Nem gorda, nem magra: entenda o que significa 'midsize', termo que virou trend nas redes sociais
Movimento pretende trazer acolhimento aos diferentes biotipos e promete mais representatividade para as mulheres."Corpo médio." Essa é a tradução para o conceito de midsize, que se refere a mulheres que não se consideram nem gordas nem magras - ou pelo menos não se veem encaixadas no que é delimitado socialmente como gorda ou magra. O termo, que ganhou destaque recentemente, está cada vez mais popular nas redes sociais. Só no Tiktok, a hasgtag #midsize tem quase 7 bilhões de visualizações, formando uma enorme comunidade de pessoas interessadas pelo tema.
O que é midsize
O termo já era usado no mundo da moda, mas se popularizou em 2016, quando a comediante norte-americana Amy Schumer declarou que não se sentia representada nem por tamanhos considerados convencionais nem pelo "plus size". Na época, a atriz foi chamada por uma revista de “mulher plus size inspiradora”, mas rebateu o comentário dizendo que se via como "midsize".
A nova categoria tem ganhado força também em movimentos de autoaceitação e body positivity - ou positividade corporal - que promovem uma visão positiva de todos os corpos, independentemente do tamanho, forma, raça, sexo e capacidades físicas.
Representatividade
Ter mais um termo sobre os corpos femininos não seria mais um rótulo para nos categorizar? Na verdade, de acordo com as influenciadoras que falam sobre o tema, não. "Por mais que algumas pessoas pensem que é só mais uma categorização, se faz bem para quem se identifica, qual o problema?", questiona Isabella Scupino, influenciadora que fala sobre corpos midsize na internet.
Na maior parte dos casos, as midsize são mulheres que não se consideram magras dentro do padrão estético, mas também não se sentem representadas pelo movimento plus size e não enfrentam os preconceitos da gordofobia.
"Nós mulheres estamos constantemente sendo colocadas em caixas, independente do que fazemos ou como somos, seremos categorizadas. O midsize é algo que toca muitas de nós pois é uma questão real, é um problema que precisa ser confirmado para que haja uma solução. Esse 'rótulo' virou ponto de encontro para mulheres que têm a mesma dor não se sentirem sozinhas", complementa Isabella.
Isabella conta que assim que começou postar fotos de trabalhos como modelo, percebeu que os comentários que recebia não eram apenas sobre a beleza. Tinham um tom de surpresa porque havia um corpo diferente sendo exposto.
"Comecei a entrar em contato com perfis e conteúdos que traziam essa temática de olhar com positividade para os nossos corpos. Assim que me identifiquei com esse movimento, que é o midsize, me encantei de cara e sabia que precisava espalhar a mensagem", conta a influenciadora.
Midsize é uma numeração de roupa?
Isabela cita a lacuna que existe entre as confecções regulares e as plus size: "Esse é um problema que afeta muitas mulheres, já que não há moda destinada para esse nicho. Muitas mulheres já passaram pela situação de não achar roupa em nenhum tipo de loja, e, ao se depararem com o termo e com a validação dessa exclusão, se conectaram. É aí que surge o movimento".
Ela afirma também que o movimento não tem o intuito de deslegitimar a importância do plus size, que procura alcançar a aceitação e a valorização de corpos não-magros na sociedade.
Midsize nas redes
A modelo britânica Grace Surguy, por exemplo, mostra em suas redes sociais looks que usa no dia a dia, servindo de inspiração para outras pessoas midsize.
A criadora de conteúdo Amanda Roberts dá dicas de moda para corpos midsize, sempre trazendo uma boa dose de amor próprio e combinações que valorizam as curvas.
Nanna Fernandes, de Brasília, conversa com suas seguidoras sobre a sensação de pertencimento e da autoaceitação na comunidade midsize.
Como saber se sou midsize?
O midsize pode variar desde o tamanho 42 até o 50 mas, por conta da falta de padronização nas numerações das lojas, é muito difícil dizer em termos absolutos. É mais sobre a identificação de cada uma. Algumas características que mulheres midsize possuem em comum são:
Dificuldade de encontrar roupas em lojas regulares e plus size;
Não se identificar nem como magra, nem como gorda;
Não saber o que é ser “padrão” e nem ter sentido quais são os desafios de uma pessoa plus size na sociedade.
Alerta para a saúde
O médico endocrinologista Fernando Gerchman, membro do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), avalia que o movimento midsize é muito importante para a saúde mental, mas ressalta a importância de sempre estarmos em dia com a nossa saúde física também.
Ele explica que ainda não há uma correlação clara entre o tamanho midsize do mundo da moda e o que os médicos usam para classificar as pessoas como tendo baixo peso, peso normal, sobrepeso e obesidade. Por isso, é importante que todos façam pelo menos uma vez por ano uma avaliação periódica de saúde, o famoso checkup.
"Não existe regra básica para todo mundo. Uma avaliação clínica bem feita, com entrevista médica, exame físico e laboratorial é fundamental e depende de muitos fatores", diz Gerchman.
Ele dá algumas dicas de hábitos que podem ajudar a manter a saúde em dia:
Sono de qualidade
Alimentação balanceada
Evitar consumo excessivo de sal e açúcares refinados
Restringir alimentos processados
Fazer uma atividade física que te dê prazer
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