Polícia prende grupo suspeito de praticar golpe da cura espiritual no ES e em MG, RJ e BA
Uma vítima chegou a ter prejuízo de mais de R$ 2 mil. Criminosos se aproximavam das vítimas falando conhecer uma pessoa que fazia orações.A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) prendeu um grupo que praticava golpes de promessa de cura espiritual em pelo menos quatro estados. As investigações apontam que, em seis meses, o grupo praticou, pelo menos, 16 crimes somente no Espírito Santo. Uma das vítimas teve prejuízo de R$ 2 mil.
De acordo com as investigações, Adilson Pratas Ferreira, de 55 anos, José Carlos da Silva Barista, 59 anos, e David Santa Ana Sobrinho, 58 anos, também agiam no Rio de Janeiro, na Bahia e em Minas Gerais.
A ação foi feita pela Delegacia Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Aracruz e pela Delegacia de João Neiva, que prenderam os três homens em cumprimento a mandado de prisão preventiva.
As investigações começaram no dia 31 de maio, com prisões no dia 27 de junho de 2023, quando os investigados foram até João Neiva, onde agiram contra uma senhora, que teve um prejuízo de R$ 2,1 mil. Dias depois, os suspeitos foram identificados pela Polícia Civil, com ajuda de agentes da Polícia Rodoviária Federal.
O mandado foi cumprido no Centro de Aracruz depois que os policiais civis descobriram que o município está entre os alvos da organização criminosa, no Espírito Santo.
Todos os presos foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Aracruz. A ação foi feita pela Delegacia Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Aracruz e pela Delegacia de João Neiva, que prenderam a associação criminosa em cumprimento a mandado de prisão preventiva.
Promessa de cura espiritual
Trio foi preso por estelionato no ES ao aplicar promessa de cura espiritual. De acordo com o Delegado de Investigações Criminais (Deic) da Delegacia da Polícia Civil de Aracruz, Leandro Sperandio, o trio não permanecia muito tempo na mesma cidade, justamente para não chamar atenção.
Quando iam praticar os golpes, os homens iam de carro, normalmente nas áreas de comércio, e procuravam as potenciais vítimas - a maioria idosas e com enfermidades.
"Um deles se aproximavam e iniciava um diálogo. No início do diálogo, tentava manter um ponto em comum, falando do filho da vítima, de um familiar, até que a pessoa achava que aquela pessoa tinha algum conhecimento com aquele familiar", disse o delegado.
O delegado explicou ainda que a partir daí o golpista passava a narrar uma falsa doença que tinha, e a vítima, já caindo no golpe, também dizia que tinha uma doença.
"Então o golpista dizia que estava melhorando: 'eu achei uma pessoa, que é da Bahia, sabe fazer uma orações, tem uma fé um pouco maior, e sabe curar'", disse.
Segundo o delegado, o golpista então oferecia que a vítima fosse à casa de um familiar onde o homem estava hospedado para conhecer o suposto curandeiro, que estaria viajando.
"Eles convenciam a vítima a conhecer esse curandeiro, que ficava próximo ao local do carro. Então, se iniciava uma conversa a três: aquele que iniciou a conversa, o curandeiro e a vítima. O curandeiro então dizia: 'eu posso orar e rezar, tenho minha fé, não cobro nada, vamos entrar aqui no carro', e a vítima entrava no carro do golpista, já em estado de fragilidade", disse o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, algumas vítimas até percebiam neste momento que eram um golpe, mas estavam emocionalmente fragilizadas.
"Ele começava a fazer uma oração falsa e durante a conversa ele falava que a vítima estava com uma maldição sobre a vida dela. Ele, inclusive, falava que aquele problema ia atingir o patrimônio dela", disse.
Após isso, segundo o delegado, o suposto curandeiro pedia uma nota de qualquer valor à vítima, que entregava.
"Ele ardilosamente sujava a mancha do dedo com um tinta vermelha. Ele pedia para a vítima cuspir na nota, que já estava fragilizada e cuspia. Daí então ele atingia a vítima de forma mais emotiva e dizia que a vítima estava cuspindo sangue. Aí ele pedia para a vítima sacar todo o dinheiro para dissipar toda a maldição", disse.
O delegado disse ainda que o trio abordava as vítimas próximos aos dias de pagamento, como início de mês, e em agências bancárias, facilitando os golpes.
Para que o golpe tivesse ainda mais êxito, após as vítimas sacarem o dinheiro e entregarem aos golpistas, o suposto curandeiro fazia uma nova oração sobre o envelope.
"Ele fazia uma oração no envelope, mas na hora de devolver, devolvia o envelope cheio de boletos de loteria e pedia pra que a vítima abrisse só no outro dia. Muitas abriam só no outro dia. Outras viam, mas já envolvidas na situação, e também por medo não falavam nada", disse.
Portal SBN | Com Informações G1 ES