Ataque em Aracruz: aulas não têm data para voltar e alunos não terão que retornar à escola neste ano
Governo avalia alternativas para que estudantes concluam ano letivo sem precisar voltar à unidade.O Secretário de Educação do Espírito Santo, Vitor de Angelo, anunciou nesta quarta-feira (30) que ainda não foi definida uma data para que as aulas sejam retomadas nas escolas atacadas na última sexta (25) em Aracruz. Ainda segundo o Secretário, todos os atingidos vão ter assistência psicológica e o espaço físico da unidade estadual passará por pequenas obras de readequação. As escolas serão reabertas na próxima semana, mas apenas para acolhimento da comunidade escolar.
O ataque a duas escolas em Aracruz deixou 4 mortos e 12 feridos. O assassino é um atirador de 16 anos que estudou até junho deste ano em uma das escolas atacadas (entenda como foi o ataque no final da reportagem).
"A escola estava em um ambiente de festa. A Escola Primo Bitti tinha recebido prêmio. A sala dos professores naquele momento estava não só cheia, como, festiva. Esse era o ambiente. Esse ambiente não orna mais com a situação atual, nem com o que a gente tem pela frente" disse o secretário.
O anúncio foi feito pelo secretário de Educação, juntamente com representantes das secretarias estaduais de Saúde, Segurança e Assistência Social. Na ocasião foi divulgado um plano de atuação multidisciplinar para lidar com as consequências do atentado.
A sala de situação, montada na segunda-feira (28), vai organizar o final do ano letivo. De acordo com o secretário será feita uma análise dos alunos que vão concluir o ano letivo. Enquanto isso estão sendo elaboradas atividades pedagógicas não presenciais para garantir os estudantes que precisam terminar o ano letivo façam isso sem precisar voltar à escola.
Ainda durante a coletiva, o Secretário de Educação disse que está sendo feito um trabalho para ressignificar a escola, fazendo pequenas obras e mudando o ambiente escolar onde o ataque aconteceu.
"Estamos mudando o ambiente, tapando os buracos dos tiros, ressignificando para receber as pessoas que vão à escola, para que elas tenham condições de entrar para passar a redecorar a escola. Dar um toque que a comunidade quer dar em tributo as vítimas", falou o secretário.
O plano foi dividido em quatro fases. Por enquanto o secretário informou que ainda não se sabe o tamanho do público atingido pelo ataque. As pessoas que vão receber o atendimento vão ser mapeadas com equipes de assistência social do município de Aracruz.
O Secretário também disse que entrou em contato com o Secretário de Educação de São Paulo que vivenciou o ataque a escolas em Suzano (SP).
O Secretário de Segurança Pública, Márcio Celante, afirmou que todas as escolas do município de Aracruz, tanto estaduais, quanto municipais e particulares, vão ter a presença policial. Celante ainda comentou sobre o depoimento dos pais do criminoso, que foi dado na segunda-feira (28).
"Tudo indica que ele agiu sozinho nesse ato. A partir de segunda, em uma investigação maior, vamos ver todo o planejamento nesses dois anos. Vamos ver se amigos, parentes ou alguma outra pessoa que possa ter auxiliado nesse planejamento e possa estar envolvido" , falou o secretário.
Segundo Celante, o primeiro inquérito do caso será entregue à justiça na segunda-feira (5).
Durante a coletiva foi divulgado ainda que um e-mail que foi criado para pessoas que querem ajudar de alguma forma. As mensagens serão centralizadas no e-mail: saladesituacaoaracruz@sedu.es.gov.br e podem entrar em contato pessoas que foram direta ou indiretamente atingidas no ataque ou quem quiser oferecer algum tipo de apoio. A partir dele, as mensagens serão encaminhadas para as áreas ou município/área de assistência responsável.
A Secretária de Assistência Social do estado, Cyntia Figueira Grillo, explicou que a partir e semana que vem vai começar um trabalho de apoio a todas as vítimas diretas ou indiretas do ataque.
"A gente vai criar o momento da escuta, que vai ser na próxima semana, quando as escolas reabrem seus espaços para que profissionais estejam lá para ouvir mesmo esse momento de luto, tanto dos alunos quanto dos profissionais de educação. Mas a gente também vai ter um segundo momento que vai ser a reflexão a partir de tudo que nós vamos colher ali, nessa escuta para fazer então a organização dos grupos de convivência e fortalecimento de vínculos e o manejos dos profissionais a partir da vontade de cada um", disse a Secretária.
O ataque
O ataque a duas escolas deixou quatro mortos e outros 12 feridos em Aracruz, na sexta-feira (25). A investigação apontou que o ataque foi planejado por dois anos e que o criminoso usou duas armas do pai, um policial militar. O assassino tem 16 anos e estudou até junho no colégio estadual atacado, segundo o governador do estado, Renato Casagrande (PSB).
Os disparos aconteceram por volta das 9h30 na Escola Estadual Primo Bitti e em uma escola particular que fica na mesma via, em Praia de Coqueiral, a 22 km do centro do município. Aracruz, onde o ataque aconteceu, fica a 85 km ao norte da capital.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o assassino invadiu a escola estadual com uma pistola e fez vários disparos assim que entrou no estabelecimento de ensino. Depois, foi até a sala dos professores e fez novos disparos. Na unidade, duas professoras foram mortas.
Na sequência, o atirador deixou o local em um carro e seguiu para a escola particular Centro Educacional Praia de Coqueiral, que fica na região. Na unidade, uma aluna foi morta. Após o segundo ataque, o assassino fugiu em um carro. Ele foi apreendido ainda na tarde de sexta.
No sábado (26), a Polícia Civil informou que o criminoso vai responder por ato infracional análogo a três homicídios e a 10 tentativas de homicídio qualificadas. Também no sábado, uma professora baleada que estava internada morreu.
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