Mulher que açoitou entregador diz que se sentia ameaçada

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Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Mulher que açoitou entregador diz que se sentia ameaçada

Mulher que açoitou entregador diz que se sentia ameaçada
Brasil - Violência

A ex-atleta de vôlei Sandra Mathias Correia de Sá, de 53 anos, afirmou em depoimento nesta segunda-feira (17/4), na 15ª DP (Gávea), que se sentia ameaçada pelos entregadores com quem se envolveu em brigas em São Conrado, na Zona Sul do Rio. A informação foi apurada pelo g1 e pelo RJ2.

Sandra também confirmou que a confusão começou em 4 de abril, quando o entregado Max Angelo passou perto dela na calçada onde os trabalhadores se reúnem, ao lado do prédio dela. Cinco dias depois, em outra briga, ela foi filmada atacando Max, que é negro, com a guia da coleira do cachorro dela, com uma chicotada.

Mais de uma semana depois, a ex-atleta prestou depoimento pela primeira vez, por três horas, no inquérito que investiga as agressões contra entregadores – ela responde por injúria e lesão corporal. Acompanhada do advogado, ela não quis falar com a imprensa.

Segundo Roberto Duarte Butter, responsável pela defesa de Sandra, ela não poderia comentar sobre as acusações porque as investigações estariam sob sigilo. A delegada Bianca Lima, titular da 15ª DP (Gávea), desmentiu a informação.

Sandra havia adiado a data de seu depoimento, marcado inicialmente para a semana passada. A defesa apresentou um atestado alegando problemas de saúde e lesões no corpo para não comparecer no dia marcado.

Exame vai apurar lesões em Sandra

Após o depoimento, a delegada Bianca Lima aceitou o pedido da defesa e determinou que a ex-atleta realize um exame de corpo de delito para avaliar possíveis marcas e lesões.

Na saída do depoimento desta segunda, foi possível perceber que ela estava com marcas nos braços. Dois policiais da 15ª DP fizeram a proteção até o carro.Na última quarta, o advogado de Max informou que seu cliente foi ouvido no dia da agressão, mas disse esperar que ele seja chamado novamente nos próximos dias para complementar o inquérito policial com novas informações.

A Polícia Civil já ouviu uma testemunha e intimou outras três pessoas que presenciaram as agressões. O inquérito apura os crimes de injúria e lesão corporal, com pena de até cinco anos de prisão.▶️ Como ocorreram as agressões cometidas pela ex-atleta? No domingo de Páscoa, cinco dias depois de ter discutido com motoboys na Estrada da Gávea, Sandra estava passeando com o cachorro quando voltou a se desentender com entregadores e teria cuspido neles. A ex-atleta discutiu com uma mulher que fazia parte do grupo e, após desviar de um chute, mordeu a perna dela. Na sequência, partiu para cima de um dos profissionais, que é negro, chicoteando-o com a guia da coleira do cão.

▶️ Quem são as vítimas? A primeira pessoa a sofrer agressões no domingo foi a entregadora Viviane Maria de Souza, que afirmou: “Ela me xingou de lixo, de favela, de um monte de coisa”. Max Angelo dos Santos levou um soco na cabeça, antes de ser chicoteado. Ele diz: “Ela me tratou como se eu fosse um escravo”.

▶️ Quem é a agressora? Ex-jogadora de vôlei de praia, Sandra é dona de uma escolinha que oferece aulas da modalidade a crianças na Praia do Leblon e trabalhou como nutricionista em clínicas do Rio. A mulher tem passagens anteriores pela polícia por lesão corporal, injúria e ameaça, furto de energia e fraude em licitação.

▶️ Onde ocorreram as agressões? Em frente a uma loja que serve de base para uma plataforma de entregas – os motoboys circulam pela região para retirar pedidos. Na mesma calçada, fica o prédio em que Sandra Mora.

▶️ Como foi a briga anterior às agressões de domingo? Na terça-feira (4), depois de alegar que motoboys trafegam pela calçada, Sandra intimidou uma funcionária da mesma loja. Max, que gravou o bate-boca, afirma: “Ela [a ex-atleta] intimidou a menina que trabalha na loja a dar o telefone do responsável para obter meu registro e meu nome. Falou que iria me ferrar e me colocar na cadeia”.

▶️ Quais as reações à atitude de Sandra? A Prefeitura do Rio suspendeu o funcionamento da escolinha de vôlei da qual ex-atleta é sócia. Já o advogado do condomínio onde ela aluga um apartamento afirmou que vizinhos querem expulsar a moradora do prédio. E a Comissão de Ética do Conselho Regional de Nutrição abriu um processo administrativo contra Sandra.

▶️ O que diz a defesa da ex-atleta sobre o atestado apresentado para justificar a ausência no depoimento? “Ela está com várias lesões”, afirmou o advogado Roberto Duarte Butter. Perguntado sobre a linha de defesa da cliente, declarou: “Vocês vão se surpreender”.

Relembre o caso

Todas as agressões ocorreram na Estrada da Gávea, em frente a uma base de uma plataforma de entrega. O prédio de Sandra fica na mesma calçada. Há um posto de gasolina e uma saída do metrô nas proximidades.

Max contou que na terça-feira (4) Sandra já tinha xingado os profissionais porque eles estariam trafegando pela calçada.

No domingo de Páscoa, ao passear com um cachorro, Sandra primeiro cospe na direção dos motoboys. Na volta, começa a discutir com a entregadora Viviane Maria de Souza.

Sandra parte para as agressões e morde a perna de Viviane. A entregadora não revida e tenta se desvencilhar de Sandra, agarrando-se a uma grade.

“Ela me xingou de lixo, de favela, de um monte de coisa. Nome feio… E chamando para briga, e eu não queria brigar. Eu falei: ‘Eu não quero brigar, eu vou correr, sim, porque eu não quero brigar’. Porque, se eu fosse a mais, eu ia acabar machucando ela”, narrou a profissional.

Viviane consegue escapar, e Sandra passa a mirar em Max. Ela puxa a camisa dele e acerta um soco na cabeça. Ele momentaneamente se afasta. Sandra solta a guia da coleira do cachorro e avança contra Max, chicoteando-o. Ele se esquiva de um golpe, mas acaba ferido.

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