Professora morre e filho de 6 anos desaparece após casa desabar durante chuva em Mimoso do Sul
Uma professora de 43 anos morreu após a casa da família desabar no bairro da Reserva, distrito de Mimoso do Sul, na noite de sexta-feira (22/3). Adair Antônia Fernandes Medeiros era professora de Português e Inglês na cidade e estava em casa com o marido e os dois filhos, um de 6 anos e outro de 3. O marido e o filho menor conseguiram ser resgatados e foram levados para hospitais. O outro filho de 6 anos ainda está desaparecido nesta segunda-feira (25).
Ao todo, são 19 pessoas mortas no Espírito Santo, sendo 17 em Mimoso e duas em Apiacá.
Uma prima da família conversou com o g1 e disse que Adair já foi enterrada no cemitério da cidade, em Mimoso do Sul, e que o marido está internado com ferimentos graves em Cachoeiro de Itapemirim. Já o filho mais novo teve ferimentos leves e está em um hospital em Mimoso.
"Teve muito deslizamento de barreira e a casa dela foi uma das atingidas. Todos estavam em casa na hora em que a casa foi atingida. O marido foi resgatado e transferido para Cachoeiro de helicóptero", disse a prima.
A família morava no bairro, que fica na zona rural, há cinco anos. Ainda segundo familiares, o corpo de Adair foi arrastado ela chuva.
"Nós ficamos sabendo sobre a chuva forte no bairro que ela morava através de um dos genros do meu marido, que começou a falar que estava chovendo muito. Como a minha casa é alta, nunca foi enchente, mas dessa vez a água chegou. Eu fui tentar ajudar meu cunhado, que é ex-prefeito da cidade, e acabamos ficando ilhados lá. A gente tá muito perdido ainda, recebemos muitas informações", comentou a prima.
A Defesa Civil não informou se Adair está entre os 17 mortos já confirmados em Mimoso do Sul.
Temporal deixa destruição em cidades do Sul do ES
Ao todo, no Espírito Santo, 7.287 pessoas estão desalojadas (que foram para residência de familiares ou amigos) e 411 estão desabrigadas, isto é, perderam o imóvel e foram encaminhados a abrigos públicos.
Segundo apuração da repórter da TV Gazeta Bruna Hemerly, crianças estariam entre os mortos confirmados em Mimoso.
Na cidade, cinco pessoas internadas em lar de idosos estão entre as vítimas.
A Polícia Civil chegou a montar uma força-tarefa para identificação das vítimas que morreram nas enchentes em Mimoso do Sul. Agora, os corpos encontrados serão levados diretamente para o Serviço Médico Legal (SML) de Cachoeiro de Itapemirim.
Mortos durante temporal
Segundo informações do jornalismo da Rede Gazeta, todos os corpos que estão na capela mortuária montada no Centro de Mimoso já foram reconhecidos pelos familiares, e foram liberados. As identidades das vítimas, no entanto, não foram divulgadas oficialmente.
O g1 apurou com representantes da Casa Reviver que as vítimas são pessoas com deficiência, com idades entre 19 e 55 anos, que estavam em uma das casas inclusivas. Todos foram levados para a capela mortuária que foi aberta no município. Entre os mortos, estão:
Davi Gomes da Silva, 51 anos
Gilda Hastenreiter Leite Chalito, 50 anos
Ester Santanna dos Santos, 26 anos
Flávia Barboza Almeida, 20 anos
João Carlos Alves Ferreira, 58 anos
Os parentes das vítimas já reconheceram os corpos, que foram liberados para o sepultamento. Dos cinco mortos, um era cadeirante e outro era acamado. Todos eram moradores da residência. Nenhum cuidador morreu.
Além das vítimas da Casa de Idosos, outras duas mortes foram confirmadas até agora:
Sérgio Luiz de Souza, 61 anos
Antônio Marcos Fernandes de Souza, de 55 anos
Até o último boletim divulgado pela Defesa Civil, às 11h desta segunda, as 6 pessoas desaparecidas são de Mimoso do Sul.
Estragos causados pela força da água
Várias casas totalmente destruídas e alagadas. Em uma das residências em Mimoso do Sul, uma das cidades mais atingidas, uma geladeira chegou a ficar pendurada no teto após o local ter sido atingido por uma enxurrada. A água cobriu casas em vários locais.
Uma das moradoras de Mimoso do Sul que teve a casa atingida vivia no local há apenas um mês com as três filhas pequenas, que não estavam na residência na hora do temporal.
"Foi desesperador. Só agradecer a Deus agora. Graças a Deus minhas filhas estão vivas, eu estou viva, e agora é começar de novo. Ainda não caiu a ficha de ter perdido tudo, de você ver as suas coisas tudo no barro. Não sei nem o que fazer, estou na adrenalina de acreditar que ainda é mentira", comentou Waine.
O cenário na cidade de 24.475 habitantes é de guerra. Além de móveis jogados nas ruas e pertences espalhados com lama pela cidade, carros também apareceram revirados e em cima de muros. Durante o temporal, até um caminhão dos Bombeiros foi levado pela força da água. Em meio à tragédia, falta comida e água. Muitas pessoas foram flagradas procurando alimentos junto da sujeira da lama.