Após o nascimento da terceira filha, a artesã Evelyn Carvalho, 27 anos, e seu marido, o operador de máquinas agrícolas Willian Cavalheiro, 25, decidiram que a família já estava completa. Na época, Evelyn, que é de Rio Brilhante (MS), e tinha Pedro, 11 anos, Anthony, 5, e Antonella, 3, usava um dispositivo uterino (DIU) como método contraceptivo, mas sempre se queixava de dores.

Foi, então, que o casal decidiu pela vasectomia. O procedimento foi realizado com sucesso e Willian teve alta no mesmo dia. Após um repouso de três dias, aguardou mais 15 dias para retornar à atividade sexual, como orientado pelos médicos. Para se certificar que o procedimento realmente deu certo, é realizado um espemograma, de 60 a 90 dias após a cirurgia. No caso de Willian, o exame foi realizado 120 dias após o procedimento e o resultado foi satisfatório.

Nove meses após a cirurgia do marido, Evelyn se sentiu segura para retirar o DIU. Ela sentia dores com o dispositivo, principalmente durante as relações sexuais, além de um fluxo menstrual intenso. Mas apenas um mês depois, começou a sentir-se mal. “Eram vômitos, dor de estômago, azia e falta de ar. Jurava que era a gordura no fígado, que foi detectado em exames anteriores. Não suspeitei de gravidez. Além de o meu marido ter feito vasectomia, minha ginecologista me alertou que a menstruação viria três meses após a retirada do DIU”, detalha Evelyn.

Um mês depois, ela disse ter acordado com uma “bolinha” no pé da barriga. A experiência de três gestações anteriores a fez "tremer". E, em menos de dez segundos, surgiu o segundo tracinho indicando o resultado positivo no teste de farmácia. “Chorei dias e noites, com medo e pensando no que os outros iriam falar, afinal moramos em uma cidade pequena. Todos sabiam que meu marido havia feito vasectomia e que já tínhamos três filhos”, revela Evelyn.

No primeiro ultrassom, Evelyn descobriu que já estava grávida de 12 semanas e, apesar do susto, Angelina nasceu saudável — com 4,125 kg e 50 cm. “De todos os nossos filhos, ela é a mais parecida com o pai”, diverte-se Evelyn. A mãe, então, que costuma compartilhar a rotina como mãe de quatro nas redes sociais (@evelyncarvalhoo_), decidiu contar a história em seu perfil. O vídeo teve mais de 2 milhões de visualizações.
 
Como é possível?
 
A cirurgia, considerada simples, dura cerca de uma hora. Na prática, os médicos realizam uma incisão na pele e fazem uma secção completa do ducto, que direciona os espermatozoides até a uretra. Por fim, amarram os cotos para impedir a passagem dos espermatozoides, tornando o sêmen estéril. "Dessa forma, os espermatozoides ficam retidos no ducto deferente e no tubo condutor epidídimo, sendo absorvidos pelo organismo após 90 dias", explica o urologista Alex Meller, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

Segundo o obstetra Braulio Zorzella, o procedimento não tem um efeito contraceptivo imediato. "Pode demorar entre oito e doze semanas para fazer efeito, e é preciso fazer espermogramas para comprovar que os ductos foram realmente fechados e não há mais capacidade reprodutora. Antes disso, para quem não quer engravidar, é preciso utilizar outros métodos contraceptivos, como o preservativo”, explica.

Por Bruna Menegueço| REVISTA CRESCER