Isabelle Drummond explica afastamento da TV e fala do pai assassinado
Basta uma rápida olhada nas redes sociais de Isabelle Drummond para perceber que há vários pedidos por sua volta às novelas da TV Globo. Afinal, o público se acostumou a vê-la na tela desde os 6 anos, quando estreou na minissérie "Os Maias". Depois, a atriz emendou vários trabalhos, sendo o mais recente a novela "Verão 90" (2019). Agora, aos 30, ela está interessada também em experiências atrás das câmeras: tem dois projetos de cinema, nos quais atuará na produção e na direção.
O primeiro é sobre Laura Alvim, carioca que lutou durante toda a vida para transformar o casarão onde morava, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, num centro cultural. Pouco antes de morrer, em 1983, doou o imóvel para o governo do Estado do Rio. A Casa de Cultura Laura Alvim foi finalmente inaugurada em 1986. Além de produzir o filme, Isabelle deverá fazer a protagonista. O roteiro é de Anna Lee e Rita Toledo. Bruno Safadi ("A vida pela frente", do Globoplay), assina a direção:
— O filme surgiu de um desejo meu de contar minhas próprias histórias e principalmente as de mulheres que, para mim, são relevantes. Foi uma coisa muito natural. Eu conheci a história da Laura nas minhas voltas em Ipanema, em leituras e estudos para outros projetos. Fiquei muito impressionada com toda a trajetória, com tudo o que ela não pôde viver e com o sacrifício que fez pelo seu sonho.
O outro filme tem como ponto de partida a história da primeira mulher a usar biquíni no Brasil. A alemã Miriam Etz saiu de seu país nos anos 1930, fugindo do regime nazista, e se fixou no Rio:
— A ideia é fazer três filmes curtos e transformar num longa. O primeiro deles envolve essa mulher que teve a ideia de fazer o biquíni. Na verdade, era um maiô de duas peças. Depois veio a filha dela (Ira Etz, pintora, escritora e fotógrafa). Era uma Ipanema muito promissora na época, que veio a ser a Ipanema da Bossa Nova. Tem vários enredos entrelaçados ali, que surgiram dessa história. Este projeto eu produzo e vou dirigir.
Segundo a atriz, a mudança na carreira está ligada à necessidade de ter mais autonomia para tratar de temas que considera importantes.
— Passei a sentir falta, nos trabalhos para os quais fui convidada, de poder acrescentar minha visão de mundo e meu lugar de mulher. Comecei a pensar algumas coisas, e daí saíram estes primeiros projetos. Tenho outros em desenvolvimento. Quero dar voz a histórias que me atravessam. Tudo isso toma tempo. Tive que parar um pouco em alguns períodos. Para fazer cinema no Brasil você precisa se dedicar. Filme é como uma empresa — explica ela, que não descartou uma volta à TV:
— Tudo depende do projeto, do momento. Eu sou uma atriz, eu me movo como atriz também. Depende de as coisas casarem. Não posso dizer que vai ser assim ou assado.
Atualmente, Isabelle pode ser vista na reprise de "Cheias de charme", na TV Globo. A atriz conta que assiste todas as vezes que tem tempo e diz que nem sempre gostou de se ver na televisão:
— Eu fui bem crítica, mas ultimamente estou ficando mais generosa comigo mesma e com os processos. Hoje em dia sou mais suave, mas não amo assistir às minhas cenas. Gosto de viver aquilo e permitir que saia o que tem que sair naquele momento. Costumava ser bem crítica, costumava doer muito assistir. Hoje em dia fui ficando mais tranquila. Pelo fato de agora eu estar do outro lado (da câmera) e enxergar o ator, o processo tomou uma beleza diferente para mim.
Na última semana, Isabelle chamou a atenção na internet ao fazer uma homenagem ao pai, que foi assassinado em 2007. Discreta, a atriz não costuma falar publicamente sobre ele:
— Tem vezes que dá vontade de falar. Estava no carro. De repente, estava fazendo uma carta para ele na minha cabeça, no meu coração. Aí falei: "Ah, vou fazer uma carta para o meu pai hoje". Ele é uma pessoa muito admirada por mim e por todos que estavam com ele. Era uma pessoa solar. Essas pessoas fazem muita falta. Acordei pensando: "Puxa, queria falar isso para ele". E aí resolvi fazer.
Preservar a intimidade, aliás, é algo que a atriz procura fazer desde os primeiros anos de carreira:
— Eu gosto de falar sobre arte, sobre meu trabalho. Eu gosto de trocar com as pessoas que querem conhecer mais a arte que estou fazendo e o meu olhar sobre o mundo. Entendo a curiosidade nesse lugar. A curiosidade pessoal já é questão de escolha. Tem gente que abre mais, tem gente que abre menos. Eu abro menos.
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