Empresário capixaba se inspira em Elon Musk e quer lançar 1º carro elétrico 100% nacional em 2024
A trajetória do bilionário Elon Musk é uma inspiração na vida do empresário Flávio Figueiredo Assis, CEO de uma montadora nacional de veículos que, assim como o sul-africano, pensa no futuro e quer se aventurar na onda dos carros elétricos. Nascido no Espírito Santo, Flávio quer lançar o 1º carro elétrico 100% nacional em 2024.
O capixaba disse que as pessoas costumam compará-lo com o empresário sul-africano mais rico do mundo.
"Peguei meu patrimônio e arrisquei em um negócio louco. Elon Musk também fez isso. As pessoas estão buscando mais estabilidade do que inovação, e um empreendedor tem que arriscar mais em prol de um mundo melhor", disse Flávio.
Em entrevista ao g1, o empresário capixaba disse que o processo de desenvolvimento de um carro elétrico 100% nacional já está bem avançado e deve ser lançado no mercado brasileiro em dezembro de 2024.
"Somente a parte eletrônica, motores e baterias virão do fabricante chinês Wiston, que também fornece para outras duas gigantes do setor. O restante, que representa 65% das peças, são nacionais porque nosso país é rico em matéria-prima", disse o empresário.
Fundada em 2022, a sede da montadora Lecar, que pertence a Flávio, está localizada em Alphaville, na Grande São Paulo. A planta industrial fica em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde estão outras empresas do setor.
Desafios
Para desenvolver o projeto e dar corpo ao sonho, de acordo com Flávio, um dos desafios para a construção do protótipo foi falta de mão de obra especializada.
"A gente trouxe um carro da Tesla [empresa de Elon Musk] para o nosso time engenharia desmontar e montar novamente. Isso porque carro elétrico é novidade no mundo e a gente teve que ir mais a fundo, inclusive desmontando um veículos para os funcionários ficarem mais seguros", disse.
Ao todo, 150 pessoas estão envolvidas no projeto, sendo que 30 funcionários diretos compõem o quadro de funcionários da empresa, muitos deles com passagens importantes por empresas como a histórica Gurgel, Troller, JPX, Ford, Toyota, Nissan e Marcopolo.
"Já finalizamos a parte de fornecedores e projetos. Agora, a gente está materializando o carro por meio de um protótipo, o Lecar Model 459, o primeiro e único veículo elétrico 100% nacional", disse o empresário.
Ainda de acordo com o empresário, o protótipo do carro elétrico deve ser finalizado em abril deste ano, quando será enviado para Londres, na Inglaterra, para as homologações.
"O protótipo do carro elétrico precisa ser submetido a avaliações de impacto, aerodinâmica e simuladores de segurança. Essa etapa deve durar até o final do ano. Depois disso, o produto entrará em linha de produção", disse.
Segundo Flávio, o capital é 100% próprio, mas a expectativa é fazer o IPO (oferta pública inicial) em 2025.
"A gente está buscando as mesmas condições tributárias que a China tem para produzir carros. Cada dia que passa, a necessidade de cuidar do clima, do meio ambiente, aumenta. Fechamos 2023 de forma bem desafiadora quando se trata de clima", disse.
Bateria para 400 km
Flávio explicou ainda que o preço do veículo deve ficar em R$ 279 mil e a autonomia da bateria será de 400 quilômetros. A estimativa é produzir 300 veículos por mês já no primeiro ano de fabricação, gerando R$ 1 bilhão de faturamento. O foco das vendas será a Grande São Paulo, especialmente entre a capital paulista, Campinas e São José dos Campos, onde a empresa deve investir em uma rede de infraestrutura para recarregamento de bateria.
"Vai ser um SUV com 180 cavalos, porta-malas de 1.000 litros e com condições para atender às características das estradas do Brasil", acrescentou o empresário.
Natural de Guaçuí, na Região do Caparaó do Espírito Santo, Flávio é formado em Contabilidade e Direito.
Antes de ter uma montadora de veículos elétricos, o empresário foi dono de uma empresa de uma administradora de cartões PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), que chegou a uma movimentação anual de R$ 1 bilhão, fornecendo para mais de 600 prefeituras e órgãos públicos e mais de 3 mil empresas privadas.
"Há dois anos, em 2022, eu vi um movimento da Ford fechando e isso mexeu comigo. Eu descobri uma regulamentação brasileira para redução de emissões de CO2 de veículos até 2027. Eu me interessei nesse projeto, fiz alguns estudos, e vi que não tinha dinheiro para tocar esse negócio. Foi aí que eu recebi a proposta de vender a empresa que eu tinha e investir nesse ramo. Foi isso que eu fiz", disse.
De acordo com o Flávio, ele sabe que é comparado a Elon Musk e aprecia a trajetória do bilionário.
"Eu me inspirei muito na história dele. Nas minhas primeiras pesquisas, quando fui ler algumas biografia, me inspirei muito em Elon Musk, no Tesla, também no Gurgel... Até acho que cada nação deveria ter um Elon Musk, não só na área da mobilidade, mas da medicina, educação, em todas as áreas".
Portal SBN | Com informações G1-ES