusivo para Lula, o PT apoiaria Casagrande na disputa ao governo, mas sem participação da militância e lançaria uma chapa independente para concorrer ao Senado. O nome ainda está em discussão, mas o ex-reitor da Ufes Reinaldo Centoducatte tem se fortalecido com o apoio de diversas correntes internas do PT e aparece com mais chances diante de Célia Tavares, ex-secretária municipal de Cariacica e segunda colocada nas últimas eleições para prefeito do município.

Cenário 2 - PT mantém o senador Fabiano Contarato na disputa a governador  

- A manutenção do nome de Contarato na disputa ao governo é considerada improvável no mercado político, mas ainda não está totalmente descartada por três fatores.  

- Primeiro: o nome dele se mostrou viável. O petista apareceu em segundo lugar na pesquisa Ipec para governador, com 11% das intenções de voto, empatado com o ex-deputado Carlos Manato (PL), e atrás somente de Casagrande, que obteve 42%.  

- Segundo: fortalecimento do PT no Estado. Com um nome próprio concorrendo ao Palácio Anchieta, o PT garante um palanque para Lula no Estado e pode se fortalecer na disputa estadual.  

- Terceiro: falta compensação do PSB. Sem o recuo do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) para apoiar o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) na disputa ao governo de São Paulo, o PSB nacional não poderia exigir do PT a retirada de Contarato no Espírito Santo agora.  

- Se confirmado esse cenário, o PT caminharia sozinho no Estado, pois até os partidos com os quais está federado - PV e PCdoB - apoiam Casagrande na disputa pelo comando do Palácio Anchieta.  

- Por outro lado, Casagrande poderia montar uma chapa abrigando partidos de espectro político de A a Z sem muita dificuldade, como os já citados no cenário 1. Ao mesmo tempo, teria de enfrentar um aliado histórico do seu partido e ficaria marcado pela contradição partidária, podendo incentivar a união de partidos de oposição contra PT e PSB, em busca de uma vaga no segundo turno.

PORTAL  SBN |  COM INFORMAÇÕES DO A GAZETA

Últimas da Bahia

Veja Mais +