Atrasos frequentes podem indicar distúrbio ligado à dificuldade de gerir o tempo

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Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Atrasos frequentes podem indicar distúrbio ligado à dificuldade de gerir o tempo

Estilo De Vida - Tidsoptimista

Chegar atrasado de forma recorrente, perder prazos e subestimar o tempo necessário para tarefas simples pode ir além de distração ou falta de organização. Esse comportamento é conhecido como tidsoptimismo, um padrão persistente marcado pela dificuldade em calcular e gerenciar o tempo de maneira realista.

Embora não seja um diagnóstico clínico formal, o termo é usado para descrever pessoas que vivem em um ciclo contínuo de atraso e urgência. A psicoterapeuta Denise Figueiredo explica que não há outra nomenclatura oficial para o quadro, mas ele costuma ser chamado de forma informal de “otimismo do tempo” ou “atraso crônico”.

Segundo a profissional, o tidsoptimismo se manifesta quando a pessoa subestima sistematicamente quanto tempo precisa para cumprir compromissos ou concluir atividades. Esse padrão afeta desde deslocamentos até tarefas básicas da rotina, comprometendo relações pessoais, profissionais e a própria qualidade de vida.

A consequência mais comum é o aumento da ansiedade. Denise aponta que o indivíduo vive constantemente sob pressão, tentando compensar atrasos sucessivos. “É alguém que está sempre devendo para si e para os outros”, descreve. Esse acúmulo de pendências acaba sobrecarregando a gestão emocional e tornando situações simples mais difíceis de lidar.

A origem do tidsoptimismo pode estar ligada a fatores aprendidos ao longo da vida, como modelos familiares repetidos desde a infância. No entanto, também há associação com questões neurocognitivas e com o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). A dificuldade em perceber o tempo real e em antecipar o planejamento das ações são sinais frequentes.

Nesses casos, a psicoterapeuta recomenda a realização de uma avaliação neuropsicológica, que permite compreender melhor o funcionamento das chamadas funções executivas, responsáveis por organização, planejamento e controle do tempo.

Outro fator observado é o comportamento de evitação. Pessoas que tendem a evitar desconforto, frustração ou limites podem adiar o início de tarefas, muitas vezes associando esse adiamento a traços de perfeccionismo. “Quero tudo perfeito, então acabo nem começando”, resume Denise ao descrever esse mecanismo.

O tratamento do tidsoptimismo passa, inicialmente, pela psicoeducação. O objetivo é ajudar o indivíduo a reconhecer seu padrão e entender a diferença entre o tempo que ele imagina ter e o tempo real disponível. Esse processo busca romper o ciclo de otimismo excessivo, atraso, urgência e culpa.

Além disso, o planejamento detalhado é apontado como uma estratégia fundamental. Definir horário de início, horário de término e descrever com precisão cada atividade ajuda a tornar o tempo mais concreto. A terapia cognitivo-comportamental é uma das abordagens indicadas para desenvolver esse nível de organização e promover mudanças consistentes no comportamento cotidiano.

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